sábado, 13 de dezembro de 2025

DEZ CURIOSIDADES

 10 CURIOSIDADES SOBRE UM LEITOR



1. Geralmente leio entre 40 e 50 livros por ano, sem contar os artigos, contos, crônicas e poemas esparsos que não contabilizo como livros lidos em sua integridade.

2. Sempre que posso estou com algum livro nas mãos. Considero-os uma boa companhia. São companheiros silenciosos que gritam muitas verdades e inverdades em meus ouvidos. 

3. Gosto de ler devagar, sem pressa, saboreando as palavras e a construção do texto. Nada de leitura dinâmica e apressada. Prefiro a qualidade à quantidade. O prazer da leitura à pressa de terminar e dizer aos quatro cantos que li.

4. Desde quando era garoto (faz tempo!), costumo ler um livro inteiro no primeiro dia do ano. Como acordo sempre cedo, pego um livro curto, acomodo-me em algum espaço livre e cumpro a primeira tarefa do ano. 

5. Tenho facilidade de ler em qualquer lugar. Não importando se tenha barulho ou não nas imediações. Como estou mergulhado no que leio, os sons externos podem até servir como trilha sonora. 

6. Não costumo abandonar um livro pela metade. Mesmo que a obra não seja boa, vou até o final.

7. Comecei a ler obras literárias quando tinha 8 anos. E o primeiro livro que li foi uma versão adaptada de "A Tulipa Negra", de Alexandre Dumas. Depois disso, nunca mais parei.

8. Gosto de ler todos o gêneros e não tenho preconceito temático. O mais recente que li foi o que ilustra esta postagem.

9. Gosto de ler livros antigos. Tenho o maior carinho por edições antigas. Mesmo com problemas de sinusite, convivo muito bem com os ácaros da cultura de

10. Raramente empresto livros. Eles quase nunca voltam e fazem muita falta para mim. São meus amigos...


Fonte: arquivo do autor 


 


sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

CORDEL PARA FIRMINA

 Uma homenagem a:

MARIA FIRMINA DOS REIS
(Para Nascimento Morais Filho, em memória)

José Neres 



Praça Maria Firmina dos Reis - em Guimarães - Arquivo do autor


Ninguém pode escravizar
A mente de uma pessoa
Enquanto no fundo restar
Uma força que ressoa 
E que nos faça lutar
Seja ao sol ou na garoa.

Mas nosso corpo, porém,
Vive a lutar contra a Morte
E contra a Vida também 
E nem sempre tem a sorte
De ser aqui - não no além -
Livre no Sul ou no Norte.

Lutar pela liberdade 
De todo homem e mulher
Não é ato de vaidade
Ou gesto tolo qualquer,
Deve ser realidade
Onde injustiça houver.

Foi em pleno Maranhão,
No século dezenove,
Foco de escravização,
Que ainda hoje comove,
Que ela chamou atenção:
Que o crime não se renove!

Quem será essa pensadora?
Essa mulher maranhense 
Artista e compositora,
Que ao preconceito só vence
E se torna vencedora
Por crer no que lhe pertence?

Maria Firmina dos Reis -
Escritora e professora,
Que por si mesma se fez
Em época opressora
Quando não tinha nem vez
De ser uma sonhadora.

Dona de muito talento
Ela se dedicou à escrita
Como se em busca de alento 
Para uma sina descrita
Desde o Velho Testamento,
Mas que vem sendo proscrita

E que hoje não tem espaço 
Embora haja defensores
Desse tão machista traço 
De não reconhecer dores
A esconderem em abraços 
E em lindo bouquet de flores. 

Esquecida por um tempo -
E por tempo até demais -
Sua obra sumiu no vento
Mas estava nos jornais 
Esperando um momento
Para voltar aos anais

Nossa história literária 
Ainda pouco explorada
Parece tão refratária
À pesquisa dedicada
À verve extraordinária 
De autora não renomada.

Nascimento Morais Filho
Foi o autor da proeza
De recompor um trilho
O qual, com toda certeza,
Precisava dum gatilho
Pra dispara a beleza

Que se escondia numa obra
Quase desconhecida.
Foi ele que fez a manobra
De tornar reconhecida
A prosa que se desdobra
Na página recolhida.

Úrsula - livro primeiro 
Dessas letras de ficção 
A trazer ao brasileiro
Com imensa convicção 
As dores de um povo inteiro,
As dores da escravidão.

Antero, Túlio e Suzana
Formam trio especial
Deles a saudade emana
De forma viva… real.
São frutos da dor humana
Em busca do capital.

Úrsula e seu bom Tancredo 
Vivem história de Amor
Não conheciam o medo
Até terem o dissabor
De retornar do degredo
Alguém cheio de rancor.

Fernando, o vilão da história,
Encarna o eterno Mal,
Teve momento de glória,
Acredita num sinal,
Sua gana pela vitória 
Marca o momento fatal.

É um livro interessante 
Repleto de reviravolta
Uma leitura instigante
Que de nós não se solta.
Ao tirá-lo lá da estante,
Coloque-o sempre de volta.

Em Cantos à Beira-Mar,
Maria Firmina dos Reis
Faz sua voz ecoar
Aos ouvidos de vocês 
Ali ela pôde entoar
Um canto de cada vez.

