terça-feira, 1 de julho de 2025

DOIS EVENTOS

 

Professor Doutor Dino Cavalcante 

DOIS EVENTOS

(José Neres)


Ontem - último dia do mês de junho, quando muitas pessoas se preparavam para um mergulho em umas merecidas férias - tive a honra de participar de dois eventos muito importantes. Vamos a eles:

UMA AULA ABERTA

Assistir à magistral aula aberta ministrada pelo professor Dr. Dino Cavalcante como evento de encerramento de sua disciplina no Mestrado em Letras da Universidade Federal do Maranhão. 

Mesmo com a concorrência das matracas e dos jogos transmitidos pela TV, o professor conseguiu reunir um bom número de pessoas interessadas em uma discussão sobre literatura, leitura e formação de professores. 

Sempre dinâmico e cercado de muitas referências teóricas, mas sem se esconder em um emaranhado de ideias alheias, o professor manteve a plateia atenta durante aproximadamente quatro horas. 

Houve muitas discussões, inúmeros depoimentos e algumas preocupações em comum: O que estão fazendo com o ensino de Língua Portuguesa em nossas escolas? Será que as aulas estão inoculando nos alunos o gosto pela pesquisa e pela leitura? Será que o estudo da Língua Portuguesa se resume a fazer os alunos a decorarem regras gramaticais e algumas nomenclaturas específicas? Que pode ser feito para melhorar esse quadro tão incômodo? Como fazer a leitura se tornar parte integrante do cotidiano de nossos educandos?

Foram muitas as sugestões e respostas. Senti em alguns depoentes uma gama de desespero, um quase pedido de socorro. Infelizmente, como foi lembrado por um participante, quem tem poderes para tentar melhorar a situação educacional do País nunca está presente em discussões como essa que ocorreu ontem. 

No final, o professor deixou claro que os problemas apresentados iriam tirar seu sono. Bom seria se essas constatações fizessem os professores - depois dos bons serviços prestados à Nação - dormirem bem e trouxessem um pouco de insônia aos nossos governantes. Mas aí já é querer demais. Eles dormem tranquilos, em berços esplêndidos. Sempre fugiram à luta e não guardam remorsos. 


UM CLUBE DE LEITURA


Um dia desses, recebi um convite inusitado: servir como mediador em um Clube de Leitura. 

Confesso que nunca participei (pelo menos que me lembre) de nenhum deles e que nem tinha ideia de como funcionava. Mas me arrisquei a aceitar por alguns motivos:

Trata-se de um Clube de Leitura de Barra do Corda, uma cidade que não conheço pessoalmente, mas de onde cultivo grandes e carinhosas amizades;

O convite foi feito de forma tão amável pelo professor e ativista cultural Antonio Clementin, que, caso eu recusasse, provavelmente levaria um sentimento de culpa pelo resto da vida;

A obra a ser debatida era I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias. Não havia como recusar um pedido para comentar um dia mais belos poemas da Língua Portuguesa!

É leitura, é Literatura… E essas duas palavras sempre conseguem abrir brechas em minha tumultuada agenda.

Pois bem. No horário marcado, lá estava eu, brigando contra uma internet que achou de ficar lenta, lentíssima bem na hora do encontro .

Mas deu tudo certo. Como foi bom falar cerca de uma hora sobre Gonçalves Dias, sua produção literária, sobre seu estilo e, principalmente, sobre a bela mini epopeia intitulada I-Juca Pirama, o rapaz que chorou para poder proteger seu pai cego que estava perdido na mata, que lutou para provar que era bravo, que entrou para a memória daquele povo guerreiro.

Enfim, foi uma ótima conversa. Acredito que consegui clarear algumas passagens do poema. 

Seria tão bom se toda cidade tivesse alguém com essa fantástica ideia de montar um clube de leitura…

Ainda dá tempo. O futuro agradecerá. 

Alea jacta est. 

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