domingo, 22 de junho de 2025

MARIA LUIZA DA CUNHA LOBO

 Novos artigos de segunda #37

Fonte da imagem: Reprodução de página do Livro do Centenário da Academia Maranhense de Letras 


MARIA LUÍZA LOBO – AINDA UMA INCÓGNITA

José Neres

 

Há muitas nuvens e mistérios envolvendo a história da literatura maranhense. Embora hoje já contemos com um bom número de pesquisas acerca das letras do Maranhão, ainda há muito por descobrir.

Um desses mistérios envolve a vida e a obra da professora e escritora Maria Luíza da Cunha Lobo, filha do casamento do intelectual maranhense Antônio Lobo com Dona Lucrécia Izaura da Cunha Lobo.

Em primeiro lugar, nem mesmo se tem certeza sobre o ano exato do nascimento dessa escritora. Pesquisando em jornais antigos, é possível encontrar diversas homenagens a ela prestadas por ocasião de seu aniversário, em 02 de março, mas é preciso uma busca mais aprofundada em cartórios, igrejas e demais arquivos para dirimir dúvidas.

É pelas páginas dos jornais antigos que se fica sabendo também que, em agosto de 1916, logo após o triste e trágico desaparecimento de seu pai, que ela e sua mãe comunicam aos amigos a mudança para a rua Colares Moreira, nº 47. Provavelmente tal alteração de endereço se deu por conta dos traumas deixados na antiga residência da família, que não suportou continuar vivendo no lar onde perdeu seu pai.

Os rastros deixados por Maria Luíza Lobo são poucos, mas nos permite visualizá-la em novembro de 1921 fazendo provas de Álgebra, História, Língua Portuguesa e demais disciplinas no Liceu Maranhense. Foi possível encontrar também nos arquivos pessoais do grande pesquisador Jomar Moraes, uma dedicatória de Antônio Lobo para sua filha em dedicatória na folha de rosto do livro A doutrina transformista e a variação microbiana. O livro foi publicado em 1909, mas o autógrafo (à minha querida filha Maria Luíza) é datado de 9-9-1913.

Poucos são os registros sobre sua vida pessoal, mas no dia 15 de abril de 1925, na página 3 do jornal A Folha do Povo, foi possível localizar essa interessante nota sobre seu noivado.

O Sr. Leocádio Martins Ribeiro, sócio da conceituada firma Rodrigues Drumond e Cia, no domingo último, pediu em casamento a inteligente e prendada Maria Luíza Lobo, filha do ilustre jornalista Antônio Lobo.

Aos jovens distintos noivos, elementos de relevo da nossa culta sociedade apresentamos nossos votos de felicidade

Seguindo os caminhos trilhados pelo pai, ela também mergulhou no mundo do magistério e pode ser encontrada ministrando aulas de Geografia para a turma do terceiro ano na escola que levava o nome de seu genitor. Percebe-se também que, em 1928, ela pede licença remunerada para tratamento de saúde, fato que se repete no ano seguinte.

Os jornais também nos informam que pela Portaria Governamental do dia 30 de agosto de 1946, ela foi nomeada para fazer um estágio na Capital Federal, com bolsa no valor diário de Cr$ 50,00. Nessa época, ela ocupava o cargo de professora de Sociologia Educacional na Escola Normal do Instituto de Educação. No mesmo ano, mas no mês de outubro, Maria Luíza Lobo foi nomeada Consultora-Técnica do Diretório Regional de Geografia.

No ano seguinte, em 1947, essa notável intelectual foi encontrada em Florianópolis, representado o Maranhão no Primeiro Congresso Nacional de Educação de Adultos. Nesse mesmo período, é possível encontrar diversas referências a sua atuação em diversos campos do saber como, por exemplo, a música, o civismo e as relações interpessoais. Algumas de suas palestras sobre casamento, divórcio, menores abandonados e educação podem ser encontradas em jornais antigos do Maranhão e de outros estados da federação.

Quem sabe um dia apareça um/a pesquisador/a que aceite o desafio de vasculhar a vida e a obra dessa mulher que tem passado despercebida em nossa historiografia!!!