À sua mãe dedicado,
O livro fala de Amor 
Eterno ou contrariado,
De saudade e de temor,
Do que deve ser lembrado,
E do que nos causa dor.

São muitas as poesias
Nesse livro sem igual
Todas com muitas magias
Todas com gosto de sal
Todas lembram maresias
Todas reluzem cristal.

A Escrava traz um bom conto
De crítica social
Ele narra desencanto
E sofrimento fatal
De uma mulher cujo pranto 
Marca a linha final.

Joana, a escravizada,
Teve seu filho vendido,
Teve sua paz roubada,
Teve seu juízo perdido…
Por todos foi enganada
Seu ser procura sentido

Para o destino de fel
De viver perseguida
Pelo capataz cruel
Que busca tirar-lhe a vida
A mando do coronel,
Mas se vê socorrida 

Por uma dama bondosa
Que não vê a escravidão 
Como coisa valorosa.
Esse conto traz lição:
O mundo não é mar de rosa
É um poço de aflição.

O casal Épica e Gastão 
Formam um par original 
Que ao viver uma paixão 
Mas, de forma especial,
Ele descobre ser irmão 
De sua amada, afinal.

Nessa tragédia vivaz
Construída com rigor
Nossa escritora nos traz
Triste história de amor
Entre uma moça e um rapaz
Com grandes traços de dor.

Eis a ideia de Gupeva,
Esse conto indianista
De puro amor com reserva
De tom bem nacionalista
Onde nele se observa
Uma Firmina ativista.

Escrito em cinco partes
Repletas de descrições
Este conto é estandarte 
Das imensas emoções 
Em que tudo se comparte
Ressaltando comoções.

Firmina hoje é estudada
Como exemplo de escritora.
Sua obra é dissecada 
Também da vida da autora
Muita coisa foi encontrada
Por tanta gente leitora.

Orgulho do Maranhão,
Nossa intelectual 
Tem grande produção 
E obra monumental 
Que desperta reflexão 
Sobre questão atual:

Respeitar as diferenças 
Deve ser obrigação.
Fujamos das ofensas.
Somos uma só nação 
Preconceitos são doenças 
Que agridem o coração.

Ler Firmina por prazer
Ou por pura obrigação 
Deve ser nosso dever
Tomado com emoção 
Pois um povo, se não ler,
Jamais terá solução.

São Luís, 11 de dezembro de 2025.


























domingo, 7 de dezembro de 2025

APENAS REFLEXÕES

 Novos artigos de segunda #59

 

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE ALGUMAS COISAS

(José Neres)

 

ÉTICA (?)

 

A semana foi bastante movimentada. Participei de diversos eventos, mas, por questão de lógica, acabei perdendo muitos outros. Um dos momentos de que participei foi o lançamento do novo livro de Bioque Mesito – mais uma bela produção que comentarei em outra ocasião.

Gosto muito de participar dos lançamentos dos amigos. É uma forma de agradecer por tanto carinho que recebo. É também uma oportunidade de reencontrar pessoas queridas. Nesse caso específico, reencontrei os poetas Natan Campos e Hagamenon de Jesus. Conversa vai, conversa vem e acabamos chegando (não me perguntem como!) à questão do uso das chamadas Inteligências Artificiais na produção de textos literários.

Nós três chegamos à conclusão (que pode inclusive estar errada) de que as IAs podem até produzir textos tecnicamente bons, contudo não conseguem colocar nesses textos a “alma” do poeta, do contista, do cronista ou do romancista. Mas há muitas pessoas que não se importam com isso e já estão na onda de assinar poemas, contos, peças teatrais, romances, artigos... dos quais não escreveram uma única linha.

Discutimos também a ideia de que já deve haver dissertações de mestrado e até teses de doutorado parcial ou totalmente escritas com a ajuda da Inteligência Artificial. Como quando essas três pessoas se juntam a ironia marca o ritmo da conversa, começamos a imaginar um texto acadêmico elaborado por uma IA, porém assinado por um ser humano. E não é que esse texto imaginado seria sobre ética? Até imaginamos um título genérico: A importância da ética na produção acadêmica.

Não duvidamos que tal texto já esteja inclusive publicado e repetidamente citado nas esferas eticamente acadêmicas!!!

 

ANA JANSEN E DAMIÃO

 


Há alguns meses, fui informado de que haveria um grande evento para comemorar os 50 anos da publicação de Os Tambores de São Luís, obra-prima de Josué Montello. Durante uma reunião com a diretora da Casa de Cultura Josué Montello, a queridíssima Joseane Souza, surgiu a ideia de fazermos um esquete teatral inspirado do livro.

Gosto de desafios. Seria um monólogo de com duração de aproximadamente 10 minutos e que representasse o encontro entre Damião, o protagonista do romance, e Ana Jansen, uma das mais poderosas mulheres do século XIX. A escritora, professora e atriz Linda Barros se propôs a viver a personagem no palco na noite do lançamento do livro.

Sem nenhum sacrifício, reli o livro. Nele, o encontro entre essas personagens é algo breve e marcante. Que fazer então? A ideia foi reutilizar a cena descrita por Montello com elementos que já haviam sido indicados em outros momentos da obra. Damião, o invisibilizado professor negro do livro, deveria ter sua imagem construída na mente da plateia, sem a necessidade de um ator em cena. O mesmo deveria acontecer com as meninas escravizadas que serviam à matrona maranhense. O monólogo respeitaria o tom sério da obra, mas teria um aspecto mais ácido.

