sábado, 12 de outubro de 2024

14. CONCEIÇÃO NEVES ABOUD

Mais uma homenagem a uma escritora que muito contribuiu para nossa cultura, mas que agora está meio esquecida.


CONCEIÇÃO NEVES ABOUD

José Neres 

(para Inaldo Lisboa)


Por entre seus dedos, um rio fluía…

O “rio vivo” da imaginação.

Ela todos os dias coloria

O mundo com a tinta da ficção.


Belo dia, na Ilha, soprou um vento

E ela, brincando em “ciranda da vida”

Criou as linhas que tecem o tempo

Em obra muito bem desenvolvida.


“Galhos de cedro”, “grades e azulejos

São outros romances seus publicados,

Mas, por falta de verba e de desejos,


Livros como “o preço” foram deixados

À espera de outros melhores ensejos,

Seguindo até esta hora ignorados.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

13 - HUMBERTO DE CAMPOS

 Não me canso de homenagear os grandes escritores de nossa terra. Desta vez, trago o cronista, poeta, jornalista e contista Humberto de Campos, um escritor que marcou uma geração com a força de seus escritos.





HUMBERTO DE CAMPOS

José Neres 

(Para Rinaldo de Fernandes)


As memórias não cabem num diário.

Elas são múltiplas e inacabadas,

São poeiras de vidas relembradas,

São crônicas em busca de um salário.


Tais memórias são lutas reprisadas,

É monstro esperando único sinal

Do tímido garoto Catimbau,

A esperar beijo em faces degoladas.


As memórias são frutos de cajueiro 

Rodando o mundo em latas de conserva,

Revivendo de janeiro a janeiro


Tudo o que vivi em extrema reserva.

Mas eis que tive um sonho derradeiro:

Morrer tendo a verdade como serva.

terça-feira, 8 de outubro de 2024

12 - CATULO DA PAIXÃO CEARENSE

 Hoje, no dia das comemorações do 161⁰ ano do nascimento de Catulo da Paixão Cearense, deixamos aqui nossa homenagem a esse incrível escritor. 



CATULO DA PAIXÃO CEARENSE 

José Neres 

(Para Vavá Melo)


Da cidade, ele cantou o sertão,

Dormiu e acordou ao som do luar,

Disse às moças as belezas do amar,

Usando apenas a voz e um violão.


Era Catulo da Paixão Cearense 

Grande poeta de imenso talento 

Para criar versos era um portento -

Grande orgulho do povo maranhense…


Catulo foi só poesia e paixão,

Sua obra hoje é livro, peça e canção,

É bom exemplo de boa poesia


Catulo - caso lido todo dia -

Mostra que o mundo é uma explosão

Que toca fundo mente e coração.

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

ESCORAS

Novos artigos de segunda #06

ESCORAS

José Neres 


Chegamos ao fim de mais um período eleitoral. Depois das comemorações, os municípios talvez voltem ao estágio de normalidade. Talvez!

Neste exato momento, todos nós já sabemos o nome de cada um dos eleitos. Não sei se algum dos vencedores voltou às ruas para agradecer pelos votos. Muitos já descobriram que as promessas recebidas nada mais eram do que palavras jogadas ao vento da enrolação. Mas enrolão que enrola enrolão, merece cem anos de perdão. Ou mais! Às vezes, alguém pensa que irá buscar lã e sai de seu hipotético curral eleitoral todo tosquiado. Sem dinheiro, sem votos e como motivo de chacotas. Muitas vezes nem mesmo é convidado para tomar um copo daquela cerveja que ele mesmo pagou.

Não foi nada bonito ver nossas ruas coloridas com os milhares de “santinhos” que foram jogados durante a madrugada. Contudo toda essa sujeira pode dar ao eleitor a agradável sensação de poder pisar na cara daqueles inoportunos sujões que só voltarão a caminhar entre nós no decurso do próximo período eleitoral.

Outro caso interessante é observar como diversos candidatos se escoravam (em alguns casos deu certo!) em pomposos sobrenomes já clássicos nos cenários políticos. Outros se escoravam no poder econômico e na certeza de que aquele voto comprado não seria motivo de veto a seu já encardido nome. 

Houve também quem se escorasse nas sombras de pessoas de renome local, regional, nacional ou até internacional. Os eleitores mais ingênuos chegaram até mesmo a acreditar que aquela personalidade tão conhecida tenha parado por alguns momentos para posar para aquela foto notadamente modificada por algum programa de computador ou, como ocorre hoje, pela Inteligência Artificial. Há quem acredite em tudo!