Ainda não descobrimos a data do falecimento dessa escritora, no entanto, foi possível identificar que sua mãe faleceu em 1953, no Rio de Janeiro, e que seu corpo foi sepultado no Cemitério São João Batista. A notícia fala que ficam uma filha – “a poetisa Maria Luísa Lobo, e dois sobrinhos, o senhor Dácio Souza, comerciante, e dona Maria do Carmo Santos, viúva do pranteado Nhozinho Santos”, o que indica que até a quele anos nossa escritora ainda seguia seu caminha na face da terra. Depois disso, há poucas informações.

No entanto, parece que o ano mais significativo da vida intelectual de Maria Luiza Lobo foi o de 1935. Foi nesse ano que ela publicou, pela Officina Industrial Graphica, do Rio de Janeiro, seu livro intitulado Traços na Areia, que foi recebido com elogios por parte de Domingos Barbosa, que revelou, em seu texto que:


Ao receber o volume, que se intitula “Traços na Areia”, assaltou-me à mente – enchendo-me o coração de saudade, – uma série de recordações.
E de todas a mais viva foi exatamente ela, Maria Luíza, que eu revi tamanhinha, barafustando e tagarelando em meio aos que amiúde nos reuníamos na Biblioteca do Mestre, para ela o melhor dos pais, para nós o melhor dos companheiros.
A precocidade de sua inteligência já se revelava agudamente vivaz, faz com que o volume recebido não seja, propriamente, uma surpresa.”, segundo texto reproduzido em O Imparcial de 11 de julho de 1935.


O livro, que aparentemente é uma coletânea de crônicas, foi bem recebido pela imprensa da época e recebeu diversos elogios. Infelizmente, trata-se de uma obra que a qual ainda não tivemos acesso.

Foi em 1935 também que Maria Luiza Lobo se inscreveu para a cadeira nº 3 da Academia Maranhense de Letras. Cadeira esta que estava vaga desde a segunda metade de 1926, quando houve o passamento de João da Costa Gomes, que era conhecido literariamente como João Quadros. Consta que Maria Luíza Lobo foi eleita, mas por algum motivo até agora desconhecido, não tomou posse. Mesmo assim em vários documentos e em várias revistas, ela é apresentada como pertencente aos quadros de sócios efetivos da AML. Infelizmente não conseguimos localizar a ata dessa eleição e não há outros registros formais disponíveis sobre esse acontecimento. Fato é que essa cadeira só voltou a ser ocupada em 1939, com a eleição e posse de Assis Garrido.

Sendo verdadeira essa informação, Maria Luíza da Cunha Lobo é a primeira mulher a ser eleita para a Academia Maranhense de Letras. Seria bom se alguém se dispusesse a aprofundar essas anotações!!!

Terminamos essas breves, esparsas e incompletas informações sobre essa escritora maranhense com a reprodução de dois de seus poemas publicados em jornais e revistas. O primeiro – Ave, Brasil – foi publicado no Semanário de Orientação Católica, de 1954. E o segundo foi reproduzido da Revista Aspectos – ano I.

Boa leitura!

 

AVE, BRASIL

(Maria Luiza Lobo)

 
Meu Brasil, meu Brasil, ó minha terra! 
O meu país natal idolatrado!
Terra grandiosa e rica em que se encerra 
O nosso orgulho, pelo teu passado! 
 
O teu nome Refulge entre as mais belas 
Constelações do firmamento azul, 
Em letras de ouro escrito, nas estrelas 
Do majestoso Cruzeiro do Sul! 
 
Nessa cruz misteriosa que reluz,
Numa benção de paz no céu de anil, 
Terra de Deus! Terra de Santa Cruz! 
Bendito sejas sempre, ó meu Brasil!
 
Terra Formosa! Terra em que as campinas
São sempre verdes e a sorrir nas flores! 
Brasil, terra de sol, Terra das minas,
Paraíso das aves multicores! 
 
Terra de extensas e opulentas matas.
E grandes rios de mortal beleza! 
Terra das fontes e das cataratas! 
Maravilha sem par na natureza! 
 
Pátria de um povo Nobre e generoso, 
Temente a Deus e que ama seu país! 
Que tem fé no futuro e, valoroso, 
Trabalha sempre pra te ver feliz.
 
Ave, Brasil, ó meu país natal!
Teu nome viva em nossos corações. 
Só temos um desejo, um só ideal: 
– Ver-te a mais forte e rica das nações! 
 
