sábado, 21 de dezembro de 2024

RUA DO VIEIRA

 

Fonte da imagem: Arquivo pessoal do autor 

Nasci na Rua do Vieira, em São José de Ribamar. Embora tenha passado poucos meses por lá e visitando apenas raramente o local, sei que ali estão minhas raízes e as ramificações de minha família 

Deixo então essa pequena homenagem a esse chão que me viu nascer.


RUA DO VIEIRA

José Neres

(Para minhas avós - Maria Paula, materna;
e Maria Isabel, paterna)

I

Aquela rua parecia estanque
As notícias corriam devagar
Ali em São José de Ribamar:
Santo-Cidade de amor e de sangue.

Foi ali que nasci, um menino exangue,
Perto da lama, do céu e do mar.
Era pleno Carnaval. Era noite de luar…
Primeiro cheiro que senti foi do mangue.

Foi na tímida rua do Vieira,
Onde canta o Sabiá sem palmeira
Que derramei meu primeiro chorar.

Com tantas lágrimas por derramar,
Deixei aquela íngreme ladeira
Onde está minha lágrima primeira.


II

E Depois, ainda na infância minha,
Ao Vieira voltei para visitar…
A rua parecia outro lugar
Só então conheci minha madrinha

Primos, tios e uma doce vozinha
Com brancos cabelos a pentear…
Na sala, outra vovó estava a cantar,
Orando, uma singela ladainha.

Era janeiro, a rua a toda em festa
Vida e saúde agradecia a Deus…
Só pessoa boa e muito honesta…

Ali estão tantos parentes meus,
Com calos nas mãos e suor na testa
Sobrevivendo dos trabalhos seus.


III

Diante da casa de piso rude
Existe um muro feito de memória 
Onde, por mais que viaje ou se estude,
Está enterrada nossa bela história.

Seja na doença, seja na saúde,
Nosso passado é nossa maior glória,
Foi nele que fiz tudo o que pude 
Foi nele que plantei minha vitória.

Todo passado é indelével açude 
Onde afogar-se é cena obrigatória
E perde-se pode até ser virtude.

O que digo não é peça de oratória:
Meu passado cola em mim como grude
Mas não me vejo preso em rotatória.


IV

Após dobrar o canto do Cruzeiro
Com a Vieira logo se depara,
Pode ser o ponto verdadeiro
Onde todo bom coração dispara.

Lá no final há um porto pioneiro 
Onde o vulto de meu pai me prepara
Uma pescada assada no braseiro,
Com o sal da saudade misturada.

Ali mamãe conta o pouco dinheiro
De toda uma vida sempre regrada 
Seja em dezembro, seja outro janeiro…

Se toda rua pode ser sagrada,
Nosso lugar deve ser o primeiro 
Pois ali teve origem nossa estrada…


sábado, 14 de dezembro de 2024

SALAS VAZIAS

 


Todo professor tem que conviver com as inevitáveis despedidas. Cada fim de ano marca o final de uma convivência que nem sempre foi amistosa, mas que, obrigatoriamente, deve ter sido marcada pela aprendizagem mútua. 

Cada vez que um professor entra em uma sala de aula ele não apenas ensina, ele também aprende. Muitas vezes, aprende mais que ensina. Cada aluno ou aluna é um ser humano único. E, da convivência quase diária com cada um deles, nasce uma lição de vida, uma aprendizagem que valerá para a vida inteira.

Deixo o texto abaixo para agradecer a cada um de vocês pelos momentos de aprendizagem. No próximo ano, na carteira que vocês ocuparam até agora, haverá um outro aluno, uma outra aluna, mas, mesmo distantes, vocês permanecerão vivos na história de nossa Escola. 

Desejo sucesso para cada um de vocês!

FELICIDADES! 🎈 


SALA VAZIA

(José Neres)

Para todos os alunos do 
Centro de Ensino Jackson Lago)


E quem disse que a sala está vazia?
Não! Ali habitam as recordações…
Ali ainda pulsam mil corações 
Ali mora eterno mar de alegria…

Em silêncio, ela sempre traduzia 
Dúvidas, anseios, medos, ilusões…
Imprimia no quadro as mil lições 
Que vocês receberam cada dia…

Hoje, a luz apagada não esconde
A saudade jogada em cada canto
E pede que o sucesso sempre ronde

E que proteja, com seu lindo manto,
Seja tão perto, seja bem distante,
Essa moçada que mereceu tanto!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

CORDEL - O MENINO DE CUJUPE

O MENINO DE CUJUPE

José Neres

(Uma homenagem a Dino Cavalcante)




1

Preste atenção, minha gente 
Que uma história vou contar
De um menino inteligente
Que nasceu pra ensinar,
Que enfrentou chuva e enchente
Para poder estudar.

2
De boa família veio,
De um lar edificante, 
E viveu sempre no meio
Duma alegria pujante,
Pois derivou bem do seio
Da família Cavalcante.