Foi dessa forma que surgiu “O Encontro”, breve monólogo que faz a plateia imaginar como seriam a dor e a humilhação pelas quais passavam os escravizados em nosso Brasil.

Deixei a cargo da atriz a caracterização da personagem, o figurino e o cenário. O que ela tem feito muito bem nas apresentações.

A peça já foi representada em diversos eventos de São Luís, em Viana, Itapecuru e Alcântara, sempre com uma boa recepção.

Ah, naquela reunião, a amiga e bibliotecária Wanda Sousa deu uma outra sugestão que vem amadurecendo e em breve pode estar nos palcos.

Aguardemos.

 

MUDANÇA DE PENSAMENTO

 

Até bem pouco tempo, eu me esquivava de toda qualquer manifestação de pessoas e instituições que resolvessem prestar algum tipo de homenagem à minha pessoa.

A primeira ideia que vinha à minha mente era: Não mereço essa homenagem.

Confesso que continuo achando que não mereço mesmo tais homenagens. Porém, em uma conversa com o jornalista, escritor e amigo Mhario Lincoln, comecei a repensar essas atitudes.

Percebi que minha recusa poderia ser decepcionante para uma pessoa que admira minha pessoa e/ou meu trabalho.

Vejam só: alguém que às vezes nem conheço direito gasta sua energia, seu tempo e até seu dinheiro para demonstrar seu carinho e na hora H eu acabo sendo o sujeito e o objeto da decepção de uma pessoa que deveria merecer meus aplausos e que tudo o que deseja é minha simples presença.

Minha timidez e minha teimosia não podem servir como desculpa para destruir um momento de felicidade alheia. Então, mesmo continuando vestido com as vestes da humildade, tenho tentado ser mais humano com as pessoas que demonstram algum tipo de carinho por mim.

Só falta agora eu conseguir convencer alguns amigos que recusam até mesmo um mero "parabéns".

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

ALCÂNTARA

 
ALCÂNTARA 
(José Neres)


Fonte da imagem: Arquivo do autor 


I - VOZES DO CHÃO 
(Para Dino Cavalcante)


Todas as pedras deste antigo chão
Guardam lembranças que não voltarão 
Guardam os sopros de revolto vento
Que se desdobram nas dobras do tempo.

Caso escutemos com muita atenção 
Os sons vindos de cada casarão 
Ouviremos mais que tristes lamentos
Ouviremos vozes e esquecimentos

Como se fossem uma lenda ou oração 
A lembrar Mãe Calu e a escravidão 
Passando por mais de dez mil tormentos

Revivendo todos os sofrimentos
Que hoje são cantados a voz e violão 
Com lágrimas que vêm do coração.


II - ECOS DAS RUINAS
(Para Paulo Melo Souza)

As lágrimas que vêm do coração 
Ecoaram muito mais que uma vez 
Nos versos do grande Agostinho Reis,
Em Chagas, Cassas e Raimunda Frazão 

Lopes, Lima e Viveiros foram talvez
Muito, muito além da especulação,
São todos fontes de investigação 
Para tanto estudo que já se fez

Seja na escola ou na pós-graduação.
A ecoar agora na multidão 
Tem a voz de Soares, mês a mês,

Entoando sempre em bom português 
A história de Alcântara em construção:
Um orgulho para toda a Nação.


III - FAROL DAS RUÍNAS
(Para Irinaldo Sobrinho)

Um orgulho para toda a Nação 
É nossa Alcântara muito amada
Que necessita de toda atenção 
E jamais pode ser abandonada.

Bem mais que ruínas de construção 
A Cidade é história a ser narrada
É abrigo em meio à desilusão 
É farol em plena noite nublada.

Alcântara é luz, é pura emoção,
É nossa história sendo coroada,
É o tempo dividindo a atenção.

Essa Alcântara, joia incrustada
Bem no seio do nosso Maranhão,
Tão linda, não pode ser maltratada.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

SUGESTÕES DE PRESENTES

 Novos artigos de segunda #58

CINCO SUGESTÕES DE PRESENTE PARA O NATAL

José Neres


Se você ainda tem algum amigo que gosta de ler e que adora receber livros de presente, faça aquilo de que ele mais gosta: dê-lhe um livro como presente de Natal.

Dar e receber livros é algo cada vez mais raro em uma sociedade que está mergulhada em outros gostos, mas sempre aparece alguém que se destaca dia te daquela multidão cabisbaixa com os olhos fixos na tela de um celular. Essas pessoas gostam de correr os dedos pela capa de um livro, de sentir o cheiro da tinta, de sentir a textura das páginas... principalmente, essas pessoas gostam de ler. Às vezes nem importa o conteúdo. O importante é estar sempre com algum livro diante dos olhos.

Pensando nisso, deixo abaixo cinco sugestões que podem ser excelentes presentes no Natal que se aproxima.

1 – Se seu amigo gosta de obras repletas de curiosidades, aconselho A VERDADEIRA HISTÓRIA DE TUDO... E TUDO MAIS, de José Ewerton Neto. Trata-se de um livro com pouco mais de 100 páginas, com uma escrita agradável e atrativa. Em artigos breves é bem elaborados, o autor passeia por assuntos diversos que vão desde a história da calcinha até a onda de fake News, passando por textos que tratam de assuntos como miojo, gatos, Belchior, palavrões e Wilson Simonal. Tudo sem ostentação acadêmica e com muito bom humor. Diversão e conhecimento garantidos!

