Novos artigos de segunda #54
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| Fonte da imagem: Arquivo do autor |
Reproduzo hoje um artigo meu publicado há alguns anos no Jornal O Estado do Maranhão. O texto é antigo, mas o assunto é atual.
OS DESLIMITES DO COMPARTILHAMENTO
José Neres
📵
Hoje
em dia, por questão de gosto, de modismo ou mesmo de necessidade, milhões de
pessoas acessam os diversos aplicativos de comunicação instantânea a fim de
enviar e receber notícias, manterem-se informadas ou mesmo como forma de
entretenimento.
Os
aparelhos de telefonia móvel, popularmente conhecidos como celular, há muito
deixaram de exercer sua função primeira, e a cada nova versão que chega ao
mercado, recebem mais funções. Rapidamente tornaram-se produto de primeira
necessidade para muitas pessoas que têm a seu alcance, em um mesmo objeto,
prático e funcional, ao mesmo tempo, agenda, rádio, TV, calculadora, editores
de texto, câmera fotográfica, rádio, cronômetro, relógio, conversores de dados
e uma infinidade de funções que tornaram os aparelhos uma extensão da casa, do
escritório e até mesmo da vida sentimental.
Essa
multiplicidade de funções elevou essa aparentemente simples máquina à categoria
de objetos inteligentes. porém isso também parece ter limitado um pouco mais a
própria capacidade humana de discernir sobre o que é ou não permitido dentro
das relações pessoais e profissionais.
De
repente, diante de tanta tecnologia e de tantas possibilidades de superar as
barreiras do tempo e do espaço, o homem se vê perdido dentro das próprias
escolhas sobre o que pode ser ou não adequado dentro das relações sociais cada
vez mais fluidas. Um desses dilemas se relaciona com os cada vez mais populares
aplicativos que permitem interação de textos, áudios e imagens entre grupos
restritos de usuários, os chamados grupos de comunicação, que geralmente são
administrados por um ou vários membros desses grupos.
A
ideia básica dessas comunidades é permitir que todos os membros tenham acesso
às informações que são compartilhadas, seja com finalidades lúdicas, seja com
objetivos laborais ou educativos. No entanto, mesmo que em alguns desses grupos
haja regras explícitas quanto ao que pode ou não ser postado, alguns usuários
chegam a ultrapassar o limite do tolerável e se tornam inconvenientes por conta
da falta de limites com relação ao que é dito e/ou compartilhado.
Munidos
da ideia de que todos têm direito a expressar suas ideias, tais pessoas
geralmente se esquecem de que seus direitos pessoais devem sempre fazer limite
com os direitos dos próximos, pois ninguém é obrigado a compartilhar dos mesmos
gostos e opiniões dos demais e até mesmo a noção de que é preciso aceitar as
diferenças e ser tolerante com as atitudes alheias perdem sentido diante de
algumas atitudes que merecem repreensão.
Se
o cidadão ou cidadã aprecia ver cenas de estupros, decapitações, linchamentos,
homicídios, sexo explícito, nudez, pedofilia, maus tratos a animais, correntes
religiosas, violências em diversos níveis, acidentes, dissecação de cadáveres e
imagens escatológicas deve lembrar-se de que há pessoas que não comungam do
mesmo gosto e que devem ser respeitadas em seus direitos de não receberem tais
vídeos, áudios e fotos. Em caso de compartilhamento em grupos criados
especificamente para esses fins os únicos obstáculos são de origem legal, já
que, pelo menos em teoria, todos os membros têm os mesmos objetivos.
Contudo
não é muito agradável quando, ao acessar o ícone de um determinado grupo que
tenha uma finalidade específica, a pessoa se depara com postagens que destoam
do objetivo daquela comunidade. O que se percebe é que o bom senso parece não
ter seguido a mesma linha de progresso que tiveram os aspectos tecnológicos.
Desse modo algumas pessoas têm investido pesadamente na compra dos melhores
aparelhos, mas não investiram no aprimoramento dos bons modos interpessoais.
Então,
antes e postar ou compartilhar algo em qualquer um dos grupos dos quais fazemos
parte, é importante mergulhar nas serenas águas do bom senso.

Um bom lembrete sobre a convivência. Acredito que todos recebemos muita informação para reagir, mostrar-se de forma exagerada. Infelizmente alguns cedem a esse apelo. Obrigada pela serenidade. Saudades da suas poesias.
ResponderExcluirA evolução dos celulares transformou-os em extensões multifuncionais de nossa vida, impulsionando o uso massivo de aplicativos de comunicação instantânea. Embora a tecnologia supere barreiras de tempo e espaço, essa fluidez nas relações sociais gerou um desafio de discernimento. Muito bom, a aborda; a falta de bom senso em grupos de comunicação. Muitos usuários, escudados no direito de se expressar, esquecem que seus limites terminam onde começam os direitos dos outros, compartilhando conteúdos chocantes ou inadequados (como violência e nudez explícita) que destoam do objetivo do grupo.
ResponderExcluirA lição é clara: o avanço tecnológico não acompanhou o aprimoramento dos bons modos. É crucial exercitar o bom senso antes de postar, garantindo que o conteúdo seja adequado ao contexto e respeite a sensibilidade dos demais membros.
Num viés neurocientífico, essa questão exemplifica o excesso de telas em crianças e adolescentes na medida que o uso exarcerbado da hiperconectividade difilculta o processo de formação do cortéx pré - frontal, região do cerébro ainda em processo de mielinização durante a juventude na qual é responsável pelo raciocínio lógico, auto- projeção e bom senso. Ou seja, o acesso fácil a mecanimos complexos gera falta de bom senso na administração desses.
ResponderExcluirMuito interessante 💖
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