Claro que houve quem se escorasse em um certo sucesso midiático. “Todo mundo me conhece…”, pensava o inocente candidato (existe essa categoria?) que descobriu, ao ler o relatório final, que não passa de um mero desconhecido com certa mania de grandeza. Megalomania pura ou impura.

Alguns candidatos se escoraram em (in)certas pesquisas sem o menor critério científico e que escondiam a falta de conteúdo com alguns nomes bonitos e palavreado cheio de indecifráveis termos técnicos. “Vi. Não entendi, mas, para não parecer burro, finjo que entendi”.

Principalmente houve quem se escorasse em polpudos fundos partidários, dinheiro coletado em impostos e que virou fumaça ou bens materiais. Já imaginaram se todos esses recursos fossem alocados de forma eficiente para combater a fome, a pobreza, o analfabetismo, as arboviroses, a mortalidade infantil, o abandono dos idosos, a falta de segurança?... Mas isso é um sonho… 

Mas ontem, com a divulgação dos resultados, muitas escoras caíram. E, quando as frágeis escoras caem, surge uma breve oportunidade de o povo observar as escórias que se escondiam por trás delas. 

Agora é respirar fundo e esperar. Daqui a dois anos, muitos desses grandes descobridores de solução para tudo estarão de volta. Beijarão crianças sujas, abraçarão idosos, beberão em copos de plástico, comerão em locais populares e estamparão aquele belo e ensaiado sorriso.

E nós - talvez - estaremos aqui, observando tudo com um sorriso cínico e vendo novas e velhas escoras ruírem ao som de irritantes musiquinhas de gosto duvidoso .

Só esperar!




sexta-feira, 4 de outubro de 2024

LEVI, DOIS ANOS...

 Dia sei deste mês de outubro, comemoramos os dois anos da chegada do Levi. Eis nosso singelo presente, do qual ele só terá noção daqui a alguns anos.

Parabéns, Levi!!!!! 






LEVI

José Neres 

(Para Laura e Thomas)


Bolinho de carne. Toquinho de gente…

Como pode um ser tão pequenino,

Uma breve luz de sopro divino,

Alterar tantas vidas de repente?


Era madrugada, o mundo dormia,

Então a virgem lua empalideceu…

No céu, um anjo disse: “Levi nasceu!”

Outro gritou: “ Hoje é festa…Alegria!”


Ele olhou para um e para o outro lado…

“Papai? Mamãe?” - então, logo pensou:

“Estou protegido, ó Deus, Obrigado!”


Da criança aquele sono pesado

É de confiança em quem a gerou,

Certeza de que a alegria chegou.

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

DONA GENY

 Ela não deixou uma linha escrita, mas deixou exemplos de amor e de solidariedade. Sem nenhum gerar, criou vários filhos com todo carinho.

Dois dias antes do Dia das Mães, prestes a completar seu 95⁰ aniversário, ela, discreta como sempre foi, partiu rumo ao o finito.

Fica aqui nossa homenagem 





DONA GENY 

José Neres


Agora que já estás longe das dores,

Deitada em eterno sono profundo,

Encoberta por mil ramos de flores,

Sabes a falta que fazes ao mundo.


A cadeira permanece vazia,

E nosso olhar na parede também…

E nossos risos não têm alegria

E nossos lábios só dizem “Amém!”


Tão bem soubeste ler nosso mundo 

Sem recorrer ao alfabeto mundano 

Sem transformar ser sacro em ser profano.


Cicatrizes saram no corpo humano,

Mas, em nossa alma, a dor, em tom profundo,

Nos seguirá até um outro eterno mundo.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

11 - BANDEIRA TRIBUZI

 Sempre no propósito de homenagear nossos escritores, hoje trazemos Bandeira Tribuzi, um dos mais representativos nomes de nossa literatura. 

São Luís, a natureza humana e as reflexões do dia a dia estão no centro da produção literária de Bandeira Tribuzi, um poeta sempre atual.

fonte da imagem: internet 




BANDEIRA TRIBUZI

José Neres 

(Para Flaviano Menezes)


Ó, minha cidade, como viver

Vendo todo dia tua agonia?

Como irei tuas fontes esquecer,

Se elas são minhas fontes de alegria?


