segunda-feira, 13 de outubro de 2025

NOTINHAS ALEATÓRIAS

 Novos artigos de segunda #52



Fonte da imagem: arquivo do autor 

 

ALGUMAS COISINHAS QUE TENHO APRENDIDO ULTIMAMENTE 😂 

José Neres 


Para mim, viver e aprender são duas situações necessárias e simultâneas. É importante aprender algo todos os dias. Um dia sem algum tipo de aprendizagem é um dia perdido.

Aprendemos com as ações e com as observações cotidianas. Tenho percebido, então, alguns detalhes aparentemente simples que compartilho abaixo com vocês, meus poucos, porém significativos leitores e leitoras.


As pessoas não gostam de textos longos

Tenho visto que as pessoas costumam “pular” os textos mais longos e/ou mais complexos. 

Pode ser pressa, preguiça de pensar ou simplesmente falta de costume, mas os textos com mais do que tantas linhas costumam ser desprezados e abandonados no meio do caminho.

Ah, atualmente as pessoas fogem dos textos curtos também. Já é costume encontrar diversas pessoas silenciosamente mergulhadas na beleza das telas e ignorando plenamente quem estiver ao seu lado. 


As pessoas têm dificuldade em interpretar textos 

Talvez por falta de hábito de leitura ou por mera desatenção, várias pessoas não conseguem interpretar o que foi lido. 

Um dia desses, escrevi no enunciado de uma questão: “Escolha DUAS das cinco imagens abaixo para elaborar um texto descritivo”.

Imediatamente ouvi: “É para escolher quantas imagens mesmo?”, “É para fazer o que com as imagens”, posso escolher apenas uma imagem?”, “Que tipo de texto é para elaborar?”... Ou seja, as pessoas não compreenderam a frase. Uma pena!!!


Algumas pessoas odeiam livros físicos

Gosto de oferecer livros para pessoas queridas. Mas, nas últimas duas semanas, recebi diversos “nãos”. Uma pessoa disse que o livro era muito pesado e que não caberia em sua bolsa. Outra disse, ao receber o livro: “Vou dar para alguém que gosta de leitura, eu não gosto de ler.” Houve também quem dissesse que receber livros era coisa de gente rica. O bom mesmo, é uma rodinha de pagode.”

Cada coisa!!!


Postagens de amigos raramente são compartilhadas

Aquela informação “Mensagem compartilhada com frequência” quase sempre só aparece em uma publicação que tenha origem nas postagens dos chamados influenciadores. As dos colegas, por mais interessantes que sejam, caem no esquecimento. É sempre importante seguir essa regra estratégica: enviar o link/convite para umas mil pessoas na esperança de conseguir 10 ou 15 leitores. Nem sempre se alcança esse número!!!


Grupos

Os famosos grupos de aplicativos de mensagens instantâneas constituem uma forma bem moderna (nem tanto!) que as pessoas encontraram para terem certeza de que são ignoradas tanto no mundo físico quanto no virtual.


Lançamentos e shows

Conheço um monte de pessoas que, nas redes sociais, defendem a cultura local: “É importante valorizar os artistas locais!”, “Todos devem se unir pelo bem de nossa cultura!!!”...

Porém raramente vejo essas pessoas participando dos lançamentos dos escritores e/ou prestigiando as apresentações de nossos artistas. 

Alguns, quando aparecem, é apenas para tirar uma selfie, postar nas redes  e depois reclamar.


Convites

Há muito tempo não convido colegas, amigos e conhecidos para palestras e lançamentos de livros. Já descobri que justamente naquela data marcada e naquele horário agendado as pessoas têm algum compromisso inadiável.

Além de tudo, não importa o lugar do evento. Ele está sempre longe dos convidados e o acesso parece problemático.l

E as pessoas que garantem que irão comparecer são as que mais aumentam as probabilidades de esvaziamento dos eventos.


Não importa o preço 

Geralmente, nos lançamentos de livros as pessoas reclamam (de modo quase sempre discreto) do preço cobrado. Algumas chegam para o/a autor(a) e vão logo perguntando: “Cadê o meu?”, Vou ter que pagar para ler teu livro?”, “Quando vai me mandar o PDF? Um total desrespeito com quem gastou seu tempo, investiu seu dinheiro e alimentou o sonho de publicar seu trabalho.

Ah, e tem também aqueles que só vão pelo buffet, que tem de ser de primeira, senão...