3
Filho de Alinice e Francisco,
Do Cujupe é herdeiro,
Ali é menino arisco
À sombra do cajueiro
Sem jamais correr o risco
De só pensar em dinheiro.

4
De família numerosa,
Da terra é senhor feudal,
Ama poesia e prosa,
E nada faz de ilegal.
Ali colhe uma rosa,
Nasce ideia genial.

5
Sua terra ele deixou
Para poder estudar.
Para lá sempre voltou,
Ali deseja ficar.
Coração ali plantou,
Bem ali renascerá.

6
Como aluno dedicado,
Logo ele se destacou. 
Era muito elogiado
Por colega e professor
Belo dia, instigado,
O magistério abraçou.

7
E sendo bom professor 
Pras escolas é convidado, 
Sempre dá aula com amor:
Reino, educator e Estado…
Por ali ele passou
E sempre será lembrado.

8
De sua pena brotou
Currículo exemplar
Que inveja sempre causou 
Em quem não soube estudar
Em quem sempre acreditou
Sorte ser tudo alcançar.

9
"Canto selvagem" chegou;
Uma "Reflexão" surgiu,
Tanto artigo publicou
Por todo nosso Brasil,
Tanto livro organizou,
Tanta prosa corrigiu.

10
Se formou na Federal 
Em Letras, mas não para.
Força de vontade sem igual,
Segue para Araraquara,
Defende tese doutoral,
Ainda mais se prepara.

11
Mas, ainda no mestrado,
De Arthur Azevedo tudo
Leu em caderno anotado,
Tornou paixão em estudo,
Em estudo organizado
De veludo encadernado.

12
Da Uema foi concursado
E ali, com coração a mil,
Em um gesto bem ousado,
Publicou seu "Bar Brasil",
Em momento complicado 
Deste país varonil.

13
E daquela Federal
Onde antes se formou,
Após concurso normal,
Que com mérito passou,
Assumiu em tom formal
E tornou-se professor.

14
Uma bela serenata
Pra Idenir um dia fez
Sob a lua cor de prata.
E ela, por sua vez, 
Deu-lhe a menina Renata, 
Princesa com altivez.

15
Um belo dia reuniu
Um grupo pesquisador,
Assim o GELMA surgiu
No meio do esplendor,
Em verso e prosa “buliu”
Por prosa e verso andou.

16
Quem será esse menino
Lá no Cujupe criado?
Que desde bem pequenino
Em ler se viu viciado?
Que enfrentou o destino
Para ser homem formado?

17
Para ser mestre e doutor?
Conhecer livros a fundo?
Bom filho, pai, professor.
Deixar as marcas no mundo
Calcadas por onde for
De modo sempre profundo.

18
Como talento faz falta
Nem vou seguir mais avante
Como a noite já vai alta
E o dia é velho infante
Seu nome lavrado em ata
Lê-se: Dino Cavalcante.

19
Dino, esse amigo dileto,
De todos companheiro,
Professor nobre e experto,
De janeiro a janeiro,
Trabalha no que acha certo,
Em análise é certeiro.

20
Este cordel de pé quebrado,
Que foi escrito sem calma,
Chega a seu fim declarado
Pedindo salva de palma
Para esse homem culpado 
Só de ter essa imensa alma.


São Luís, 02 de abril de 2023.







21 - MARANHÃO SOBRINHO

 Maranhão Sobrinho (1879-1915) é um dos grandes poetas do Simbolismo brasileiro. Sua obra ainda oferece inúmeras possibilidades de leituras e de interpretações. 

É para ele que vai nossa homenagem de hoje.


MARANHÃO SOBRINHO 

José Neres 

(Para Kissyan Castro)


Imenso o nome, o talento também.
Em seu corpo ecoava poesia,
Em símbolos de dor e de alegria,
Na cova de Satã, no Mar, no Além…

Dos papéis velhos novo livro vem
Roto pela traças da alegoria,
Tal estatueta em mesa vazia,
Tal vitória em aposta por vintém…

Em vida não veio régia recompensa.
Apenas um mar repleto de ofensa
E a bocarra aberta da ingratidão.

Neste mundo onde tão pouco se pensa,
Ser Sobrinho pode ser Ser em vão 
A vagar… vagar pelo Maranhão…

domingo, 8 de dezembro de 2024

CAMÕES NO LIMBO DO ESQUECIMENTO

 Novos artigos de segunda #12



CAMÕES NO LIMBO DO ESQUECIMENTO 

José Neres 

Como ocorre sempre, final de ano é momento de reflexões. No âmbito literário, foi um ano de muitas comemorações, muitas efemérides e de muitos esquecimentos.

Uma dessas lastimáveis lacunas foi a falta de comemorações do quinto centenário de nascimento de Luís Vaz de Camões, o mais significativo escritor da língua portuguesa e o símbolo maior de nossas letras. 

