NOVOS
ARTIGOS DE SEGUNDA #04
TUDO PASSA...
José Neres
Tchau!
Até
Logo!
Adeus!
Não
importa qual seja a palavra ou expressão escolhida, a hora da despedida é sempre
dolorosa. Tão dolorosa que algumas pessoas preferem evitar as despedidas e saem
discretamente, sem espalhafato, como se nunca tivessem passado por ali.
Contudo,
de alguma forma, estamos sempre nos despedindo de algo. Seja de uma pessoa,
seja de um lugar, ou até de nós mesmos. O sábio Heráclito de Éfeso, o pai da
Dialética, certa vez disse que nós não temos a possibilidade de entrar duas
vezes no mesmo rio, pois, ao entrarmos novamente, já seremos outros, já seremos
alguém com uma nova experiência, as águas do rio também já serão outras e,
consequentemente, o rio já não será também mais o mesmo. Ou seja, nessa
metáfora, ao mergulharmos nos rios da vida, deixamos para trás um pouco do que éramos
e passamos a ser outra pessoa sem deixarmos que ser o que um dia fomos, como deixou
gravado a escritora Cecilia Meireles em sue poema “O 4º Motivo da Rosa”, abaixo
reproduzido:
Não te
aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verás, só de cinza franzida,
mortas intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos,
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que me vão lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.
Mas,
voltando às despedidas, somos seres etéreos dentro de uma ilusão de perenidade.
Um dia estamos aqui, dias depois estamos ali, e um dia estaremos longe daqueles
que amamos, daqueles a quem admiramos, daqueles que queríamos que fossem eternos.
Mas se nem a saudade é eterna, que dizer das pessoas. Somos “nuvem passageira” vagando
em um infinito céu...
Todos os
dias, ocupamos lugares deixados por alguém, sentamo-nos em cadeiras que já
foram ocupadas por tantas outras pessoas que talvez nem mesmo estejam neste
mundo terrenos. Porém, em nosso tolo egoísmo, pensamos que somos os primeiros e
até últimos a estar em algum lugar, a falar determinada frase, a amar, a ser
amado, a odiar, a ser odiado... Mas, na verdade, estamos sempre em um ato de
despedida. Até que a despedida se torne definitiva. Até que o “adeus” tome o
lugar do “tchau” e do “até logo”. Estamos preparados para isso?
Nem sempre.
Nem sempre. Sempre queremos ficar um pouco mais. Nem que seja um pouquinho
mais. Também queremos que nossos entes queridos permaneçam mais tempo conosco.
Mas como cantava, com sua potente voz, o magistral Nelson Ned, “tudo passa,
tudo passará e nada fica, nada ficará...” resta saber quando. Ou melhor, é bom
nem saber quando...
Fica
então o consolo de saber que assim como os bons momentos passam, os maus também
passarão. Também um dia se tornarão apenas uma vaga lembrança em um resquício de
memória...
Então o
que fazer enquanto a despedida final não vem? Difícil responder...
Mas que
tal aproveitar os momentos presentes. Dar e receber aquele abraço carinhoso? Retribuir
aquele sorriso singelo? Dizer eu te amo para as pessoas amadas? Fazer o bem até
para quem achamos que não merece? Utópico? Claro que sim. Mas como um dia talvez
nem tenhamos chance de dizer “adeus!”, as birras de hoje serão apenas um
detalhe de um passado que nem deveria acontecer.
Claro
que “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você
parar pra pensar, na verdade não há”. Pois, depois do adeus definitivo, os
versos de Raul Seixas – “tente outra vez” – Não terão mais a menor chance de
aplicabilidade. Então... Carpe Diem... Se tudo passará, deixemos para o
futuro pelo menos nossos bons exemplos.
Nobre poeta José Neres, você sempre grandioso em suas produções. Maravilhosa!
ResponderExcluirObrigado, caro amigo. Sempre gentil em suas palavras.
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