Plantaste uma rosa cheia de esperança,

Um dia, à sombra de belo pinheiro,

A safra não teve aquela pujança 

Com que tanto sonhaste o ano inteiro.


Hoje aqueles sonhos pele e ossos são…

Hoje, nossa velha-nova cidade

Nos ensina uma grande lição:


Viver é também ter capacidade 

De fingir não morrer só de saudade,

De sufocar dores no coração.

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

10 ,- DÉO SILVA

As pessoas um dia passarão. Deixarão este mundo físico e se encantarão em um indevassável além. Nós, que ainda estamos por aqui habitando este mundo terreno, nos tornamos responsáveis por guardar (n)a memória dos que já partiram.

As pessoas passam, as obras ficam. Lembro-me de que meu saudoso amigo Carvalho Junior, pouco antes de seu passamento, andava recolhendo informações sobre a vida e a obra do poeta  Déo Silva. Provavelmente, ele encontrou muitos documentos... Nunca saberei. 

O homenageado de hoje é o poeta Déo Silva, dono de uma dicção poética de altíssimo nível e que precisa se lido com atenção.




DÉO SILVA

José Neres 

(Para Wybson Carvalho)


De todos os ângulos deste mundo,

Parece-me o noturno o mais exato,

Pois ele me traz um vivo retrato

De um poeta batizado Raymundo.


Ele na arte adotou por nome Déo,

Era poeta de talento fecundo,

Fazia versos de tom tão profundo…

Parecem astros plantados no céu.


Sua “Equação do Verbo” confirmou

Como a arte pode ser simples e bela.

Poucos trabalhos ele publicou.


Grande poeta, agia com cautela,

As curvas da vida ele respeitou,

Mas um grave acidente a tirou dela.

LAURA ROSA 140 ANOS DE NASCIMENTO

NOVOS ARTIGOS DE SEGUNDA #05

O texto de hoje é uma singela homenagem ao  140⁰ ano do nascimento da escritora Laura Rosa. Ela nasceu no dia 1⁰ de outubro de 1884 e faleceu ao 92 anos, em 1976. Foi a primeira mulher a ingressar nos quadros de sócios efetivos da Academia Maranhense de Letras e deixou para a posteridade um consistente trabalho em prosa e em versos.
Infelizmente seu nome caiu no esquecimento, bem como sua obra. Mas, aos poucos, um trabalho de resgate de sua produção tem sido feito por alguns pesquisadores.
Seu aniversário será amanhã, mas a homenagem é feita desde hoje. 




LAURA ROSA - VIOLETA DO CAMPO
José Neres

Ei, preste muita atenção,
Que uma história vou contar,
Mas não se assuste não,
Pois serei breve ao falar
De uma mulher com missão 
De uma flor se tornar.

A história não vou contar
Com começo, meio e fim.
Sou tonto, só sei narrar
O que está dentro de mim…
Do coração vou tirar
O não, o talvez e o sim.

Em São Luís ela nasceu
Dia primeiro do mês 
De um outubro todo seu
Bem caloroso talvez,
Mas seu pai não conheceu,
Pois ele apenas a fez.

Cecília da Conceição 
Era sua mãe amada.
Parda, de bom coração,
Era por todos estimada.
Por não saber dizer não,
Acabou sendo enganada.

Mil oitocentos e oitenta
E quatro era aquele ano
Que Cecília apresenta -
Envolta em um limpo pano -
A menina friorenta 
A este nosso mundo insano.

Sem presença do pai,
Um dia foi batizada
Como Laura Rosa e vai
Ser pela madrinha educada
De casa quase não sai
Sem ser bem acompanhada.

Dona Lucy, a madrinha,
E o padrinho Antenor
Cuidaram da menininha
Com todo carinho e amor,
Fizeram-na uma rainha 
Num espaço de favor.

De estatura pequenina
Com a tez amorenada,
Laura Rosa era uma mina
De poesia acumulada,
Foi nossa musa divina
De história não contada.

Com a madrinha aprendeu
Muito bem inglês falar
A todos surpreendeu
Por gostar de estudar.
Tinha um sonho todo seu:
Professora se formar.

Encontrou em Antônio Lobo 
Um querido professor
Que ensinava com arroubo
De ilustre educador
Que além de ser homem probo
Ensinava com amor.

Ainda quase menina
Muitas aulas recebeu
Do professor Almir Nina,
Grande mestre do Liceu,
Por quem teve grande estima
E com quem muito aprendeu.