Claro que nem mesmo se tem certeza de que o autor de Os Lusíadas tenha nascido em 1524, como aparece na maioria dos textos sobre ele. Claro que, na atual conjuntura, falar em literatura clássica parece algo por demais teratológico e bastante anacrônico. Claro que boa parte das pessoas nem mesmo sabe quem foi Camões e sua importância para a Língua Portuguesa. Mas simplesmente ignorá-lo creio que seja um exagero.

Desde o começo do ano, eu, ingenuamente, esperava que fosse haver algum ciclo de palestras, alguma mesa-redonda, um recital ou pelo menos um bate-papo, quem sabe uma “live” sobre nosso poeta. Contudo, se isso aconteceu, não fiquei sabendo. Nossa Athenas não é mais a mesma! As palmeiras foram decepadas e os Sabiás devem estar sem abrigo!

Lógico que fui informado sobre o fato de Camões ser o grande homenageado da FLIM (Feira do Livro de Itapecuru-Mirim). Adorei a ideia. Vi o grande ator Josimael Caldas encarnando o magistral poeta-soldado, mas não fiquei sabendo de outras manifestações. Certamente tenho trabalhado muito e ficado muito desinformado. Fazer o quê? 

Até mesmo nas aulas, quando falei sobre a importância de Camões, o único entusiasmo que senti foi o meu próprio. Os alunos não demonstram o mínimo interesse. Um aluno do último ano do ensino médio chegou mesmo a perguntar: “Camões não era aquele filho duma égua que mentia pra caramba?” Onde será que esse povo aprende isso? Os demais alunos declararam que nunca ouviram falar desse autor. Como? Du-vi-do!

Incomodado, cheguei a sugerir para algumas instituições algum tipo de homenagem ao vate que escreveu brilhantemente tanto em Medida Nova quanto na Medida Velha. Fui solenemente ignorado. Normal. Há tantas coisas mais importantes que falar de uma de nossas referências literárias!!!

Esperei que alguém me convidasse para falar algo em algum lugar sobre nosso poeta. Recebi apenas um um pedido de sugestão e um desconvite: “Você já falou aqui ano passado, acredito que seja melhor colocar outra pessoa.” Nem sei se a pessoa indicada foi contactada. Adoraria vê-la falando. 

Creio que agora já seja tarde. Estamos quase na metade de dezembro. É tempo de amigos invisíveis, de confraternizações, de tantas festividades. Para que falar de um poeta do século XVI? Falta-nos Engenho e Arte!

Para não dizer que Camões tenha sido totalmente esquecido, uma carinhosa aluna me presenteou - após uma aula sobre o Poeta - com uma bela edição fac-similar de Os Lusíadas. Esse gesto tão carinhoso valeu por todas as comemorações que eu não vi e das quais nem mesmo fiquei sabendo.


#Camoes

#Literatura

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

20 - ROSEMARY RÊGO

 Nossa homenagem de hoje é para uma talentosa escritora e incrível ser humano que teve uma breve, mas poética passagem pela Terra. Rosemary Rêgo era uma escritora sensível e que nos deixou dois livros bastante relevantes para a história de nossa literatura contemporânea 




ROSEMARY RÊGO
José Neres 
(Para Bioque Mesito)

A Morte colhe as flores do jardim.
Todas elas, mais cedo ou mais tarde,
Têm encontro marcado com o fim,
Que vem de modo heroico ou covarde.

Tanto faz se é rosa, cravo ou jasmim,
Um dia nos chegará a doce morte
Tocando tristemente seu clarim,
Tornando-nos seu eterno consorte.

Será nesse dia de desapego
Que ouvirei todo som da Liberdade,
Descerei ao meu eterno sossego,

Então sorverei o cheiro da cidade,
Lerei versos de Rosemary Rêgo,
Escritos à luz de eterna saudade.


#PoesiaMaranhense

#ResemaryRego

domingo, 1 de dezembro de 2024

CINCO SUGESTÕES DE LEITURA

NOVOS ARTIGOS DE SEGUNDA #11

CINCO SUGESTÕES DE LEITURA

José Neres


 

E eis que chega o mês de dezembro. Nossos últimos dias de 2024 se aproximam e é hora de parar um pouquinho para uma reflexão sobre o que fizemos durante todo o ano. Mesmo diante de uma correria que parece não ter fim, algumas pessoas conseguem desacelerar no período natalino e acaba sobrando um tempinho para pôr a leitura em dia ou, quem sabe, escolher um livro para presentear aquela pessoa especial.