Por ti, conquistaremos a vitória,
E a morte enfrentaremos a sorrir. 
Confia em nós, Brasil, e espera a glória 
Que haveremos de dar-te no porvir! 

(Maranhão: Semanário de Orientação Católica 16 de dezembro de 1945.pág. 03)

 

PAISAGEM TROPICAL

Maria Luiza Cunha

 

Pleno deserto, ardente, ao sol do meio-dia,
Pleno deserto, nu, todo em fogo abrasado.
Árida vastidão, de amarga nostalgia.
Terreno ressequido, estéril, requeimado.
 
Areal cintilante, à luz de um sol candente,
Que vermelho aparece e rubro se agasalha,
Causticante, cruel, impiedoso, inclemente,
Como um campo de guerra após uma batalha.
 
É uma orgia de sol, num perpétuo verão!
Catarata de fogo, insondável,imensa…
É tão vasta, que escapa aos raios da visão,
E é tanta luz, que ofusca e vibra, de intensa.
 
Muito ao longe, se veem uns morros isolados,
Recobertos de pó, de fogo consumidos, 
Calcinados do sol, austeros, escalvados,
Alevantando aos céus os cumes ressequidos.
 
Por toda a parte, enfim, calor, e mais dor…
Em derredor, o vácuo… inteira solidão!...
Aspérrima rijeza, à calma do equador!...
Pleno aluvio de luz!... Pasmosa inanição!...
 
Pelo fofo areal, movediço e escaldante,
Lá vai a caravana, em marcha sonolenta…
Arrimado ao bordão, o Beduíno, adiante,
Os camelos conduz na estrada poeirenta.
 
E lá vai, pausadamente, até sumir-se nessa
Fímbria de ouro e carmim que ao longe se divisa…
Serás nesse horizonte, além que o céu começa
E o rútilo deserto enorme finaliza?

(Revista Aspectos - anno I, pág. 56)

quarta-feira, 18 de junho de 2025

NOSSA ESQUECIDA LITERATURA



UMA BREVE CONVERSA DE CORREDOR

(José Neres)

Imagem criada com auxílio de Inteligência artificial 


Aproximei-me silenciosamente. O assunto me interessava.

Três adolescentes e uma jovem professora conversavam alegremente. O assunto era suas leituras mais recentes. Uma dizia já ter lido todos os livros de determinada série e que se sentia apaixonada pelo protagonista, apesar de ele ter assassinado várias mulheres ao longo do livro. Mesmo assim era encantador!

Outra confessou que estava ainda no segundo volume, mas que não conseguia parar de ler. “É o livro da minha vida!”, disse maravilhada. “É bandido, mas eu amo ele!”...

A terceira garota, bastante entusiasmada, começou a falar de outros livros. Pareceu-me que o enredo de todos era o mesmo e que as personagens apenas mudavam de nome, de roupa e de cidade. Até a descrição física era bem parecida.

A professora, sempre atenta, também dizia-se maravilhada com aqueles livros e pediu perdão por haver soltado alguns “spoilers” durante a conversa. Recomendou outros livros às garotas. Novamente, veio-me a impressão de que era o mesmo enredo, mesmos personagens, mesmo desfecho impactante.

“Pelo menos estão lendo… Isso é muito importante”. Pensei.

De repente, uma das meninas, alterando levemente a rota do assunto disse: “Esses livros são maravilhosos. Pena que os autores brasileiros não saibam escrever. Só livro chato!” Outra completou: “Sabiam que eu nunca li um livro da literatura brasileira? Não suporto. Começo e abandono logo nas primeiras páginas. Acrescentou que só leria Clarice Lispector e isso mesmo por ser mulher e empoderada. Só por isso…

A professora concordava com a cabeça e esboçava um leve sorriso de satisfação. 

Minutos depois o grupo se dissipou e cada uma tomou seu rumo. 

Feliz com minha invisibilidade, continuei ali ruminando alguns pensamentos. Qual será o futuro da literatura brasileira? Será que nossos escritores são tão ruins assim? Por que a juventude está tão afastada de nossos aspectos literários e culturais? O que pode ser feito para mudar esse cenário? 

