terça-feira, 28 de novembro de 2023

O jovem e os livros

 Muitas pessoas dizem que o jovem de hoje não gosta de ler. 

Discordo parcialmente disso.

Em termos gerais, a juventude de hoje lê até mais que os jovens de minha geração. É relativamente fácil encontrar jovens que já leram uma boa quantidade best-sellers estrangeiros e que citam autores e obras com uma pronúncia impecável.

No entanto, quando se trata da literatura brasileira, muitos deles nem mesmo fazem ideia de quem foi Aluísio Azevedo, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Rachel de Queiroz...

Há algo errado em nossa educação. 

É preciso valorizar nossos autores. É preciso ler nossos clássicos...




sexta-feira, 24 de novembro de 2023

A vingança da porta

 35 online

Era um hábito antigo que ele tinha:
Entrar dando com a porta nos batentes.
— Que te fez essa porta? a mulher vinha
E interrogava. Ele cerrando os dentes:

— Nada! traze o jantar! — Mas à noitinha
Calmava-se; feliz, os inocentes
Olhos revê da filha, a cabecinha
Lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.

Urna vez, ao tornar à casa, quando
Erguia a aldraba, o coração lhe fala:
Entra mais devagar... — Pára, hesitando...

Nisto nos gonzos range a velha porta,
Ri-se, escancara-se. E ele vê na sala,
A mulher como doida e a filha morta.

Alberto de Oliveira 

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Preservar é preciso

 Ao andar por minha cidade, deparo-me com muitas belezas e com muitos abandonos. É preciso proteger nosso patrimônio.




domingo, 12 de novembro de 2023

Novo Ensino Médio

 Tenho muitos anos de sala de aula. Mais de três décadas na lida diária com a educação. Creio que possi falar sem medo...

De todas as adaptações, reformas, invencionices, tiros no escuro etc, o Novo Ensino Médio foi o mais cruel de todos. Um verdadeiro atentado contra o futuro de milhões de jovens.

O pior é que tudo foi vendido sob uma embalagem esfarrapada e recebido com os aplausos de "autoridades" em um assunto do qual mal ouviram falar.

Espero que um dia esses "gênios" da educação tenham consciência do mal que fizeram.



sábado, 11 de novembro de 2023

Sobre público, ou falta dele

Em praticamente todos os eventos que têm a literatura como centro das atenções é possível perceber a ausência de público. 

Constrangidos, os organizadores, quase sempre, apelam para o adiamento de alguns minutos na esperança da chegada de mais alguém interessado naquele diálogo (quase sempre um monólogo e, dependendo do palestrante, um solilóquio).

Quando se trata de um expositor local, a situação parece ainda mais crítica. Pouco adiantam os convites postados nas redes sociais, as visitas a emissoras de rádio ou de TV. A tendência é um espaço quase vazio.

No dia seguinte, porém, aparece uma enxurrada de "explicações" ou de desculpas em todos os lugares: "Não sabia!", Ninguém me avisou", "Somente agora vi a postagem", "A próxima eu não perco!", "Nem me convidou!"...

Na plateia, observa-se também a presença de algumas pessoas que foram, mas não foram. Já que algumas pouco prestam atenção no que é dito. O rei Celular é o centro das atenções. Mas pelo menos essas pessoas saíram de suas casas a fim de prestigiarem alguém. Merecem aplausos!

Todavia algo inusitado anda pode acontecer... Em alguns eventos, são levados alunos de determinada instituição de ensino. A sala fica lotada de corpos jovens, mas ausentes. A cabeça está distante e o tema raramente lhes interessa. Estão ali forçados! No meio da fala, vem uma ordem do além. Todos se levantam e saem (às vezes silenciosa, às vezes ruidosamente). Alguns até queriam ficar, mas o ônibus tem hora para sair... O importante é que a foto foi tirada e um relatório será entregue para alguém que jamais irá lê-lo.

Não são raras as vezes em que o palestrante recebe um recadinho bem carinhoso pedindo que ele fale pouco, que seja breve, pois não pode cansar a plateia... Em alguns casos, o pensamento nem pode ser concluído: "É preciso desocupar o ambiente". Algo mais importante irá acontecer ali!

O mais interessante, é quando a pessoas responsável por fazer as apresentações diz em alto e bom tom: "Agora vamos ter uma apresentação interessante. Vamos ao que realmente interessa. Vem aí o grupo TAL. para apresentar as danças x, y e z. Agora vai ficar bom!". De repente, após esse festivo anúncio, aparecem pessoas de todos os lugares. Uma comprovação inequívoca de que existe público para quase tudo... menos para a literatura...

Antes de terminar, é importante lembrar que há casos em que as pessoas chegam bem antes da abertura dos locais, lotam auditórios e fazem filas enormes para pegar autógrafos e para tirar as fotos com que irão abastecer as redes sociais. Mas essa é uma outra história, que acaba comprovando a antiga tese de que "santo de casa não faz milagre" e talvez nem seja visto como santo, nem mesmo como escritor...