Como faço todo final de ano – até hoje não sei se deu algum resultado positivo –, aproveito para indicar alguns livros. Tomara que você se encontre em algum deles:

1 – Caso você seja uma pessoa curiosa e cultive o bom-humor, recomendo “A verdadeira história de tudo e tudo mais” (Edições AML, 2023, 114 páginas), de José Ewerton Neto. Nesse livro, você nem mesmo precisa se preocupar com a ordem em que vai ler as saborosas crônicas de um escritor acostumado a retirar do dia a dia a matéria-prima de seu labor com as palavras. Nas páginas desse livro, você ficará conhecendo algumas curiosidades que vão do futebol (a história do Vasco, do Sampaio Corrêa) até a curiosa origem da calcinha e do chá. Tudo contado de forma divertida e cheia de malemolência. Uma ótima leitura e um ótimo presente para o final de ano!

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

19. COELHO NETO

 Coelho Neto (1864-1934) foi um dos mais importantes ficcionistas da literatura brasileira. Conhecido por seu vocabulário empolado e por sua vasta produção, esse escritor foi por diversas vezes eleito o Príncipe dos Prosadores Brasileiros. Porém sua obra, com o tempo, acabou caindo no esquecimento.





COELHO NETO

José Neres 

( A Alice Moraes)


Ele foi o grande príncipe da prosa,
Dono de rica e invejável cultura,
O último heleno da literatura,
A palavra era seu ramo de rosa.

Tentaram cavar-lhe uma sepultura,
Quiseram colocar sua obra à prova,
E de esquecimento dá-lhe uma sova,
Mas seu gênio resiste à cova escura.

Foi homem de talento sem igual,
Conquistou a Capital Federal…
Vencer um turbilhão foi seu projeto.

Ele, mesmo enfrentando tanto veto,
Provou que a morte não é um final 
E deixou seu nome: Coelho Neto.

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

LÍNGUA ESPANHOLA NAS ESCOLAS

 EU DEFENDO O ESTUDO DA LÍNGUA ESPANHOLA NAS ESCOLAS PÚBLICAS 

José Neres


Não sei se já é oficial ou se é apenas mais um desses boatos que infernizam nosso dia a dia, mas vejo com extrema preocupação a notícia de que irão retirar a Língua Espanhola das escolas públicas do Maranhão.

Primeiro, não conheço algum estudo sério acerca da educação que comprove que retirar uma disciplina que pode levar o estudante a vislumbrar novos horizontes linguísticos e culturais seja bom para o alunado. A bem da verdade devo confessar que não tenho visto/lido estudos sérios sobre a educação em nosso Estado ou em nosso país.

Já cometeram o primeiro equívoco ao converter a disciplina Língua Espanhola em Cultura Hispânica/Espanhola e, por um motivo desconhecido e sem a menor base científica, retirarem do conteúdo programático os elementos linguísticos que compõem a essência da Língua Espanhola, já que o elemento básico da transmissão cultural de um povo perpassa pelo conhecimento da língua.

Já cometeram o equívoco de lotear esse componente curricular para professores que não tiveram formação acadêmica para trabalhar a disciplina. Será que em Educação vale tudo? Será que em Educação professores, alunos e toda a comunidade podem servir como instrumentos para experiências que visivelmente não darão certo?

Mas parece que não se contentaram com os equívocos anteriores e resolveram que eliminar tais falhas daria muito trabalho. Então é muito mais fácil eliminar a aparente fonte primária do problema: “Elimine-se a disciplina como um todo!”

Mas, em um caso desse porte, esses pensadores da educação não estão tirando da estrutura oficial apenas um componente curricular. Estão, sim, eliminando o sonho de uma gigantesca quantidade de pessoas.

Para que, então, milhares de professores sentaram anos e mais anos em um banco de uma universidade/faculdade a fim obterem uma formação sólida que lhes permitisse exercer sua profissão com toda a dignidade necessária para fazer cada aluno aprender da melhor forma possível? Onde ficam os sonhos de tantos graduando e graduados que sonham em exercer a profissão para a qual tanto estudaram?

Já sei! O sistema administrativo não se preocupa com os sonhos e problemas individuais… o mais importante é o bem coletivo… surge então outra dúvida: a coletividade foi ouvida? Foi feita uma pesquisa? E se tal pesquisa foi feita, quais os critérios e métricas foram utilizados? Ah, pode ser algo apenas interno… tudo bem, mas, então, por onde anda a transparência que é tão alardeada quando os interesses imperam?

E se o discente tiver o sonho de aprender a Língua Espanhola na escola, onde fica então o tão propalado projeto de vida? Onde fica a busca do protagonismo? 

E se o aluno quiser marcar a opção de Língua Espanhola na hora das provas do Enem e dos vestibulares da vida? Será justo já entrar em um concorrido jogo que define parte de nosso futuro com mais um peso da desigualdade nas costas?