Bom saber que os jovens continuam lendo. Triste saber que desperdiçam a oportunidade de mergulhar na alma do próprio povo. A literatura traz muito da alma de um povo…

Sem respostas. Parti da mesma forma que cheguei. Silenciosamente. Mas agora levando uma tristeza no olhar e um peso extra nos ombros.

domingo, 15 de junho de 2025

OS ROMANCES DE JOÃO MOHANA

 Artigo de segunda #36


Fonte da imagem: Arquivo do autor


Hoje, 15 de junho de 2025, é a data do centenário de nascimento do padre e escritor João Mohana, um dos melhores escritores da prosa maranhense. Para não deixar a data passar em branco, antecipo nosso artigo de segunda e reproduzo o texto abaixo, no qual tecemos breves comentários sobre os dois romances do autor.

 

OS ROMANCES DE JOÃO MOHANA

José Neres

(Reprodução de um artigo publicado em 02 de agosto de 1999, no Jornal O Estado do Maranhão)

 

Há pessoas que têm o poder da multiplicação do próprio tempo. Envolvendo-se nas mais diversas atividades, elas conseguem desenvolver seus projetos a contento e ainda lhes sobra fôlego para voos mais audaciosos. Foi o que aconteceu com o bacabalense João Mohana, uma mistura equilibrada de sacerdote, médico, psicólogo, professor, teatrólogo, ensaísta, pesquisador, musicólogo e romancista.

Hoje, passados alguns anos do falecimento do escritor, já se pode ter uma visão mais crítica e racional sobre sua produção literária, principalmente sobre seus dois romances: Maria da Tempestade e O Outro Caminho, duas das melhores obras da prosa maranhense contemporânea. O primeiro traz a dramática história de Bárbara, narrada em um clima de suspense e expectativa, prendendo o leitor da primeira à última página, quando recebe o choque de um desfecho inesperado.

Ao mesmo tempo em que a história é contada, uma série de análises paralelas podem ser feitas: o comportamento humano é esmiuçado, mostrando as personagens sob vários ângulos. Cora Mendes, Guilherme, Ribamar, Padre Tarjet e a família da protagonista simbolizam mais que meros elementos de ficção, retratam, sim, uma boa parte da sociedade maranhense do início do século XX.

O Outro Caminho, premiado pela Academia Brasileira de Letras, conta a história de Eyder, um padre dividido entre as imposições sacerdotais e os desejos da carne. Narrada de forma envolvente, a saga de Eyder desenvolve-se em tom de drama psicológico.

Cada página lida traz uma nova faceta dos sofrimentos do jovem padre, que tem a sociedade maranhense de sua época, mesquinha e preconceituosa, como a grande antagonista. Novamente, os personagens não aparecem na obra por acaso, todos são essenciais para o desenrolar da história, que já apresenta seu desfecho nas primeiras páginas do livro.

Embora as narrativas sejam diferentes (ambas encantadoras), pode-se perceber claramente as semelhanças estilísticos-semânticas que enlaçam os dois romances. Em alguns casos, uma situação de um livro apresenta correspondência no outro. É o caso, por exemplo, da desestruturação familiar e das descrições da morte. Algumas personagens também parecem uma imagem especular de outras, como Padre Tarjet e Padre Francisco, que parecem a mesma pessoa em livros diferentes.

No entanto, essas recorrências não empobrecem os romances de João Mohana, e sim provam sua capacidade de manusear as características de certos grupos de forma coerente, já que os dois padres e as duas famílias, nos livros, são representações de dois sistemas complementares, porém antagônicos. Quanto à morte, presença marcante nos dois livros, é em suas descrições que o escritor atinge a plenitude de sua força narrativa. A agonia do pai de Bárbara, da criança natimorta, a morte da mãe de Eyder e o falecimento do protagonista de O Outro Caminho são páginas antológicas em que temos a junção perfeita do padre, do médico e do escritor João Mohana, cada um dando sua contribuição para que as cenas fossem narradas de maneira exemplar.

Outro ponto bastante denso da obra de Mohana é a sua busca de verossimilhança, chegando ao ponto de o leitor menos acostumado com seu estilo questionar-se sobre a existência ou não de Bárbara Sena, bem como o leva a acreditar que Eyder e João Mohana sejam a mesma pessoa, esquecendo-se de que tudo não passa de ficção.