 

Fonte: Imagem de divulgação do livro

2 – Já se a pessoa prefere livros que vão além do convencional, recomendo PORNÔ CHIC, de Hilda Hilst. Contudo, esse livro deve ser dado somente a leitores que não tenham preconceitos nem com a linguagem nem com temáticas mais contundentes. Trata-se de uma boa oportunidade de entrar em contato com a obra de uma das mais talentosas e  controversas escritoras da literatura brasileira contemporânea. Além de uma fortuna crítica que ajudará a compreender as motivações e o estilo de Hilda Hilst, o leitor também poderá ler suas famosas “Bufólicas” e com sua “Trilogia Obscena”, formada por “O caderno rosa de Lory Lamby”, “Contos d’escárnio” e “Cartas de um sedutor”.

 

Fonte: Imagem de divulgação do livro

3. Caso a intenção seja emocionar a pessoa a ser presenteada, ofereça-lhe o romance O FILHO ETERNO, de Cristovão Tezza, um dos bons narradores da prosa contemporânea. Nesse livro, o leitor acompanhará a trajetória de um homem que tem sua vida totalmente alterada a partir do momento que recebe a notícia de que seu filho não é exatamente o que ele esperava. As necessidades especiais do filho e o choque que toma conta do pai envolvem o leitor e fazem com que todos se transformem ao descobrir as peripécias que cercam as decisões da família.

 

Fonte: Imagem de divulgação do livro

4 – Mas, de repente, seu amigo gosta mais de textos teóricos e que envolvam questões que afetem diretamente nossa sociedade, minha recomendação vai para SOCIEDADE DE RISCO: RUMO A UMA OUTRA MODERNIDADE, de Ulrich Beck. Essa é uma obra essencial para fazer o leitor perceber detalhes do dia a dia, mas que às vezes passam despercebidos para a maioria das pessoas. O autor discute temáticas que vão desde a distribuição das riquezas no mundo e as emergências ambientais até a sexualidade dentro e fora do ambiente familiar, sem esquecer de deixar claro que vivemos em uma sociedade na qual até os riscos são controlados e calculados. Em quase quatrocentas páginas, Ulrich Beck faz o leitor se interessar pelos aspectos políticos da sociedade contemporânea. Uma obra essencial para quem gosta de pensar além das aparências.

 

Fonte: Imagem de divulgação do livro

5 – E se a pessoa demonstrar que gosta de teatro? Nesse caso, recomendo O BEIJO NO ASFALTO, de Nelson Rodrigues. Nessa peça, iremos perceber até onde vai a ética profissional diante de uma notícia que pode alterar a vida de pessoas inocentes. Essa peça teatral serve também para o leitor perceber como se dá a criação e a disseminação das chamadas Fake News e suas consequências para a sociedade como um todo. Vale a pena ler essa obra-prima de nossa dramaturgia.

Fonte: Imagem de divulgação do livro


terça-feira, 25 de novembro de 2025

LAMENTÁVEL ESSA NOSSA INSEGURANÇA

 Novos Artigos de segunda #57


Fonte da imagem: Internet


LAMENTÁVEL ESSA NOSSA INSEGURANÇA

José Neres

- Você ficou sabendo do crime que aconteceu perto de sua casa?

- Não. Não fiquei sabendo.

- Pois é! Um bandido de moto tentou assaltar um senhor de uns setenta anos. Ele reagiu e foi morto a tiros.

- Não fiquei sabendo mesmo. 

****

Horas depois, ao acessar as redes sociais, fiquei sabendo do caso com mais detalhes. Para meu espanto, a vítima era Seu Jessé, um colega de atividades físicas, ao lado de quem tantas vezes corri e com quem eu me dava muito bem. Sempre com o olhar baixo e com a fala macia ele me cumprimentava com um sorriso manso geralmente oculto por suas longas barbas.

Isso me leva a refletir o quanto estamos inseguros em nossa cidade. A bandidagem anda solta e se sente no direito de fazer o que quiser. Nós, as possíveis vítimas, vivemos presos em nossos próprios lares e, quando saímos, temos que torcer para não entrarmos nessa macabra estatística que a cada dia se tona mais feroz.

Ontem foi alguém que provavelmente eu não conheci. Hoje foi Seu Jessé. Amanhã, a vítima pode ser eu, ou pode ser você que parou alguns minutos para ler estas linhas. Não sabemos. Mas o certo é que ninguém se sente seguro diante de um sistema que não nos oferece um mínimo de proteção, mas que tanto cobra de cada um de nós em forma de impostos e de regras que devem ser seguidas pelo bem de todos. Será mesmo pelo bem de todos? Ou somente de alguns?

O medo já faz parte da roupa que vestimos todos os dias. Cada vez que saímos de casa para o trabalho ou em busca de algum tipo de alento para sobreviver a esses tempos tão difíceis sabemos que aqueles podem ser nosso últimos momentos de vida. Talvez não teremos o prazer de voltar para casa e de rever nossos entres queridos, pois estamos à mercê do estado de humor de algum bandido que se sinta no direito de tirar nossa vida.