Acredito que já tenha passado da hora de levar a educação a sério. Em um país praticamente cercado por falantes de Língua Espanhola, tirar o direito de alguém ter opção de estudar outro idioma é uma maldade sem limite. É uma violência silenciosa que busca silenciar ainda mais quem nunca teve tantas oportunidades…

Espero que seja apenas um boato… Espero que alguém não tenha dito a infeliz ideia de acreditar que, tirando oportunidades, a formação das pessoas dará um salto de qualidade… Espero que seja apenas boatos… Não quero acreditar que alguém seja capaz de tanta maldade e, ao mesmo tempo, defender a ideia de que esteja lutando pela educação.


#FicaLinguaEspanhola

domingo, 24 de novembro de 2024

VIANA

 




VIANA
José Neres 
(Para Lourival Serejo)

Entre os lagos e o Largo da Matriz
Sobem e descem ladeiras de pedra.
Ali, na história, um segredo medra,
Mistério que o povo ecoando diz.

Ali, o subir e descer das águas
Alterou a geografia das ruas
Deixando-as tantas vezes quase nuas
Com vidas afogadas em mil mágoas.

Em cada esquina uma casa, uma história,
Em cada rosto cansado, uma glória.
Foi ali que ontem e em tempos atuais 

Viveram grandes intelectuais:
Dilu, Edith, Celso, Anica, Mohana,
Dilu e Os Lopes - orgulhos de Viana.

domingo, 17 de novembro de 2024

UM CORDEL PARA ARLETE

Faz um bom tempo que conheço a professora e escritora Arlete Nogueira da Cruz e tenho muita admiração por ela como pessoa e como intelectual.

Segue abaixo uma tentativa de texto que fiz em homenagem a essa grande dama de nossa literatura.

O autor do texto, com Nauro Machado e Arlete Nogueira da Cruz. Fonte: Arquivo pessoal do autor


ARLETE - DAMA DA LITERATURA 

José Neres


Vou puxar o meu banquinho,
Temperar minha garganta,
Vestir meu terno de linho,
Deixar pra depois a janta,
Pedir com todo carinho
Um favor a minha Santa.

Pois preciso de talento,
De muito talento essa hora,
Para falar a contento
De uma nobre senhora
De um olhar sempre atento
Ontem, amanhã e agora.

Como eu não sou um poeta
Cada verso meu é um parto
Minha rima é sempre incerta
Cada estrofe, um sobressalto
Mas uma coisa é bem certa:
Nossa língua não maltrato.

Essa senhora merece 
Toda consideração,
Pois de ninguém ela esquece
Dá a todos muita atenção.
Sua presença enobrece 
Qualquer festa, ato ou salão.

O nome dela é Arlete
Nogueira da Cruz Machado,
Nome que o povo repete
Quase sempre admirado
E de quem a nós compete
Lembrar presente e passado.

Foi numa estação de trem
Que ela ao mundo chegou.
Em Cantanhede também 
Ela jovem estudou,
Nas igrejas disse amém,
Nas ruas,ela brincou.

Sua mãe - dona Enói - tinha
Muita poesia na veia.
Ela nunca se continha
E tecia uma grande teia
De versos que leu sozinha
Em noites de lua cheia.

Raimundo Nogueira Cruz,
Seu bom pai muito estimado,
Era homem que fazia jus
A seu honesto ordenado
De agente cheio de luz
Com estrada a seu cuidado.

Estudou Filosofia 
Em um centro federal
Estudava a noite e dia
Os autores em geral
De tudo ela conhecia
Tinha talento anormal.

Foi uma professora 
Muito bem conceituada,
Jamais ela foi opressora,
Sempre foi tão dedicada,
Que houve turma transgressora
Por ela sempre encantada.

Sobre Walter Benjamin 
Defendeu dissertação 
Na PUC do Rio e assim
Obteve mestrado então 
Com todo louvor, enfim,
Voltou a seu Maranhão.

Sempre foi tão estudiosa,
Sempre foi tão exemplar
Que mesmo sendo graciosa
Evitava namorar.
Recebia tanta rosa,
Mas sem se impressionar.

Um dia, ela conheceu 
Belo príncipe encantado…
Coração amoleceu…
E foi marcado o noivado
O casamento ocorreu…
Foi festa pra todo lado!

O marido era poeta.
Era por todos respeitado.
Dono de obra correta,
Entendia do riscado
Dizia de forma aberta:
“Sou Nauro Diniz Machado”

Um belo casal formava,
Viviam de namorico
Quando a lua se deitava,
O sol ficava mais rico
Logo, logo ali chegava
O pequeno Frederico.

Logo o menino cresceu
Bom artista se tornou
Para o cinema verteu
Muitas obras que assinou
Da mãe, litania leu,
Do pai, poemas filmou.

Litania, por sinal,
É um poema maior.
Uma velha passa mal
A cidade vira pó.
Tudo parece normal
De nada o mundo tem dó.

A obra de Arlete é bem vasta
Tem começo e bom final
Não é prosa que se arrasta 
De um modo tão banal
Para sabê-la ler basta
O “Trabalho Manual”.

