domingo, 8 de setembro de 2024

O NOVO LIVRO DE BENEDITO BUZAR

 NOVOS ARTIGOS DE SEGUNDA #02


O NOVO LIVRO DE BENEDITO BUZAR

José Neres

 

Mesa composta por Benedito Buzar, Lourival Serejo e Claunísio Amorim

                Na noite de 05 de setembro de 2024, na sede de Academia Maranhense de Letras, diante de mais de uma centena de pessoas, o jornalista e escritor Benedito Bogéa Buzar apresentou ao público seu novo livro, intitulado Roda Viva – 1972, dividido em dois volumes (o primeiro com 373 e o segundo com 426 páginas, perfazendo um total de 799 páginas), no qual faz um mergulho nos movimentos sociais, políticos e culturais daquele ano e traz de volta aos olhos do público, mais de meio século depois, algumas notícias que frequentaram as páginas dos jornais maranhenses.

                Muitas das pessoas presentes na plateia viveram a época retratada no livro e possivelmente leram as notícias e observações que eram publicadas em uma das mais importantes colunas políticas da história do jornalismo maranhense. Outras, porém, nem eram nascidas quando aquelas linhas foram escritas divulgadas. De qualquer modo, agora, com a publicação desses textos no formato de livro, torna-se possível um breve retorno no tempo para que todos possam (re)ler e analisar – sem as paixões, temores e tremores da época – alguns detalhes que talvez não tenham chamado tanto a atenção no momento em que frequentaram as páginas dos jornais.

                O estilo elegante e escorreito de Benedito Buzar chama a atenção do leitor desde as primeiras linhas do livro. As frases são breves e refletem exatamente aquilo que o escritor “quis dizer” em determinada situação. Ao passar os olhos pelas notas, artigos e observações que compõem o material recolhido, temos a impressão de entrar em um túnel do tempo e reviver algumas passagens e acordos que foram decisivos para a compreensão de diversos pontos das conjunturas políticas atuais. Interessante que, quando nos deparamos com livros dessa natureza, percebemos a quantidade de acontecimentos que passam por nós de modo aparentemente imperceptível, mas que impactam diretamente na vida de cada um de nós.

                O editor e organizador da obra – o historiador Claunísio Amorim – foi muito feliz em dividir a obra em dois volumes, em não censurar passagens que hoje poderiam parecer comprometedoras e em organizar o texto dia a dia. Com isso, o leitor tanto pode ir direto a determinada data de interesse, como pode também seguir a linha cronológica e mergulhar nos altos e baixos da vida social-cultural-política daquele início de década de 1970, época de profundas transformações em todas as esferas da vida pública do Maranhão e do Brasil como um todo.

                Provavelmente, durante a leitura de Roda Viva – 1972, alguns leitores poderão considerar uma ou outra passagem desnecessária e/ou supérflua. Mas é importante notar que, quando foi publicado em jornais, aqueles textos faziam parte de um painel prismático que trazia em seu bojo diversos interesses. Desse modo, ao serem lidas, mais de cinquenta anos depois, cada uma dessas notinhas pode despertar emoções e interesses também distintos, podendo todo mundo sentir-se contemplado em alguma página. Assim, quem tiver interessado nas mudanças paisagísticas da cidade poderá encontrar algumas preciosas observações; quem tiver como foco de pesquisa a educação poderá se deparar com o tom crítico, e até certo ponto desesperançoso, de Buzar com relação aos aspectos educacionais do período descrito. Da mesma forma, o livro pode atingir pessoas interessadas em política, economia, sociedade em geral, literatura, picuinhas e articulações eleitoreiras, personalidades, querelas jurídicas etc. Tudo isso e muito mais tem presença garantida nas quase oito centenas de páginas que compõem a obra.

                A parte ruim do livro é que ele desperta no leitor o desejo de saber como se desenrolaram algumas questões que tiveram início naquele ano, mas que devem ter se arrastado por meses a fio. Fica então duas soluções para equacionar esse problema: 1) frequentar a hemeroteca da Biblioteca Pública Benedito Leite para ler a coluna nos jornais dos anos seguintes; ou 2) torcer para que os demais volumes não demorem muito a chegar em nossas mãos. Certamente eles serão recebidos com o mesmo entusiasmo e com os aplausos que iluminaram o são nobre da Academia Maranhense de Letras. Parabéns ao escritor e jornalista Benedito Bogéa Buzar, por deixar esses registros para a posteridade!


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