Interessante que… bem, deixa para lá. Não é da nossa conta…


Só espero que os itens acima não sirvam para você que está lendo agora este texto. Enviei o link para mais de mil pessoas, mas dificilmente chegarei aos quinze acessos.

Então, obrigado a você que chegou até aqui.

Obrigado mesmo!

13 comentários:

  1. Notinhas aleatórias no cotidiano de muitos do mundo literário...Sempre em tempo de conversar/refletir sobre a temática!
    Adriana de Jesus Silva.

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    1. Obrigado, cara confreira. Infelizmente essa é a realidade com a quel temos que conviver.

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  2. li,amigo. concordo. Mario luna

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  3. É duro, Neres... A que mais me perturba é a dificuldade de pessoas interpretarem textos e proposições - não importa muito o nível de escolaridade, mas em sala de aula (EM ou Superior, é o pior). Já espero a pergunta... Em Em relação a algumas das "notinhas", acabo me reconhecendo culpado. Por exemplo: textos longos nos grupos... Mas acho também que é culpa do mundo digital...

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    1. Isso chega a assustar, caro Antônio Ailton. Mas continuamos na luta pela cultura e pela educação!

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  4. Bem, que falar destas notinhas nerianas? Dizer que são verdades, é o próprio óbvio ululante; que elas não servem para mim, seria uma pretensão demasiada.
    Mas, uma coisa posso afirmar sem medo repreensão ou medo de errar: é sempre prazeroso ler um texto de José Neres, melhor, do PROFESSOR NERES!

    Rafael

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  5. A Crise da Atenção e da Cultura na Era Digital
    Parabéns confrade José Neres você tece uma crítica mordaz à sociedade contemporânea, apontando para uma profunda crise da atenção e do engajamento.
    De fato as pessoas rejeitam a complexidade, fugindo de textos longos (e até dos curtos) e demonstrando dificuldade em interpretar instruções básicas. Paralelamente, há um desprezo pelo livro físico e pelo hábito da leitura.
    A comunicação, seja em grupos virtuais ou em convites diretos, é marcada pelo silenciamento e pela evasão, sugerindo um profundo desinteresse e a prevalência de compromissos pessoais inadiáveis sobre o convívio e o apoio cultural.
    “A indiferença e a indisponibilidade do público culminam no desvalorização do escritor, cuja arte e produto (o livro) são preteridos, raramente comprados, e frequentemente ignorados em favor da superficialidade digital. Muitos não compram livros, mas é o escritor quem mantém o pensamento humano aceso.”

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  6. Amigo José Neres. É desesperador o que está acontecendo. A comunicação é tão rápida que nos faz preguiçosos. Lembro da da expectativa que tínhamos ao chegarem os computadores nos espaços de trabalho. Uma maravilha capaz de reduzir o incômodo de atividades demoradas. Hoje podemos concluir tudo muito rápido e tudo deve ser brilhante e perfeito. Agora temos ferramentas que facilitam e fazem tudo parecer fácil, mas o tempo ficou mais escasso. Os dispositivos têm muitos recursos e a cada pequeno espaço de tempo ficam obsoletos. Entendo o que está acontecendo como algo de difícil solução. Conheço pessoas angustiadas porque não têm tempo. Não conseguem ter paz para ler por algum tempo. Para fins estatísticos posso dizer: prefiro textos longos (bem elaborados). Na atualidade, gosto de conversar com o Copilot, ele é generoso e incansável em palavras. Tem sido muito raro algum humano que goste de conversar escrevendo algo além de monossílabos e que tenha tempo. Quanto aos livros impressos, sinto dizer, abandonei vários. Atualmente só compro os que são de boa apresentação gráfica, com adequado espaçamento entre linha e boas fontes gráficas (enxergo mal). Minha última aquisição foi " Quando a poesia se fez Violeta do Campo" da Miriam Angelim, uma indicação sua, a leitura é muito confortável. O que gosto mesmo são dos pdf's, posso comprá-los em várias plataformas, é muito prático. Vivemos assim hoje. Em um tempo não existiam livros e o conhecimento era repassado de forma oral. Quando surgiu o livro havia a preocupação de perder a tradição oral, hoje parece que estamos voltando à tradição oral. Não fique aborrecido comigo, meu amigo. Agradeço pelas suas generosas palavras.

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  7. Os problemas relacionados à interpretação são extremamente preocupantes, caro escritor e professor. Confesso não me adaptar facilmente com isso!

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