Esse livro é composto 
De três obras em prosa:
“As cartas” - livro com gosto
De uma mastigada rosa,
Tem um mundo de desgosto,
Também vida gloriosa.

Já no “Compasso Binário”,
Um romance magistral,
O tema nada ordinário 
É um abuso sexual
Que teve como cenário 
Esta nossa capital.

Nosso mundo interior
Tem a estrutura abalada
Quando “A parede” o leitor
Pega na mão espalmada 
E percebe tanto primor
Numa história bem narrada.

Esse livro encantou 
Nosso Josué Montello 
Que logo se encarregou
De mandá-lo para o prelo.
Bem assim Cínzia ganhou
A vida sem paralelo.

Também para a criançada
Dona Arlete escreveu.
Essa obra foi lançada
E muita gente já a leu.
Nova edição é esperada,
Já que não empresto o meu.

Eram “contos inocentes”
Buscando novos ouvidos.
Eram histórias dolentes
De tempos tão bem vividos.
Eram segredos urgentes
De nossos povos sofridos.

Mas há um livro esquecido
Sobre a poesia atual
Do Maranhão oprimido 
Que só sorria em jornal.
Livro que anda sumido,
Mas aqui isso é normal.

Memórias brotam do sal
E do sol brotam também…
É esse livro magistral 
Que tanto artigo contém 
Sobre um tempo sem igual
Que já foi e não mais vem.

E que dizer d’O Quintal
Pleno de recordações?
Uma obra sentimental 
Recheada de emoções 
Em cada verso um sinal
Vários mundos, mil lições.

Arlete é tão generosa,
Pessoa quase perfeita
Seu nome não é de rosa
Mas começa a virar seita
De forma tão glamourosa
Me citou em sua “Colheita”.

Esse livro nos condensa
Toda a obra de uma vida,
Foi uma batalha imensa
Jamais antes resolvida.
É livro para quem pensa
Que a alma pode ser ferida.

Da crítica tem o dom,
Embora seja discreta.
Reconhece pelo som
A verve de um bom poeta.
Nada diz fora do tom,
Mas ao falar sempre acerta.

A palestra com mil Nomes 
E nuvens livro virou
Lá, de Assis a Gomes
Dona Arlete analisou.
Peço que esse livro tomes
Pra saber o que passou.

No caminho tinha um Rio
Rio de prosa e poesia
Um Rio cheio e vazio
Rio de dor e alegria
Rio de leito macio
Rio que não esvazia.

Além de muito escrever,
De publicar sua obra,
Arlete soube viver
Tudo o que a vida nos cobra.
Cumpre com cada dever,
Não comunga com manobra.

Sua obra já foi estudada
Até em vestibulares,
Teve tese dedicada
Para ela em vários lugares.
Sua leitura é indicada
Pra escolas e vários lares.

Depois que Nauro partiu 
Para a sua eternidade,
Outra missão ela assumiu:
Levar pra posteridade
Tudo o que ele produziu 
E hoje é grande novidade.

Desde então já publicou
Muitos livros do marido
Também sempre divulgou
Para o leitor tão querido
Tudo o que já encontrou
Sobre o bom Nauro perdido.

Caso queiras mais saber,
Sobre a vida dessa dama
E seu jeito de escrever,
Não carece tanto drama,
Recomendo logo ler:
Aquele livro te chama.

De dona Arlete eu sou fã,
Eu tenho até carteirinha.
Hoje mesmo, de manhã,
Rezando, só, na igrejinha
Pedi a Deus com todo afã:
“Proteja nossa amiguinha!”

Eu tinha muito a dizer,
Mas meu tempo chega ao fim.
Só me resta agradecer 
Por ter paciência assim
De ouvir este pobre ser
Todo cheio de conversinha.

Para essa mulher tão calma
E de tão bom coração 
Com toda a nobreza da alma,
Peço-lhes muita atenção 
E cinco salvas de palma
Vamos lá, caro irmão!

Muitas palmas ela merece.
De tudo é merecedora.
Sua voz é uma prece,
Na vida, é vencedora.
Todo o mundo ela conhece,
Tem nobre alma sonhadora.

Agora saio de fininho.
Já terminei meu trabalho.
Daqui levo meu banquinho,
O caminho não atrapalho.
Meu verso é bem fraquinho,
Mas é meu, embora falho
.


São Luís, 17 de novembro de 2024.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

A PRIMEIRA VEZ A GENTE NUNCA ESQUECE

Novos artigos de segunda #10

A PRIMEIRA VEZ A GENTE NUNCA ESQUECE

José Neres 

Quase que eu não conseguia escrever o texto de hoje. Depois de um dia cansativo, com aulas, palestras, e muitas outras atividades, o tempo foi escasseando, esvaindo-se pela ampulheta diária e me restou apenas um pouquinho de areia antes de virar esse mecanismo chamado corpo para aproveitar um novo dia que se aproxima (pelo menos espero)...

