Em praticamente todos os eventos que têm a literatura como centro das atenções é possível perceber a ausência de público.
Constrangidos, os organizadores, quase sempre, apelam para o adiamento de alguns minutos na esperança da chegada de mais alguém interessado naquele diálogo (quase sempre um monólogo e, dependendo do palestrante, um solilóquio).
Quando se trata de um expositor local, a situação parece ainda mais crítica. Pouco adiantam os convites postados nas redes sociais, as visitas a emissoras de rádio ou de TV. A tendência é um espaço quase vazio.
No dia seguinte, porém, aparece uma enxurrada de "explicações" ou de desculpas em todos os lugares: "Não sabia!", Ninguém me avisou", "Somente agora vi a postagem", "A próxima eu não perco!", "Nem me convidou!"...
Na plateia, observa-se também a presença de algumas pessoas que foram, mas não foram. Já que algumas pouco prestam atenção no que é dito. O rei Celular é o centro das atenções. Mas pelo menos essas pessoas saíram de suas casas a fim de prestigiarem alguém. Merecem aplausos!
Todavia algo inusitado anda pode acontecer... Em alguns eventos, são levados alunos de determinada instituição de ensino. A sala fica lotada de corpos jovens, mas ausentes. A cabeça está distante e o tema raramente lhes interessa. Estão ali forçados! No meio da fala, vem uma ordem do além. Todos se levantam e saem (às vezes silenciosa, às vezes ruidosamente). Alguns até queriam ficar, mas o ônibus tem hora para sair... O importante é que a foto foi tirada e um relatório será entregue para alguém que jamais irá lê-lo.
Não são raras as vezes em que o palestrante recebe um recadinho bem carinhoso pedindo que ele fale pouco, que seja breve, pois não pode cansar a plateia... Em alguns casos, o pensamento nem pode ser concluído: "É preciso desocupar o ambiente". Algo mais importante irá acontecer ali!
O mais interessante, é quando a pessoas responsável por fazer as apresentações diz em alto e bom tom: "Agora vamos ter uma apresentação interessante. Vamos ao que realmente interessa. Vem aí o grupo TAL. para apresentar as danças x, y e z. Agora vai ficar bom!". De repente, após esse festivo anúncio, aparecem pessoas de todos os lugares. Uma comprovação inequívoca de que existe público para quase tudo... menos para a literatura...
Antes de terminar, é importante lembrar que há casos em que as pessoas chegam bem antes da abertura dos locais, lotam auditórios e fazem filas enormes para pegar autógrafos e para tirar as fotos com que irão abastecer as redes sociais. Mas essa é uma outra história, que acaba comprovando a antiga tese de que "santo de casa não faz milagre" e talvez nem seja visto como santo, nem mesmo como escritor...
Disse tudo. Infelizmente, isso só se agrava. Estudamos anos. Não somos reconhecidos, vistos. Os alunos não nos ouvem. O mais importante é aparecer nas redes sociais. Hoje, estudar para quê é por quê? Estão ganhando muito mais que um grande pesquisador e nem especialistas nós Assunto é abordados o são. Triste sociedade imediatista.
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