Ela escrevia poesia
Bem recheada de encanto 
Sob o sol ou maresia
Com sorrisos ou com pranto.
Um nome adotou um dia:
De Violeta do Campo.

Foi por esse novo nome
Que ficou mais conhecida.
Versos que o povo consome…
Um dia foi bastante lida.
Depois de uma treva insone,
Acabou sendo esquecida.

Foi contista de primeira,
Mas não escrevia às pressas,
Com competência certeira
Publicou suas “Promessas”,
Obra boa e verdadeira 
Que não teve outras remessas.

Nesse livro pouco estudado,
Nossa grande Laura Rosa 
Mostra como ser tratado
Um sutil texto em prosa.
Livro bem elaborado 
Em escrita tão formosa!

Um dia subiu-lhe à pele
Sonho de ser imortal.
Entrou para a AML
Pela porta principal.
Ao discurso não repele,
Cumprindo todo o ritual.

Foi recebida com festa
Por Nascimento Morais
Então presidente desta
Casa de ilustres mortais.
A Academia era modesta
Como nos tempos atuais.

A Cadeira vinte e seis
Ela esse dia fundou
Fez tudo de uma só vez
Um sonho realizou
Não por falta ou escassez
De fãs se imortalizou.

Escolheu como patrono
Seu ilustre professor
Que fizera seu outono
De modo devastador
Que da Casa ficou dono
E seu eterno protetor.

Colaborou em jornais,
E em revistas também.
Poetou sobre animais,
Sobre coisas do além,
Ganhou aplausos demais,
Recebeu pouco vintém.

Logo depois de formada
Professora Normalista
Foi por muitos convidada
Como douta cientista
Para palestra marcada,
Pois era especialista.

Na palestra fez um passeio
Por países e culturas
Discutindo sem receio
Sobre as pequenas criaturas
Que deixam das mães o seio
Sempre cheio de ternura.

Tal palestra virou obra
Intitulada “As Crianças”,
Onde Laura se desdobra
Para trazer esperanças, 
Onde nossa autora cobra
Ensino de confiança.

Mas grande mistério há 
Sobre sua produção: 
De seus “Castelos no ar”
Não temos informação.
É preciso pesquisar 
Sobre essa publicação.

Breve folha a fenecer
Foi fonte de inspiração 
Para um soneto nascer
Depois ganhar projeção 
Seu “Esqueleto” foi ser
Sua maior criação.

Esse “Esqueleto de folha”
É um soneto perfeito.
Bela página de recolha
Escrita com muito jeito.
Uma excelente escolha,
Bons versos de bom efeito.

Professora concursada,
Foi em Caxias morar.
Lá foi idolatrada
E fez dali seu lugar.
Fixou sua morada,
Compôs ao som do luar.

Além de ser professora,
De ensinar tanto menino,
De escola foi diretora, -
Pra educar tinha tino -
Laura também foi inspetora 
Do sistema de ensino.

Nas letras, fez quase tudo…
Entre os símbolos e a forma,
Preferiu o conteúdo.
Sua obra segue a norma,
Mas precisa de estudo,
Pois a nós muito informa.

Os versos de Laura Rosa,
Habitam além do tempo
E também sua prosa
Servirá como um alento.
Sua obra caprichosa
Esbanja tanto talento.

Vida de noventa e dois
Anos teve nossa Laura.
Teve um antes e um depois,
Sempre de forma bem clara
Mas nosso tempo lhe impôs 
O que o tempo não declara.

Ficou bom tempo esquecida
Solta no limbo da história.
Bem raras vezes foi lida
Ou citada sua glória,
Teve ausência imerecida. 
Que falta ao povo? Memória!

Seus textos estão espalhados 
Por revistas e jornais
Do seu e de outros estados.
Alguns, parece, jamais
Serão recuperados,
Isso é triste. Nada mais!

Porém, é digno de nota
Todo um árduo trabalho
De busca da Islene Mota,
Do vate Wybson Carvalho,
Da grande Diomar da Motta -
Honrados guias nesse atalho.

Também Miriam Angelim,
E Denise Salazar
Têm pesquisado enfim
Os modos de divulgar
Todo dia até o fim
A Laura em todo lugar.

Por aqui já vou parando,
Eu satisfeito já fico,
Se há alguém escutando
Sobre a autora que indico
Eu rouco estou já ficando,
Dizem que com tudo intico.