Como disse antes, quase que eu não conseguia escrever hoje. Mas Fátima saiu das sombras da memória e me fez lembrar que tudo passa. Tudo sempre passará… Foi ela que, sem querer, me ensinou que a primeira vez nós nunca esquecemos.

Mas você deve estar se perguntando: quem é Fátima? Que negócio é esse de primeira vez?... Fátima, ou Maria de Fátima, já não é - e faz muito tempo que já foi… que já se foi. Passou por minha vida, deixou suas marcas e partiu. Partiu sem que nem mesmo seu sobrenome eu soubesse.

Volto no tempo e revisito Maria de Fátima - possivelmente a menina mais bonita da escola. Devia ter uns treze anos. Justamente a minha idade na época. Estudávamos no mesmo colégio, mas não na mesma sala. Era muito bonita e trazia sempre um encantador sorriso como forma de recepcionar as pessoas.

Fátima, apesar da pouca idade, sabia conversar e tratar as pessoas com a cordialidade necessária para conquistar a confiança. Era bela, meiga e doce. Um dia, ela chegou a me oferecer um desses sorrisos e me chamar pelo nome. Logo eu, o garoto mais tímido, mais feio e mais sem graça da escola!!!...

Nesse mesmo dia - dizendo melhor - nessa mesma tarde -, Fátima também ofereceu a mim a primeira grande experiência que um garoto poderia ter ao entrar em contato com uma moça bonita. E que experiência!

Estávamos à porta da escola. Era final de tarde. Um calor abafado pronunciava uma noite fria. Foi quando ela passou e me dirigiu a palavra. Deu-me um sorriso, cumprimentou meu colega João Batista e se dirigiu a nossa professora.

Seu sorriso era encantador! Sua beleza era singular. A escola estava situada à beira de uma rodovia estadual e o dia corria normalmente. Tudo normal. Nunca imaginava que aquele final de tarde marcaria minha primeira vez na vida. Minha primeira experiência marcante. A mais definitiva…

Não ouvi o que Fátima disse à professora, mas ambas sorriram alto, bem alto, gargalharam saborosamente. Carinhosa, a professora chamou meu nome e o de João. Pediu um breve favor: deveríamos ir correndo à escola pegar uma pasta que ela havia esquecido na sala. Era preciso ir rápido. A escola estava para fechar.

A juventude nos dá velocidade nas pernas e bom fôlego nos pulmões. Gastamos menos de quatro minutos para realizar a tarefa. Tempo suficiente para que minha vida mudasse. Antes de eu sair correndo, registrei o majestoso sorriso de Fátima em minhas retinas. 

Mas, ao voltarmos, ela já não estava ali. Ou, melhor, ela estava ali eternamente fixada em uma poça de sangue. Eternamente fixada nos gritos dos demais alunos e alunas que, em lágrimas, tentavam proteger seu corpo dos olhares curiosos.

Um caminhão parado a alguns metros dali era a prova que faltava. Um motorista com as mãos na cabeça chorava em desespero diante do que restou de Fátima depois daquele acidente, depois do choque daquele caminhão abarrotado de tijolos contra aquele jovem corpo agora sem vida.

Fátima, sem querer, acabou me ensinando que nossa primeira vez diante da morte não se esquece.



quinta-feira, 7 de novembro de 2024

18 - CARLOS CUNHA

 A homenagem de hoje é para o professor, crítico literário, poeta, prosador e acadêmico Carlos Cunha, que muito contribuiu para o engrandecimento de nossas letras


Fonte da imagem: internet 

CARLOS CUNHA
José Neres 
(Para Wanda Cristina Cunha)

Ele acendeu as lâmpadas do sol,
Para iluminar apagada história 
Perdida em um moinho de memória,
Sem canto de Sabiá ou Rouxinol.

Ele das artes não quis ser farol,
Mas tantos caminhos iluminou,
Mas a tantas histórias transformou
Com suas aulas, com versos de escol!

Ele a arte da crítica dominava,
Várias obras dos jovens resenhava
E escrevia com intensa paixão.

No fim, lutando contra ingratidão 
E, chamando o tempo por testemunha,
Gravou um nome no ar: Luís Carlos Cunha

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

MAS... QUEM É LAURA ROSA?

 Novos artigos de segunda #09



MAS… QUEM É LAURA ROSA?

(José Neres)

Ontem, dia 03 de novembro, a convite dos organizadores da 17ª Feira do Livro de São Luís, tive o prazer de mediar uma mesa de conversa literária formada pela professora doutora Diomar das Graças Motta e pelo poeta Wybson Carvalho. O assunto era a vida e obra da escritora e educadora maranhense Laura Rosa, uma das homenageadas desta edição da Feira.