No noticiário da tarde, o âncora do jornal comunica que o suspeito já foi identificado e detido. Mas isso nao é garantia de que amanhã ou depois ele não esteja ciculando pelas praças e ruas de nossa cidade e praticando novos crimes. 

As únicas certezas que temos é que nem amanhã e nem depois de amanhã, durante nossa corrida matinal ou noturna, iremos cruzar com Seu Jessé, que era um atleta notável, correndo pelas ruas do bairro, pois nada poderá trazê-lo de volta e de que sua família perdeu para sempre o prazer físico de companhia daquele pai, avô, tio, marido, companheiro... Ele não terá uma segunda chance!

E amanhã? Quem sabe o "suspeito" não estará livre cruzando com um de nós em uma dessas prováveis esquinas da vida. Talvez ele até esteja sorrindo e nos escolhendo para ser mais uma de suas vítimas. Quem sabe?

Espero que não!!! 



sábado, 22 de novembro de 2025

OS TRILHOS DO PINDARÉ

 


Minha homenagem à cidade e Alto Alegre do Pindaré 

OS TRILHOS DO PINDARÉ 

(José Neres)


Segue o destino no trilho do trem
Sempre adiante. Sem nunca dar ré.
Vida é um vale que tudo contém,
É mar incontido em sua maré.

Vida é rio puro… não se retém,
Nem deixará de ser o tudo que é.
Pois dela tudo se torna refém 
Seja vazio ou repleto de fé.

Vida é o que vejo aqui e muito além 
Aqui, ali, acolá, em todo resto até,
Pois morte é sopro de vida também 

A morder a sola do nosso pé.
Vida é saudade que não se detém 
Ao ecoar nos vales do Pindaré.

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

CONECT@DOS - E-BOOK

Apresento a vocês nosso novo E-book, intitulado Conect@dos - O novo normal nas relações hipermodernas. O livro é composto por trinta (30) contos que trazem em seu bojo as relações humanas nesta sociedade que preza pelas conexões nem sempre tão pessoais assim.

O E-book é gratuito e pode ser baixado com um clique no link abaixo

CONECT@DOS

Reprodução da Capa do E-Book



domingo, 16 de novembro de 2025

ESTRELAS DE UMA INFINITA CONSTELAÇÃO

 Novos Artigos de segunda #56

ESTRELAS DE UMA INFINITA CONSTELAÇÃO – PARTE III

José Neres

 

Fonte da imagem: Arquivo do autor 

Em 2022, quando era ainda colaborador semanal do site Região Tocantina (que atualmente se encontra em pausa), iniciei uma série de artigos comentado a produção literária de escritoras maranhenses contemporâneas. Compromisso e mais compromissos fizeram com que eu adiasse a publicação dos outros textos da série.

Durante esse período, escrevi sobre a obra de diversas escritoras, mas somente agora, pouco mais de três anos depois de haver publicado a parte II, decidi dar continuidade a esse tipo mais geral de estudo.

Uma autora que chamou minha atenção foi LILA MAIA, uma maranhense radicada no Rio de Janeiro, que vem produzindo uma obra de grande densidade poética e cuja obra recentemente foi condensada na antologia “De porta em porta abro janelas”, publicada pela Academia Maranhense de Letras. A poética de Lila Maia apresenta certa contenção verbal impregnada de trechos com grande profundidade imagética. Ela tem consciência de que a poesia vai além das palavras e que os silêncios podem ser eloquentes. Percebe-se em seus poemas um meticuloso trabalho com as escolhas lexicais, conforme pode ser visto em “Amadurecimento”, no qual deixa para o leitor a oportunidade de destrinçar inclusive o não-dito

Solidão é uma China

                        O país mais populoso do mundo

Recentemente eleita para a Academia Maranhense de Letras, a escritora CERES MURAD é mais conhecida por suas atividades nos campos educacionais, porém é também uma hábil cronista e uma poetisa com bons recursos estilísticos, conforme pode ser visto em seu livro “A Raposa Surda” (2024) , um trabalho que pode atingir leituras das mais diversas faixas etárias e que pode ser lido em palimpsesto, de acordo com a camada que deseja ser atingida. Bastante preocupada com a formação e inclusão do Ser Humano na sociedade, Ceres Murad, ao escrever em prosa ou em verso, não deixa de lado sua condição profissional de educadora e acaba transformando em lições de vida cada parágrafo e cada estrofe, lembrando também que cada momento da vida pode ter um significado para quem aproveita as oportunidades que são colocadas em nossos inúmeros caminhos, como pode ser visto no exemplo abaixo:

Dançar

Melodia que invade a rigidez do corpo.

Palavra que invade a rigidez da mente.

Fantasia que invade e faz voar a alma.

 

Inútil, fútil, banal?

 

E daí?

 

A construção poética de MARUSCHKA DE MELLO E SILVA, autora de “Tábua Etrusca” (2022) é carregada de intenções de mostrar que as temáticas poéticas podem emergir das fissuras existenciais e dos incômodos que permeiam a vida das pessoas. Seus versos são sintéticos e carregados de questionamentos que não se contentam com respostas simples, fáceis e diretas. Em muitos casos, os questionamentos levantados são mais significativos do que suas possíveis soluções. Na poesia de Maruschka de Mello e Silva, o ser humano se mostra fendido, mas tais fendas não são frutos de defeitos ou de heranças sociais, demonstram ser efeitos das relações do Ser com a sociedade e, muitas vezes, resultados dos encontros com as próprias experiências. “Tábua Etrusca” é um livro que exige uma leitura atenta e reflexiva.