Agora, antes de partir,
Peço apenas um favor:
Não deixem Laura sumir
Como se fosse um vapor.
De água a breve se diluir
No ano de Nosso Senhor.

Já faz cento e quarenta anos
Que Laura Rosa nasceu
Numa fábrica de enganos
Que tantos fios teceu
Para traçar longos planos -
Um dela, um seu e um meu.

Com meus botões acredito 
Que a homenagem maior
Que a vocês eu solicito
É ler a Laura sem dó 
Olhando para o infinito, 
Nem que seja um verso só.

Só me resta agradecer
Por tanta luz, tanto encanto 
Por poder ler e reler
A Violeta do Campo -
Mulher de muito saber
E de quem gosto tanto.


São Luís, 28 de setembro de 2024.






sábado, 28 de setembro de 2024

9 - VIRIATO CORRÊA

Embora com pouquíssima visibilidade, não desistimos de homenagear os autores da literatura maranhense. Trazemos hoje a encantadora figura de Viriato Corrêa, um dos mais férteis autores de nosso Brasil. Viriato é autor de muitas obras, mas em sua produção se destaca o livro Cazuza, um romance de formação que traz um magnífico recorte da história da educação brasileira. 


VIRIATO CORRÊA 
José Neres 
(Para Mhario Lincoln)

Era uma vez… um pequeno gigante
Que criava histórias como ninguém.
Um dia, abriu um baú velho também 
E de lá tirou um conto intrigante 

E as mais belas histórias do Brasil.
Remexeu com calma por um instante 
Com a varinha de condão restante 
E multiplicou dois contos por mil.

Para nós ele deixou uma Balaiada
E uma história sobre uma macacada,
Mas, ao tratar com o velho Cazuza,

De sua criatividade ele abusa,
E nos deixa doce história encantada
Que nos conduz ao choro e à gargalhada.


sexta-feira, 27 de setembro de 2024

8 - JOSÉ LOUZEIRO

 Continuando em nosso propósito de homenagear os autores maranhenses, hoje trazemos o jornalista, roteirista e prosador José Louzeiro, autor de diversos textos no qual retratava personagens saídos do dia a dia e mostrava uma realidade que quase sempre tentamos esconder.



terça-feira, 24 de setembro de 2024

NOTINHAS ALEATÓRIAS

 1 - Quando o sinal toca anunciando o final de uma aula não é apenas uma aula que acaba, mas também uma oportunidade que nos deixa. Uma oportunidade de aprender e de sonhar com dias melhores. Mas o que interessa é sair o mais rápido possível. 


2 - De repente, parece que determinadas pessoas descobriam a solução mágica para todos os problemas da Cidade. Mas tais problemas estão aí há décadas e, provavelmente, depois das eleições, continuarão. Porém essas pessoas que têm as fórmulas mágicas desaparecerão por mais tantos anos.


3 - Oh, uma "influenciadora" elogiou Machado de Assis! Oh, uma atriz falou bem da obra de Clarice Lispector! Que maravilha. Finalmente temos uma literatura... Há décadas ouço/leio/escuto pessoas falando bem de nossos autores, mas parece que precisamos da autenticação de alguém de fora para percebermos que estamos sentados sobre um tesouro.

Não conhecemos os frutos de nosso quintal, mas adoramos devorar os frutos dos quintais alheios. Será que um dia iremos perceber nossos valores?

Agora terei que torcer para algum "influenciador" (de fora, fique bem claro) elogie Gullar, Manoel de Barros, Patativa do Assaré, Raduan Nassar, Mario Quintana, Nauro Machado, Murilo Rubião, Fernando Sabino, Cora Coralina, Carolina Maria de Jesus, Josué Montello, Laura Rosa, José Lins do Rego,  Rachel de Queiroz, Murilo Mendes... Caso contrário, o brasileiro talvez nunca descubra que eles existiram e escreveram. E como escreveram!...


Ia falar mais, porém o sinal tocou... O importante é sair o mais rápido possível e aproveitar os vídeos com as dancinhas de trinta segundos...




segunda-feira, 23 de setembro de 2024

TUDO PASSA...

 

NOVOS ARTIGOS DE SEGUNDA #04

TUDO PASSA...

José Neres

 


                Tchau!

                Até Logo!

                Adeus!

                Não importa qual seja a palavra ou expressão escolhida, a hora da despedida é sempre dolorosa. Tão dolorosa que algumas pessoas preferem evitar as despedidas e saem discretamente, sem espalhafato, como se nunca tivessem passado por ali.