Nossa Semana

 Está foi uma semana cheia de bons momentos. Além das aulas ministradas, que já fazem parte de nosso dia a dia, estive presente em alguns eventos.

Na terça-feira, dia O7, estive no UniCeuma falando sobre a relação do consumismo com a poesia maranhense contemporânea, com ênfase a ODS 12. Foi um evento agradável e descontraído, com a presença de amigos como Gutemberg, Evandro Figueiredo e Ricardo Miranda.

À noite, foi a vez de estar na sala de eventos a Academia Maranhense de Letras onde, ao lado dos acadêmicos Aureliano Neto, Ana Luiza Almeida Ferro e Lourival Serejo, falamos sobre a vida e a obra de Gonçalves Dias. Na mesma ocasião, diversas personalidades foram contempladas com a Medalha Gonçalves Dias.

Na quinta-feira, dia 09, participamos da VI FLIM (Festa Literária de Itapecuru-Mirim), evento bastante concorrido e que este ano homenageou o poeta Gonçalves Dias, pelas comemorações de seu bicentenário de nascimento, e o escritor Mauro Rego, pelo conjunto de sua obra.

Chegamos cedo e tivemos a oportunidade de passear pelo local, conversar com as pessoas envolvidas no evento e sentir o festivo clima literário. À tarde, no auditório da Prefeitura, a professora e atriz Linda Barros encenou o monólogo O Pedido, centrado na figura de Ana Amélia Ferreira do Vale, a musa inspiradora de Gonçalves Dias. A seguir, juntamente com o historiador Euges Lima, com o professor e advogado Theotônio Fonseca e com a mediação da professora Assencão Pessoa, fizemos parte de uma mesa-redonda sobre a Adesão do Maranhão à Independência e seus reflexos na Literatura. Aprendi bastante com as falas de meus companheiros de bancada!

Finalmente, no início de noite, já estávamos novamente em São Luís, para prestigiar o escritor Alexandre Maia Lago em sua posse na Cadeira 27 da Academia Maranhense de Letras. Momento de muita emoção. 

Foi uma semana cansativa? Sim. Mas foi também gratificante.





quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Prioridade é prioridade

 Quem trabalha em sala de aula já deve ter percebido que muitos alunos reclamam se o professor indica um livro para leitura ou se pede para tira cópia de uma apostila ou de alguma lista de exercícios. 

Imediatamente após o pedido, vem uma enxurrada de reclamações: "Não tenho dinheiro para isso!" "Que absurdo!", "Maldito capitalismo!" etc. etc. etc. Não são raros os casos em que o professor tem que recuar ou arcar com algumas despesas extras para dar andamento a seu planejamento.

Outras vezes, na tentativa de inovar, o professor pede que os alunos acesse a internet e façam determinada pesquisa. O choradeira é grande... Muitos fingem que nem sabe o que é internet ou celular, embora segundos antes do pedido estivessem conectados às redes sociais ou aos aplicativos de mensagens instantâneas.

Não são raros os casos de alunos que se sentem ofendidos por terem que desconectar seus caríssimos fones de ouvido durante as aulas ou por terem de desligar ou guardar seus aparelhos (quase sempre de última geração) durante as aulas.

Tirar cópias é caro. Comprar um livro é algo caro... Ainda bem que sempre sobra um dinheirinho para que nossos estudantes possam adquirir modernos fones de ouvido e novos celulares. Ainda bem!

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Sugestão de leitura

 Lendo o livro Jornalismo Digital, de Pollyana Ferrari (Contexto, 2022), fico espantado ao perceber como o chamado mundo virtual se desenvolveu de modo tão rápido.

Hoje é praticamente imaginar um mundo sem essas tecnologias das quais acabamos ficando dependentes. É um caminho praticamente sem volta. Todos os dias entramos em contato com as evoluções e novas formas de interação.

Não faz muito tempo, eu esperava o jornal chegar para ficar informado das notícias de ontem. Hoje, tudo chega em tempo real, inclusive as notícias ruins, os boletos e as fofocas. Quase tudo se encontra nas redes, menos, talvez, um pouco de paz.

Mas o livro é bom, bem escrito e nos joga no meio de uma incontrolável e incontornável onda de mudanças das quais minha geração fez parte, mas talvez nem tenha percebido. Eu, por exemplo, não percebi algumas coisas e me sinto um ser do passado com um pé em um presente que nao compreendo direito.  👣👣👣👣

Recomendo a leitura!


Literatura e violência

Todas as segundas-feiras, temos um novo texto no site Reunião Tocantina.

Leia o de hoje


Literatura e violência



APRESENTANDO

 Olá,

Este é um blog para falar sobre todos os assuntos sem a necessidade de sentir medo de mostrar ideias.

O importante é sempre respeitar os demais e manter a dignidade de todos.


Esta página está ainda em processo de construção e brevemente terá uma roupagem nova.

25 - FERREIRA GULLAR

 Fim de ano e também fim de projeto. Ao longo de vários meses, homenageamos duas dezenas e meia de escritores maranhenses.  Tudo começou qua...