 

PROCURO POR TUDO

Em cada secular castigo

rejeito sonhos

em arredia vigília

o azul da lua rouba a noite

sem complacência

procuro meu quinhão

em tuas dádivas

procuro por tudo que nunca tive

 

RAY BRANDÃO, autora de “Penélope – Uma odisseia interior”, aposta na sensibilidade e no mergulho na alma do Ser Humano, principalmente pelo olhar feminino. Sua obra aposta em uma aparente simplicidade tanto na forma quanto na temática. Contudo essa “simplicidade” pode ser enganosa, pois está ancorada na complexidade humana em suas diversas nuances e necessidades. A ênfase verbal na primeira pessoa do plural remete a um pacto autobiográfico, contudo, sem muito esforço, os frames suscitados nos versos podem ser colocados nas cotas das experiências humanas que se repetem geração após geração, com os devidos filtros das singularidades e dos aspectos culturais das pessoas ao longo dos tempos. Leia o poema abaixo, no qual a escrita investe nos jogos antitéticos e na subjetividade do eu lírico.

O MISTÉRIO

Há um enigma no ar.
Os sentidos percebem
O silêncio da escuridão
E o frio do deserto.
O vazio surpreende.
Ele é o mistério.
Nada há nele
Mas ele preenche tudo.

 

Em seu livro de estreia – “Miscelânia Poética” (2022), – a professora e poetisa ERLINDA MIRANDA investe nas relações humanas e educacionais que são traduzidas em forma de poemas. Seus versos são simples e isentos de preocupações com a forma, seja com relação à rima, seja a respeito da metrificação. Os versos livres oferecem ao leitor diversas possibilidades rítmicas e interpretativas. De qualquer modo, a escritora Erlinda Miranda revela certo didatismo filosófico em seus textos, tentado atingir o lado mais sensível das pessoas, como ocorre no poema abaixo, intitulado “Vamos... Antes”.

 

Antes que o sol se esconda
Antes que o mar se assanhe
Antes que vire onda
Antes que o dia acabe
Vamos sentir a brisa.

 

Brevemente voltaremos com a quarta parte desta série. Até a próxima.

Se quiser ler os artigos anteriores, basta clicar abaixo:

PARTE I

PARTE II

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

PENSANDO SEM IA

 Novos artigo de segunda #55


PENSANDO (SEM IA)

José Neres

Imagem criada com auxílio de Inteligência Artificial


Repleto do compromisso, não consegui escrever meu texto semanal domingo nem na segunda-feira. Hoje, depois de não conseguir ir para uma reunião, de não conseguir ser atendido por um médico, que não soube cumprir seus horários, de falar para algumas dezenas de universitários (saudades do tempo em que ministrava aula em cursos superiores!), de dirigir por horas em um engarrafamento brutal e de elaborar algumas questões, finalmente consegui parar um pouco para colocar algumas ideias na tela do computador e depois transferir para este pobre, porém carinhoso blog.

Começo pensando na COP30

Pode ser impressão minha, mas até agora não tive notícia sobre as discussões e debates entre os especialistas nos assuntos ambientais. Claro que as COPs são eventos mais políticos que científicos e quem realmente entende do assunto fica sempre silenciado pelos holofotes focados em quem compareceu apenas por obrigação protocolar ou para tirar uma foto.

Claro que são poucas as pessoas que conseguem ouvir um debate sério entre estudiosos do assunto. Claro que é mais fácil divulgar cifras estronômicas do que lembrar que pequenas atitudes podem também ajudar a mitigar os danos causados ao planeta. Nem tudo é somente dinheiro. Há muitas situações em que é preciso investir em estratégias de ensino que levem jovens e adultos a refletirem sobre o papel de cada um de nós dentro da imensa engrenagem chamada ambiente.

Claro que divulgar nomes de cientistas e de pesquisadores presentes no evento não atrai o olhar do grande público. É bem melhor e mais midiático transmitir os shows das celebridades, as gafes (muitas) dos políticos que pouco sabem do assunto, as esdrúxulas performances artísticas que costumam atrair multidões etc. Mas não custa nada pelo menos fingir que questões ambientais são um assunto sério e que vai muito além de estender uma bandeja para mendigar recursos financeiros.

Não há dúvida de que toda a população poderia colher bons resultados com o simples fato de quem tem a caneta e o dinheiro nas mãos parar para ouvir aquelas pessoas que estudam o assunto de forma séria e verdadeira. Pouco adianta pintar a paisagem de verde e fazer de conta que isso resolve os verdadeiros problemas que assombram o futuro da humanidade. Temos motivos para acreditar que a propaganda é a alma de um negócio cada vez mais sem alma.

Mas tudo deve ser impressão minha. Tenho certeza de que essas pessoas iluminadas estão cuidando de nosso presente e de nosso futuro. Só espero que não seja da mesma forma que cuidaram de tudo isso no passado.

Deixo a COP30 de lado e passo para outro pensamento intrusivo...