Em verdade, os dois livros trazem lições de vida. No final, todos estão entregues às mãos do Criador e é Ele quem decide o futuro. Ao leitor resta a sensação de vazio e a certeza de que todos nós vivemos numa eterna tempestade, sempre com a angústia de querer saber como seria a vida, caso tivéssemos seguido por outro caminho, eis a lição do padre, do médico  e do humanista João Mohana, seguramente um dos maiores analistas da alma humana no século XX,

 Leia outra homenagem a João Mohana clicando AQUI

domingo, 8 de junho de 2025

MAIS DE CEM LIVROS

 Novos artigos de segunda #35

FONTE DA IMAGEM: arquivo do autor 


MAIS DE CEM LIVROS MARANHENSES

José Neres

 

Pretendia hoje escrever sobre a relação entre a Literatura e a Psicologia, mas esse tema ficará para outra ocasião. Decidi então entrar no sempre perigoso terreno das listas.
Qual o problema? Nenhum. Toda lista é algo pessoal e comprova que tudo o que sabemos é um quase-nada diante de um todo-desconhecido que se esconde do nosso olhar. Quais os critérios? Praticamente apenas dois: 1) enumero alguns  livros que li e que – gostando ou não – resolvi citá-los aqui; 2) são romances e novelas escritos por autores maranhenses ou que adotaram o Maranhão como novo lar, nem que seja apenas por alguns momentos.
Desta vez, não fazei comentários ou explicações, apenas enumerarei o título do romance/novela e seu autor ou autora. Haverá injustiças? Omissões? Omissões, sim; injustiças, não. Não tenho, nunca tive e jamais terei oportunidade de ler todos os livros produzido no Maranhão ou por prosadores maranhenses. Além disso, estou escrevendo de memória. E ela sempre falha.
Abaixo está minha lista. A numeração não está relacionada nem com a qualidade das obras nem por um escalonamento de gosto, mas apenas uma questão de ter que colocar cada livro em uma sequência.

Vamos à lista:

