EU DEFENDO O ESTUDO DA LÍNGUA ESPANHOLA NAS ESCOLAS PÚBLICAS
José Neres
Não sei se já é oficial ou se é apenas mais um desses boatos que infernizam nosso dia a dia, mas vejo com extrema preocupação a notícia de que irão retirar a Língua Espanhola das escolas públicas do Maranhão.
Primeiro, não conheço algum estudo sério acerca da educação que comprove que retirar uma disciplina que pode levar o estudante a vislumbrar novos horizontes linguísticos e culturais seja bom para o alunado. A bem da verdade devo confessar que não tenho visto/lido estudos sérios sobre a educação em nosso Estado ou em nosso país.
Já cometeram o primeiro equívoco ao converter a disciplina Língua Espanhola em Cultura Hispânica/Espanhola e, por um motivo desconhecido e sem a menor base científica, retirarem do conteúdo programático os elementos linguísticos que compõem a essência da Língua Espanhola, já que o elemento básico da transmissão cultural de um povo perpassa pelo conhecimento da língua.
Já cometeram o equívoco de lotear esse componente curricular para professores que não tiveram formação acadêmica para trabalhar a disciplina. Será que em Educação vale tudo? Será que em Educação professores, alunos e toda a comunidade podem servir como instrumentos para experiências que visivelmente não darão certo?
Mas parece que não se contentaram com os equívocos anteriores e resolveram que eliminar tais falhas daria muito trabalho. Então é muito mais fácil eliminar a aparente fonte primária do problema: “Elimine-se a disciplina como um todo!”
Mas, em um caso desse porte, esses pensadores da educação não estão tirando da estrutura oficial apenas um componente curricular. Estão, sim, eliminando o sonho de uma gigantesca quantidade de pessoas.
Para que, então, milhares de professores sentaram anos e mais anos em um banco de uma universidade/faculdade a fim obterem uma formação sólida que lhes permitisse exercer sua profissão com toda a dignidade necessária para fazer cada aluno aprender da melhor forma possível? Onde ficam os sonhos de tantos graduando e graduados que sonham em exercer a profissão para a qual tanto estudaram?
Já sei! O sistema administrativo não se preocupa com os sonhos e problemas individuais… o mais importante é o bem coletivo… surge então outra dúvida: a coletividade foi ouvida? Foi feita uma pesquisa? E se tal pesquisa foi feita, quais os critérios e métricas foram utilizados? Ah, pode ser algo apenas interno… tudo bem, mas, então, por onde anda a transparência que é tão alardeada quando os interesses imperam?
E se o discente tiver o sonho de aprender a Língua Espanhola na escola, onde fica então o tão propalado projeto de vida? Onde fica a busca do protagonismo?
E se o aluno quiser marcar a opção de Língua Espanhola na hora das provas do Enem e dos vestibulares da vida? Será justo já entrar em um concorrido jogo que define parte de nosso futuro com mais um peso da desigualdade nas costas?
Acredito que já tenha passado da hora de levar a educação a sério. Em um país praticamente cercado por falantes de Língua Espanhola, tirar o direito de alguém ter opção de estudar outro idioma é uma maldade sem limite. É uma violência silenciosa que busca silenciar ainda mais quem nunca teve tantas oportunidades…
Espero que seja apenas um boato… Espero que alguém não tenha dito a infeliz ideia de acreditar que, tirando oportunidades, a formação das pessoas dará um salto de qualidade… Espero que seja apenas boatos… Não quero acreditar que alguém seja capaz de tanta maldade e, ao mesmo tempo, defender a ideia de que esteja lutando pela educação.
#FicaLinguaEspanhola
O ensino de língua estrangeira no Brasil sempre foi uma questão política. Conscientizar a população da importância cultural da América Latina fortalece a luta!
ResponderExcluirInfelizmente não é um boato, mas a constatação de que no atual governo (PSB/PT) a educação do filho do trabalhador é desvalorizada
ResponderExcluirParabéns pelo texto, belíssima fala. Que pena que os governantes não pensam assim!
ResponderExcluirExcelente texto! Mostrou a nossa realidade, pois estudamos, nos preparamos e agora ficamos sem o Espanhol.
ResponderExcluir