                Contudo, de alguma forma, estamos sempre nos despedindo de algo. Seja de uma pessoa, seja de um lugar, ou até de nós mesmos. O sábio Heráclito de Éfeso, o pai da Dialética, certa vez disse que nós não temos a possibilidade de entrar duas vezes no mesmo rio, pois, ao entrarmos novamente, já seremos outros, já seremos alguém com uma nova experiência, as águas do rio também já serão outras e, consequentemente, o rio já não será também mais o mesmo. Ou seja, nessa metáfora, ao mergulharmos nos rios da vida, deixamos para trás um pouco do que éramos e passamos a ser outra pessoa sem deixarmos que ser o que um dia fomos, como deixou gravado a escritora Cecilia Meireles em sue poema “O 4º Motivo da Rosa”, abaixo reproduzido:

Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verás, só de cinza franzida,
mortas intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos,
ao longe, o vento vai falando de mim.

E por perder-me é que me vão lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

 

                Mas, voltando às despedidas, somos seres etéreos dentro de uma ilusão de perenidade. Um dia estamos aqui, dias depois estamos ali, e um dia estaremos longe daqueles que amamos, daqueles a quem admiramos, daqueles que queríamos que fossem eternos. Mas se nem a saudade é eterna, que dizer das pessoas. Somos “nuvem passageira” vagando em um infinito céu...

                Todos os dias, ocupamos lugares deixados por alguém, sentamo-nos em cadeiras que já foram ocupadas por tantas outras pessoas que talvez nem mesmo estejam neste mundo terrenos. Porém, em nosso tolo egoísmo, pensamos que somos os primeiros e até últimos a estar em algum lugar, a falar determinada frase, a amar, a ser amado, a odiar, a ser odiado... Mas, na verdade, estamos sempre em um ato de despedida. Até que a despedida se torne definitiva. Até que o “adeus” tome o lugar do “tchau” e do “até logo”. Estamos preparados para isso?

                Nem sempre. Nem sempre. Sempre queremos ficar um pouco mais. Nem que seja um pouquinho mais. Também queremos que nossos entes queridos permaneçam mais tempo conosco. Mas como cantava, com sua potente voz, o magistral Nelson Ned, “tudo passa, tudo passará e nada fica, nada ficará...” resta saber quando. Ou melhor, é bom nem saber quando...

                Fica então o consolo de saber que assim como os bons momentos passam, os maus também passarão. Também um dia se tornarão apenas uma vaga lembrança em um resquício de memória...

                Então o que fazer enquanto a despedida final não vem? Difícil responder...

                Mas que tal aproveitar os momentos presentes. Dar e receber aquele abraço carinhoso? Retribuir aquele sorriso singelo? Dizer eu te amo para as pessoas amadas? Fazer o bem até para quem achamos que não merece? Utópico? Claro que sim. Mas como um dia talvez nem tenhamos chance de dizer “adeus!”, as birras de hoje serão apenas um detalhe de um passado que nem deveria acontecer.

                Claro que “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há”. Pois, depois do adeus definitivo, os versos de Raul Seixas – “tente outra vez” – Não terão mais a menor chance de aplicabilidade. Então... Carpe Diem... Se tudo passará, deixemos para o futuro pelo menos nossos bons exemplos.

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

7 - JOÃO MOHANA

 Ainda imbuído no propósito de homenagear autores maranhenses, hoje trazemos o padre, professor, escritor e médico João Mohana, autor de livro como "Maria da Tempestade" e "O Outro Caminho", dois excelentes romances de nossa literatura.



JOÃO MOHANA
José Neres 

(Para Manoel dos Santos Neto)

Dizem: sempre existe um outro caminho
Em meio à tempestade que se forma.
Isso não é exceção, é pura norma…
Anotou o padre em seu caderninho

Onde, criou de pouquinho a pouquinho
Uma obra importante, imensa e bela,
Que toda a essência humana revela:
Fé, dúvida, medo, paixão, carinho…

Preparou mil filhos para o futuro,
Bispos e padres ele analisou,
O sofrer e amar tornou mais puro…

Até o bom Jesus radiografou.
Depois, combinando claro e escuro,
Sonhou com um mundo belo e seguro.


Análise de livro de Laura Amélia Damous

 Novos artigos de segunda #15 E se Pound lesse o “Arabesco” de Laura Amélia Damous?... José Neres  Em um de seus estudos sobre literatura, o...