  • 1.      O Mulato (Aluísio Azevedo)
  • 2.      Casa de Pensão (Aluísio Azevedo)
  • 3.      O Cortiço (Aluísio Azevedo)
  • 4.      O Livro de uma sogra (Aluísio Azevedo)
  • 5.      Por onde Deus não andou  (Godofredo Viana)
  • 6.      O Dono do Mar (José Sarney)
  • 7.      Saraminda (José Sarney)
  • 8.      A casca da caneleira (Vários autores)
  • 9.      O outro caminho (João Mohana)
  • 10. Maria da Tempestade (João Mohana)
  • 11. Apetrechos do Amor (Ribamar Galiza)
  • 12. O Monstro Sousa (Bruno Azevêdo)
  • 13. O gosto amargo da cereja (Joe Rosa)
  • 14. Sol para quartos mofados (Joe Rosa)
  • 15. Cais da Sagração (Josué Montello)
  • 16. Os tambores de São Luís (Josué Montello)
  • 17. Noite sobre Alcântara (Josué Montello)
  • 18. Uma varanda sobre o silêncio (Josué Montello)
  • 19. Uma sombra na parede (Josué Montello)
  • 20. Canaã (Graça Aranha)
  • 21. A Balaiada (viriato Corrêa)
  • 22. Cazuza (Viriato Corrêa)
  • 23. Vila Tamandará  (Dorinha Marinho)
  • 24. As diferentes faces do amor (Dorinha Marinho)
  • 25. Pixote (José Louzeiro)
  • 26. Aracelli, Meu Amor (José Louzeiro)
  • 27. Lúcio Flávio – O passageiro da Agonia (José Louzeiro)
  • 28. O ano da Revolta dos desvalidos (Ronaldo Costa Fernandes)
  • 29. A Balaiada (Ronaldo Costa Fernandes)
  • 30. Um homem é muito pouco (Ronaldo Costa Fernandes)
  • 31. João Rama (Ronaldo Costa Fernandes)
  • 32. Cinza da Solidão (Marco Polo Haickel)
  • 33. Um destino provisório (Lucy Teixeira)
  • 34. Rol das faces (Eliane Morais)
  • 35. Comensais (Eliane Morais)
  • 36. Virna (Inês Maciel)
  • 37. Laura (Heloísa Sousa)
  • 38. A Parede (Arlete Nogueira da Cruz)
  • 39. Compasso Binário (Arlete Nogueira da Cruz)
  • 40. Ana Jansen (Rita Ribeiro)
  • 41. A Tara e a Toga (Waldemiro Viana)
  • 42. Graúna em roça de arroz (Waldemiro Viana)
  • 43. Mistério da casa de Cultura (Samira Diorama da Fonseca)
  • 44. Crystal – uma história de sincretismo e encantaria (Samira Diorama da Fonseca)
  • 45. A Capital Federal (Coelho Neto)
  • 46. Rei Negro (Coelho Neto)
  • 47. Turbilhão (Coelho Neto)
  • 48. Simplesmente Alice (Nathalia Batista)
  • 49. O Andrógino (Alberico Carneiro Filho)
  • 50. Vencidos e degenerados (Nascimento Moraes)
  • 51. La Lune  (Lorena Silva)
  • 52. O Bequimão (Clodoaldo Freitas)
  • 53. O arquivista acidental (Antonio Guimarães de Oliveira)
  • 54. Úrsula (Maria Firmina dos Reis)
  • 55. Lili Ffrit e o mundo dos humanos (Jaqueline Morais)
  • 56. Lili Ffrit e o guerreiro da noite (Jaqueline Morais)
  • 57. A casa do sentido vermelho (Jorgeana Braga)
  • 58. A Setembrada (Dunshee de Abranches)
  • 59. Balaiada – Rastros de amor e ódio (Bento Moreira Lima)
  • 60. Razões do Acaso (Bento Moreira Lima)
  • 61. Trêfego (Chuelay Nascimento)
  • 62. O Vale da Curacanga (José Jorge leite Soares)
  • 63. Ecos de sinos sobre a cidade (Lourival Serejo)
  • 64. Bequimão (Bernardo Coelho de Almeida)
  • 65. O Tradutor  (Sanatiel Pereira)
  • 66. Os anjos não têm asas (Sanatiel Pereira)
  • 67. O Vale das Trutas (Sanatiel Pereira)
  • 68. Belo Maldito (Vinícius Bogéa)
  • 69. Solidão de Aço (Vinícius Bogéa)
  • 70. A Faca e o Rio (Odylo Costa, filho)
  • 71. A Cobra Divina (Ariel Vieira de Moraes)
  • 72. O Anjo Modernista (Ariel Vieira de Moraes)
  • 73. Canções de agosto (Márcio Coutinho)
  • 74. Rita no Pomar (Rinaldo de Fernandes)
  • 75. Eu não quis te ferir (Rinaldo de Fernandes)
  • 76. Romeu na estrada (Rinaldo de Fernandes)
  • 77. Entre pétalas e espinho (Jeiane Costa)
  • 78. Marcas indeléveis (Ahtange Ferreira)
  • 79. Psicopatia (Ahtange Ferreira)
  • 80. O ofício de matar suicidas (José Ewerton Neto)
  • 81. A ânsia do prazer (José Ewerton Neto)
  • 82. O menino que via o além (José Ewerton Neto)
  • 83. O infinito em minhas mãos (José Ewerton Neto)
  • 84. Teias do tempo (Conceição Aboud)
  • 85. Um estudo de temperamento (Celso Magalhães)
  • 86. O defunto imaginário (Adonai Moreira)
  • 87. Sêpsis (Geraldo Iensen)
  • 88. O Labirinto dos Sonhos (Fernando Reis)
  • 89. A Comunidade Rubra (J. M. Cunha Santos)
  • 90. A segunda chance de Eurides (Herberth de Jesus Santos)
  • 91. Maria Arcângela (Erasmo Dias)
  • 92. A Ilha (Ubiratan Teixeira)
  • 93. O Banquete (Ubiratan Teixeira)
  • 94. As sombras da batina (José Garcia)
  • 95. Cafés Amargos (Sabryna Mendes)
  • 96. As figuras em cera (Fernando Moreira)
  • 97. Fissura no tempo (Cristiane Mesquita Gomes)
  • 98. Espelho de três faces (Virgínia Rayol Braga)
  • 99. Pétalas de Sangue  (Laura Barros Neres)
  • 100  Desaparecido (Déa Alhadeff)
  •  101 Os Segredos de uma jovem espiã (Déa Alhadeff)
  • 102  O desprincesamento (juliana Duarte)
  • 103 Mortes em Cadeia (Pedro Neto)
  • 104 O 18⁰ andar ( Marcos Fábio Belo Matos)