Hoje, é muito difícil alguém iniciar um estudo sobre a produção intelectual de Laura Rosa sem pelo menos citar os trabalhos da professora Diomar Motta, que é a principal responsável pela divulgação da obra da autora de As Promessas. Em sua fala, de modo bastante didático, a professora falou sobre a gênese de suas pesquisas e das dificuldades encontradas para localizar textos e documentos que ilustrassem suas descobertas.

Como incansável pesquisadora, a professora Diomar Motta também anunciou o lançamento de um livro contendo trinta e uma crônicas da Laura Rosa - textos garimpados em jornais e revistas com as quais a nossa Violeta do Campo colaborou desde tenra idade. Claro que essa notícia foi bem recebida e merece aplausos. 

Já o poeta caxiense Wybson Carvalho se dedicou a comentar sobre suas experiências juvenis, quando visitava a professora Laura Rosa na casa onde ela residia em Caxias e falou nos ensinamentos que recebeu durante esses contatos. Foi um momento carregado de emoção e de reminiscências, pois a memória afetiva é algo sempre importante na construção daquilo que somos.

O palestrante deixou bem claro que na época era ainda muito jovem para perceber a importância daquela mulher tão respeitada pelas pessoas da cidade. Contudo, parece que essa experiência deixou marcas profundas na vida desse poeta. E essas marcas produziram bons frutos.

Porém, fora do espaço destinado às palestras, uma outra situação chamava atenção: algumas pessoas faziam a seguinte indagação: “Que é Laura Rosa?”, “O que ela faz para merecer tal homenagem?”, “O que ela escreveu?”

Confesso que essas questões me incomodavam (e ainda me incomodam), mas o encontro serviu para comprovar que não estou solitário nesse fosso de incômodos. Os dois convidados da tarde também demonstraram que muitas vezes também são alvos de perguntas semelhantes.

Em breves palavras, podemos dizer que Laura Rosa nasceu há 140 anos, em 1⁰ de outubro de 1884, na capital maranhense, e faleceu na cidade de Caxias, em 14 de novembro de 1976, aos 92 anos. Foi professora, conferencista, poetisa, contista, cronista e inspetora de ensino. Publicou textos em jornais desde sua adolescência e é autora do livro As Crianças - uma pesquisa sobre educação no Maranhão, no Brasil e em alguns outros países; As Promessas, livro de contos que recentemente foi reeditado e que está disponível na internet, além do livro intitulado Castelos no Ar, que infelizmente até o presente momento não foi localizado. 

Laura Rosa foi também a primeira mulher a tomar posse na Academia Maranhense de Letras e fundadora da Cadeira 26 daquela Instituição. Mesmo mantendo intensa atividade intelectual em revistas e jornais, a obra dessa escritora acabou caindo no esquecimento e somente nas últimas décadas vem sendo resgatada e divulgada.

Não defendo a ideia de que Laura Rosa tenha ficado esquecida por ser mulher e por ser afrodescendente. Há tantos homens e mulheres brancos, mestiços, negros, indígenas… que também foram invisibilizados pelo tempo. Acredito que a principal causa do ostracismo desses escritores e dessas escritoras é que eles e elas ousaram escrever em uma sociedade que não valoriza seus autores. Isso parece ser imperdoável. Como assim ? Como alguém ousa desafiar a lógica e publicar livros que raramente serão lidos?

Ah, quando cheguei à Feira, para mediar as palestras, estranhei: “Nossa! Nenhuma das vagas está ocupada pelos carros!” Avancei uns metros e vi inúmeros veículos disputando vagas sobre as calçadas e uma multidão aos gritos. Era a transmissão do primeiro jogo da final de um campeonato. Ah, sim! Faz sentido! Dois times em campo sempre atraem mais público do que uma Violeta do Campo.

Difícil vencer essa batalha!

CLIQUE AQUI e leia outro texto sobre Laura Rosa 


sábado, 2 de novembro de 2024

17 - DAGMAR DESTÊRRO

 Nossa homenageada de hoje é a professora, prosadora e poetisa Dagmar Destêrro, (1925-2004), dona de uma vasta obra e que merece ser revisitada.



DAGMAR DESTÊRRO

José Neres 

(Para Joaquim de Oliveira Gomes)


Tinha olhos que espelhavam o céu 
Com limpidez de encantada manhã 
Pintou versos dispersos a pincel 
Em doce alegria sempre louçã.

A Vida desfilava num tropel,
Em conflito com a Morte - a irmã 
Com quem divide quarto de hotel
Com quem aprende a ser tecelã.

No desterro dessa vida de fel
Na qual só uma será campeã 
Sua obra guarda o gosto do mel…

De mel puro em torta de avelã 
Hoje, cada livro seu é um troféu 
A abençoar nosso eterno amanhã.

25 - FERREIRA GULLAR

 Fim de ano e também fim de projeto. Ao longo de vários meses, homenageamos duas dezenas e meia de escritores maranhenses.  Tudo começou qua...