O MENINO DE CUJUPE
José Neres
(Uma homenagem a Dino Cavalcante)
1
Preste atenção, minha gente
Que uma história vou contar
De um menino inteligente
Que nasceu pra ensinar,
Que enfrentou chuva e enchente
Para poder estudar.
2
De boa família veio,
De um lar edificante,
E viveu sempre no meio
Duma alegria pujante,
Pois derivou bem do seio
Da família Cavalcante.
3
Filho de Alinice e Francisco,
Do Cujupe é herdeiro,
Ali é menino arisco
À sombra do cajueiro
Sem jamais correr o risco
De só pensar em dinheiro.
4
De família numerosa,
Da terra é senhor feudal,
Ama poesia e prosa,
E nada faz de ilegal.
Ali colhe uma rosa,
Nasce ideia genial.
5
Sua terra ele deixou
Para poder estudar.
Para lá sempre voltou,
Ali deseja ficar.
Coração ali plantou,
Bem ali renascerá.
6
Como aluno dedicado,
Logo ele se destacou.
Era muito elogiado
Por colega e professor
Belo dia, instigado,
O magistério abraçou.
7
E sendo bom professor
Pras escolas é convidado,
Sempre dá aula com amor:
Reino, educator e Estado…
Por ali ele passou
E sempre será lembrado.
8
De sua pena brotou
Currículo exemplar
Que inveja sempre causou
Em quem não soube estudar
Em quem sempre acreditou
Sorte ser tudo alcançar.
9
"Canto selvagem" chegou;
Uma "Reflexão" surgiu,
Tanto artigo publicou
Por todo nosso Brasil,
Tanto livro organizou,
Tanta prosa corrigiu.
10
Se formou na Federal
Em Letras, mas não para.
Força de vontade sem igual,
Segue para Araraquara,
Defende tese doutoral,
Ainda mais se prepara.
11
Mas, ainda no mestrado,
De Arthur Azevedo tudo
Leu em caderno anotado,
Tornou paixão em estudo,
Em estudo organizado
De veludo encadernado.
12
Da Uema foi concursado
E ali, com coração a mil,
Em um gesto bem ousado,
Publicou seu "Bar Brasil",
Em momento complicado
Deste país varonil.
13
E daquela Federal
Onde antes se formou,
Após concurso normal,
Que com mérito passou,
Assumiu em tom formal
E tornou-se professor.
14
Uma bela serenata
Pra Idenir um dia fez
Sob a lua cor de prata.
E ela, por sua vez,
Deu-lhe a menina Renata,
Princesa com altivez.
15
Um belo dia reuniu
Um grupo pesquisador,
Assim o GELMA surgiu
No meio do esplendor,
Em verso e prosa “buliu”
Por prosa e verso andou.
16
Quem será esse menino
Lá no Cujupe criado?
Que desde bem pequenino
Em ler se viu viciado?
Que enfrentou o destino
Para ser homem formado?
17
Para ser mestre e doutor?
Conhecer livros a fundo?
Bom filho, pai, professor.
Deixar as marcas no mundo
Calcadas por onde for
De modo sempre profundo.
18
Como talento faz falta
Nem vou seguir mais avante
Como a noite já vai alta
E o dia é velho infante
Seu nome lavrado em ata
Lê-se: Dino Cavalcante.
19
Dino, esse amigo dileto,
De todos companheiro,
Professor nobre e experto,
De janeiro a janeiro,
Trabalha no que acha certo,
Em análise é certeiro.
20
Este cordel de pé quebrado,
Que foi escrito sem calma,
Chega a seu fim declarado
Pedindo salva de palma
Para esse homem culpado
Só de ter essa imensa alma.
São Luís, 02 de abril de 2023.