***

Qual a lógica de as clínicas e consultórios dizerem para os pacientes que os médicos atenderão pelo sistema de horário marcado, se têm certeza de que não cumprirão o horário estipulado.

Pior ainda é o fato de pedirem que o paciente chegue com antecedência de aproximadamente meia hora. Ou seja, o paciente acaba sendo convidado a perder tempo antes e depois da consulta. E não se trata de um atraso de apenas alguns minutos. Hoje, esperei por uma hora e 20 minutos até descobrir que o “doutor” tinha acabado de chegar. Educadamente, dirigi-me à recepção, pedi o cancelamento da consulta e fui embora. Resultado: perdi meu precioso tempo e não consegui resolver o problema de saúde. Meus parabéns à atendente, dona de uma educação exemplar.

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Outro pensamento invade minha cansada mente...

Olho para um lado e para o outro e vejo que muitas pessoas estão cada vez mais dependentes da chamada Inteligência Artificial. O professor – muitas vezes após recorrer à IA –  passa uma tarefa para os alunos, que, por sua vez, recorrem aos mesmos mecanismos para executarem a tarefa. Parece que algumas pessoas não conseguem mais raciocinar com o próprio cérebro.  Sem uma máquina por perto, o raciocínio entra em pane e cai em estado de profunda e incontornável letargia. Isso não deve ser visto como algo normal.

Ainda há os casos em que algumas pessoas decidem posar como intelectuais, chegando inclusive a pedir resumo de obras que depois são resenhadas como se tivessem sido lidas realmente. Pior que tem gente que acredita.

Não sou contra o uso da Inteligência Artificial, porém não posso deixar de ficar espantado quando ela é utilizada como uma fraude que visa disfarçar nossa natural incompetência.

Um detalhe: alguns vídeos criados com IA ficam tão realistas que muitas pessoas estão acreditando até que as vacas voam sobre um mosteiro.

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Hora de descansar. Cedo tenho mais uma jornada de atividades. Obrigado pela paciência. Só espero que ninguém tenha recorrido à IA para resumir este breve texto. Mas não duvido!


domingo, 2 de novembro de 2025

OS DESLIMITES DO COMPARTILHAMENTO

 Novos artigos de segunda #54

Fonte da imagem: Arquivo do autor


Reproduzo hoje um artigo meu publicado há alguns anos no Jornal O Estado do Maranhão. O texto é antigo, mas o assunto é atual.


OS DESLIMITES DO COMPARTILHAMENTO

José Neres

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Hoje em dia, por questão de gosto, de modismo ou mesmo de necessidade, milhões de pessoas acessam os diversos aplicativos de comunicação instantânea a fim de enviar e receber notícias, manterem-se informadas ou mesmo como forma de entretenimento.

Os aparelhos de telefonia móvel, popularmente conhecidos como celular, há muito deixaram de exercer sua função primeira, e a cada nova versão que chega ao mercado, recebem mais funções. Rapidamente tornaram-se produto de primeira necessidade para muitas pessoas que têm a seu alcance, em um mesmo objeto, prático e funcional, ao mesmo tempo, agenda, rádio, TV, calculadora, editores de texto, câmera fotográfica, rádio, cronômetro, relógio, conversores de dados e uma infinidade de funções que tornaram os aparelhos uma extensão da casa, do escritório e até mesmo da vida sentimental.

Essa multiplicidade de funções elevou essa aparentemente simples máquina à categoria de objetos inteligentes. porém isso também parece ter limitado um pouco mais a própria capacidade humana de discernir sobre o que é ou não permitido dentro das relações pessoais e profissionais.

De repente, diante de tanta tecnologia e de tantas possibilidades de superar as barreiras do tempo e do espaço, o homem se vê perdido dentro das próprias escolhas sobre o que pode ser ou não adequado dentro das relações sociais cada vez mais fluidas. Um desses dilemas se relaciona com os cada vez mais populares aplicativos que permitem interação de textos, áudios e imagens entre grupos restritos de usuários, os chamados grupos de comunicação, que geralmente são administrados por um ou vários membros desses grupos.

A ideia básica dessas comunidades é permitir que todos os membros tenham acesso às informações que são compartilhadas, seja com finalidades lúdicas, seja com objetivos laborais ou educativos. No entanto, mesmo que em alguns desses grupos haja regras explícitas quanto ao que pode ou não ser postado, alguns usuários chegam a ultrapassar o limite do tolerável e se tornam inconvenientes por conta da falta de limites com relação ao que é dito e/ou compartilhado.

Munidos da ideia de que todos têm direito a expressar suas ideias, tais pessoas geralmente se esquecem de que seus direitos pessoais devem sempre fazer limite com os direitos dos próximos, pois ninguém é obrigado a compartilhar dos mesmos gostos e opiniões dos demais e até mesmo a noção de que é preciso aceitar as diferenças e ser tolerante com as atitudes alheias perdem sentido diante de algumas atitudes que merecem repreensão.

Se o cidadão ou cidadã aprecia ver cenas de estupros, decapitações, linchamentos, homicídios, sexo explícito, nudez, pedofilia, maus tratos a animais, correntes religiosas, violências em diversos níveis, acidentes, dissecação de cadáveres e imagens escatológicas deve lembrar-se de que há pessoas que não comungam do mesmo gosto e que devem ser respeitadas em seus direitos de não receberem tais vídeos, áudios e fotos. Em caso de compartilhamento em grupos criados especificamente para esses fins os únicos obstáculos são de origem legal, já que, pelo menos em teoria, todos os membros têm os mesmos objetivos.