Pronto, queridos e queridas, temos acima uma lista com mais de cem livros em prosa (romances e novelas) para você se deliciar com a riqueza de nossa literatura maranhense. Claro que há mais de uma, duas ou três centenas de obras que ficaram fora da relação. Mas a culpa é minha, que queria ter lido mais e não consegui.

Até a próxima semana!


domingo, 1 de junho de 2025

ARTIGO: DIREITO E LITERATURA

 Novos artigos de segunda #34

Imagem criada com auxílio de Inteligência Artificial 



DIREITO E LITERATURA

 José Neres

 

Todos os grandes juristas que conheço demonstram um imenso interesse pela leitura em geral e, particularmente, pela literatura. É fato corriqueiro encontrar operadores do Direito – advogados, promotores, juízes, desembargadores... conversando acerca da viabilidade da leitura de alguma obra à luz de alguns preceitos jurídicos. Sem contar que a literatura, serve como fonte de argumentação para diversas sustentações orais dos operadores do Direito.

É também bastante comum encontrar nas faculdades de Direito a formação de grupos de estudos dedicados a dissecar o inter-relacionamento entre teatro, poesia e prosa de ficção com as questões teóricas levantadas por professores e/ou demais convidados. Embora algumas pessoas possam considerar essa prática meio artificial, trata-se de um excelente recurso para aproximar os futuros profissionais de situações que, embora sejam fictícias, encontram alguns reflexos nas questões cotidianas.

A seguir, comentamos uma pequena lista de livros que mantêm algum tipo de relação explícita entre esses dois importantes campos do conhecimento humano. Claro que é uma lista pessoal, cheia de lacunas, e que pode ser ampliada por qualquer outra pessoa que se interesse pela temática.

Alguns livros são constantemente revisitados quando o assunto é o entrecruzamento entre a Literatura e o Direito. Um deles é “O Processo”, uma das obras-primas escritas pelo escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924). Desde as primeiras linhas do romance, quando o narrador anuncia que “Alguém deve ter caluniado Josef K., porque foi preso uma manhã, sem que ele houvesse feito alguma coisa de mal”, o leitor já começa a mergulhar em um emaranhando de questões que podem ser discutidas quanto à legalidade das ações e quanto aos métodos empregados pelos perseguidores. É uma obra indispensável a quem já enveredou ou pretende enveredar pelos terrenos do Direito e que considera a literatura como parte de sua formação.

Outro livro que abre caminho para muitas discussões é “Crime e Castigo”, de Fiodor Dostoiévski (1821-1881). Logo ao entrar em contato com a figura de Raskólnikov, o jovem que “não estava acostumado com multidões e [que] nestes últimos tempos, sobretudo, fugia do convívio de seus semelhantes”, o leitor mais atento percebe que aquela personalidade arredia dará margens para um mergulho na essência humana, com implicações jurídicas de seus atos.

Uma obra que oferece diversas possibilidades de leitura e que destina uma atenção especial às questões relacionadas com o Direito é “A Confissão de Lúcio”, romance de Mário de Sá-Carneiro (1890-1916). O interesse do narrador desde o início do livro é convencer o público de que ele – Lúcio – não foi o responsável pelo crime de que foi vítima seu melhor amigo – Ricardo de Loureiro. O fato de Lúcio haver estudado Direito na Faculdade de Paris e de conhecer os meandros do Direito Processual da época serve como elemento complicador para a narrativa. Esse livro oferece também excelente oportunidade de estudo sobre a psicologia humana.

Ainda relacionado com aspectos legais e psicológicos, temos o romance “Dom Casmurro”, um dos livros mais conhecidos de Machado de Assis (1839-1908). Ainda hoje, o livro desperta o interesse pelas questões relacionadas às relações parentais. Há inúmeros casos em que os professores utilizaram esse livro como base para a criação de júris simulados, principalmente com ênfase na centenária questão envolvendo a dúvida sobre o adultério (ou não) de Capitu. Porém além disso, o livro também pode dar margens para outras discussões envolvendo o Direito de Família.