Contudo não é muito agradável quando, ao acessar o ícone de um determinado grupo que tenha uma finalidade específica, a pessoa se depara com postagens que destoam do objetivo daquela comunidade. O que se percebe é que o bom senso parece não ter seguido a mesma linha de progresso que tiveram os aspectos tecnológicos. Desse modo algumas pessoas têm investido pesadamente na compra dos melhores aparelhos, mas não investiram no aprimoramento dos bons modos interpessoais.

Então, antes e postar ou compartilhar algo em qualquer um dos grupos dos quais fazemos parte, é importante mergulhar nas serenas águas do bom senso.

 


LINDA: UMA LINDA TRAJETÓRIA

 


Hoje é o dia do aniversário da professora, atriz e escritora Linda Barros. 

Para comemorar esse dia tão espacial, postamos abaixo sete poemas que trazem um pouco da vida pessoal e profissional dessa pessoa tão as querida.

Deixamos aqui os nossos parabéns.

LINDA: Uma linda trajetória 
José Neres 
🎁

I

Novembro… uma manhã tão linda e alva
Cercada de cores e de mil sons,
À despedida da Estrela D’alva…
Luzes despertaram os Pastos Bons.

Eram duas irmãs… Só uma se salva…
A outra os anjos levam… são esses os dons
Angelicais, sem levantar ressalva,
Mas dos que ficam alterando os tons.

Mas, quando a Vida ao Sofrimento trava,
Dores não se escondem nos edredons
Pois, armados de ferro, fogo e clava,

Lutamos para resgatar cupons
De uma cova que o mundo nos cava
Com a força de dez mil megatons.

II

E quando aquela criança nasceu
Nosso mundo grande crise vivia
A Liberdade o claustro conheceu
Tanta barriga chorava vazia!

Em sua terra as letras recebeu
Semeou no campo sua alegria
Recebeu aulas do padrinho seu:
“Seu” Granjeiro, rei em sabedoria…

Porém algo cedo ela percebeu:
Se ali ficasse, ela não cresceria…
O Pastos Bons que conheceu

Já quase nada se desenvolvia
Só então dentro dela floresceu
O desejo de sair dali um dia…

III

Nem sempre pôde fazer o que quis
Pra estudar, teve de deixar o interior 
Viajar sem poder criar raiz
E fazer do Destino seu senhor…

Passou temporada em Imperatriz -
Terra de mil sonhos, beleza e amor 
Depois mudou-se para São Luís -
Ilha-capital com todo louvor…

Sentiu da família a saudade, a dor.
Enfrentou diversas noites febris
Mas do mundo jamais sentiu rancor…

Sabia que pra um dia ser feliz
Devia conhecer o dissabor
Sem cair do salto como uma miss.

IV

Decidiu que professora seria
Foi estudar lá na Universidade
Para Letras/espanhol concorreria…
No curso demonstrou habilidade

Logo se destacou da maioria
Pelo esforço, pela amabilidade,
Também pela dose de simpatia
Pelos corredores da faculdade…

Ao defender sua monografia 
Demonstrou grande propriedade 
Ao falar sobre o que diferencia

Vários falsos cognatos de verdade.
A banca notou que ela merecia
Aplausos com toda sinceridade.

V

Depois de graduada se casou,
Começou uma especialização,
Em diversos lugares trabalhou 
Com bastante garra e dedicação.

Um dia uma notícia lhe alegrou:
Sua médica lhe disse “atenção,
Tudo aqui em seu exames indicou
Que você está em plena gestação.”

Então a todo mundo comunicou:
“Chamará Gabriel meu bebezão”...
Em pleno novembro mãe se tornou.

Mas filho não rima com solidão 
E a pequena e doce Laura chegou 
Para fazer companhia a seu irmão.

VI

Agora, mãe, formada e concursada,
Faltava alguns sonhos realizar…
Sua arte não pôde ser represada,
Nos palcos ela decidiu estrear.

Mas não agiu de forma estabanada,
Dança e teatro ela foi estudar
Em mil cursos que fez, apaixonada,
Para na arte da Arte se aprofundar.

Com aquela linguagem dominada,
Agora, sim, ia representar.
Para o palco e pra tela foi chamada

A fim de novos trabalhos mostrar
Em peças e filmes foi aclamada,
Em papel de vilã ou moça do lar.

VII

De repente, ela estava em toda parte,
Publicando suas “Palavras ao Vento”,
Nos Espelhos espelhando sua arte,
Fazendo riso rimar com tormento…

Na Academia Poética comparte
Suas crônicas e seus pensamentos,
Conquista uma cadeira na Atheart,
Transforma em versos seus vivos momentos.

Um bolo novamente ela reparte,
Em sempre ensaiados movimentos,
Fazendo do riso belo estandarte 

Eivando seus gestos de encantamentos 
Exigindo um nada de contraparte
Em olhos azuis de agradecimentos.



DEZ CURIOSIDADES

 10 CURIOSIDADES SOBRE UM LEITOR 1. Geralmente leio entre 40 e 50 livros por ano, sem contar os artigos, contos, crônicas e poemas esparsos ...