As relações familiares podem também ser bastante exploradas no “Livro de uma sogra”, de Aluísio Azevedo (1859-1913). Nesse romance, o autor apresenta aos leitores um (para a época) inusitado contrato de namoro envolvendo um jovem apaixonado, sua amada e a futura sogra. O que hoje pode ser visto com algo corriqueiro deve ter despertado al longo do tempo muitas discussões acerca da legalidade ou não de tais contratos.

Muitas são as obras que poderiam trazer à tona as discussões sobre os Direitos Humanos, porém, neste breve artigo, vou ater-me a apenas dois trabalhos artísticos: o poema “Hombre preso que mira a su hijo”, de escritor uruguaio Mario Benedetti (1920-2009); e o romance “Os que bebem como os cães”, do romancista piauiense Assis Brasil (1929-2021). Em ambos os casos, as personagens são vítimas de torturas por parte do Estado e, privadas de liberdade por conta de acusações hipotéticas fundamentadas principalmente em um olhar totalitário que é denunciado em cada linha dos textos. As imagens exploradas pelos dois escritores são chocantes e rementem a diversos questionamentos sobre os direitos primordiais que tantas vezes são negados às pessoas.

Incidente em Antares”, de Erico Veríssimo (1905-1975), é outro livro que traz muitas questões jurídicas que podem ser discutidas, desde as relações trabalhistas – importante notar que boa parte da narrativa se passa durante um movimento grevista ocorrido naquela cidade fictícia – passando pelas muitas lições de Direito Eleitoral e Direito Administrativo aventadas durante o famoso embate verbal entre o advogado Cícero Branco e o meritíssimo juiz da cidade. Ao logo da história é também levantada a dúvida sobre se os mortos teriam ou não que obedecer aos ditames legais preconizados pelos códigos judiciais que foram escritos para tratarem exclusivamente de pessoas vivas. O livro trata ainda de Direitos Humanos, relações familiares, corrupção, fraudes e de tantos ostros assuntos que podem ser estudados nos cursos de Direito.

Um dos casos judiciais mais controversos do final do século XIX, o crime cometido pelo desembargador Pontes Visgueiro contra a menina Maria da Conceição, conhecida como Mariquinhas já foi explorado em diversos trabalhos de cunho jurídico, mas também serviu de base para a elaboração do romance “A Tara e a Toga”, uma livre adaptação literária escrita pelo romancista maranhense Waldemiro Viana (1946-2020). A partir da leitura desse livro, é possível explorar diversas situações jurídicas envolvendo as personagens e os acontecimentos que servirão como base para a elaboração da narrativa.

A relação da literatura com os diretos de pessoas menores de idade pode ser discutida a partir da leitura de livros como “Capitães da Areia” (Jorge Amado, 1912-2001); “Aracelli, meu amor” e “Pixote: A infância dos mortos” (José Louzeiro, 1932-2017), “Querô” (Plínio Marcos (1935-1999), “O Estudante” (Adelaide Carraro, 1926-1992), “O alucinado som de tuba” (Frei Betto, 1944), “A rebelião dos órfão” (Assis Brasil, 1929-2021) e “Um destino provisório” (Lucy Teixeira, 1922-2007). Sendo que o último livro citado foi escrito a partir das observações da autora, que era graduada em Direito,  com relação a uma lei específica a ser aplicada em caso de ato delituoso cometido por menores em situação de conflito com a lei. Dessas observações, nasceu esse belo e contundente romance.

Esses são apenas alguns exemplos de obras que fazem o entrecruzamento da Literatura com o Direito. Mutas outra poderiam ser citadas, como é o caso de “O sol é para todos” (Harper Lee, 1916-2016), “A firma” (John Grisham, 1955), “1984” (George Orwell (1903-1950), “A sangue frio” (Truman Capote, 1924-1984), “O casamento” (Nelson Rodrigues, 1912-1980)... Porém a lista jamais se esgotará. Ainda bem! Já que são duas áreas que estão sempre se renovando e trazendo novos olhares e novas produções.

O importante é continuar lendo... e estudando.

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