segunda-feira, 30 de setembro de 2024
LAURA ROSA 140 ANOS DE NASCIMENTO
sábado, 28 de setembro de 2024
9 - VIRIATO CORRÊA
Embora com pouquíssima visibilidade, não desistimos de homenagear os autores da literatura maranhense. Trazemos hoje a encantadora figura de Viriato Corrêa, um dos mais férteis autores de nosso Brasil. Viriato é autor de muitas obras, mas em sua produção se destaca o livro Cazuza, um romance de formação que traz um magnífico recorte da história da educação brasileira.
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
8 - JOSÉ LOUZEIRO
Continuando em nosso propósito de homenagear os autores maranhenses, hoje trazemos o jornalista, roteirista e prosador José Louzeiro, autor de diversos textos no qual retratava personagens saídos do dia a dia e mostrava uma realidade que quase sempre tentamos esconder.
terça-feira, 24 de setembro de 2024
NOTINHAS ALEATÓRIAS
1 - Quando o sinal toca anunciando o final de uma aula não é apenas uma aula que acaba, mas também uma oportunidade que nos deixa. Uma oportunidade de aprender e de sonhar com dias melhores. Mas o que interessa é sair o mais rápido possível.
2 - De repente, parece que determinadas pessoas descobriam a solução mágica para todos os problemas da Cidade. Mas tais problemas estão aí há décadas e, provavelmente, depois das eleições, continuarão. Porém essas pessoas que têm as fórmulas mágicas desaparecerão por mais tantos anos.
3 - Oh, uma "influenciadora" elogiou Machado de Assis! Oh, uma atriz falou bem da obra de Clarice Lispector! Que maravilha. Finalmente temos uma literatura... Há décadas ouço/leio/escuto pessoas falando bem de nossos autores, mas parece que precisamos da autenticação de alguém de fora para percebermos que estamos sentados sobre um tesouro.
Não conhecemos os frutos de nosso quintal, mas adoramos devorar os frutos dos quintais alheios. Será que um dia iremos perceber nossos valores?
Agora terei que torcer para algum "influenciador" (de fora, fique bem claro) elogie Gullar, Manoel de Barros, Patativa do Assaré, Raduan Nassar, Mario Quintana, Nauro Machado, Murilo Rubião, Fernando Sabino, Cora Coralina, Carolina Maria de Jesus, Josué Montello, Laura Rosa, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Murilo Mendes... Caso contrário, o brasileiro talvez nunca descubra que eles existiram e escreveram. E como escreveram!...
Ia falar mais, porém o sinal tocou... O importante é sair o mais rápido possível e aproveitar os vídeos com as dancinhas de trinta segundos...
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
TUDO PASSA...
NOVOS
ARTIGOS DE SEGUNDA #04
TUDO PASSA...
José Neres
Tchau!
Até
Logo!
Adeus!
Não
importa qual seja a palavra ou expressão escolhida, a hora da despedida é sempre
dolorosa. Tão dolorosa que algumas pessoas preferem evitar as despedidas e saem
discretamente, sem espalhafato, como se nunca tivessem passado por ali.
Contudo,
de alguma forma, estamos sempre nos despedindo de algo. Seja de uma pessoa,
seja de um lugar, ou até de nós mesmos. O sábio Heráclito de Éfeso, o pai da
Dialética, certa vez disse que nós não temos a possibilidade de entrar duas
vezes no mesmo rio, pois, ao entrarmos novamente, já seremos outros, já seremos
alguém com uma nova experiência, as águas do rio também já serão outras e,
consequentemente, o rio já não será também mais o mesmo. Ou seja, nessa
metáfora, ao mergulharmos nos rios da vida, deixamos para trás um pouco do que éramos
e passamos a ser outra pessoa sem deixarmos que ser o que um dia fomos, como deixou
gravado a escritora Cecilia Meireles em sue poema “O 4º Motivo da Rosa”, abaixo
reproduzido:
Não te
aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verás, só de cinza franzida,
mortas intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos,
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que me vão lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.
Mas,
voltando às despedidas, somos seres etéreos dentro de uma ilusão de perenidade.
Um dia estamos aqui, dias depois estamos ali, e um dia estaremos longe daqueles
que amamos, daqueles a quem admiramos, daqueles que queríamos que fossem eternos.
Mas se nem a saudade é eterna, que dizer das pessoas. Somos “nuvem passageira” vagando
em um infinito céu...
Todos os
dias, ocupamos lugares deixados por alguém, sentamo-nos em cadeiras que já
foram ocupadas por tantas outras pessoas que talvez nem mesmo estejam neste
mundo terrenos. Porém, em nosso tolo egoísmo, pensamos que somos os primeiros e
até últimos a estar em algum lugar, a falar determinada frase, a amar, a ser
amado, a odiar, a ser odiado... Mas, na verdade, estamos sempre em um ato de
despedida. Até que a despedida se torne definitiva. Até que o “adeus” tome o
lugar do “tchau” e do “até logo”. Estamos preparados para isso?
Nem sempre.
Nem sempre. Sempre queremos ficar um pouco mais. Nem que seja um pouquinho
mais. Também queremos que nossos entes queridos permaneçam mais tempo conosco.
Mas como cantava, com sua potente voz, o magistral Nelson Ned, “tudo passa,
tudo passará e nada fica, nada ficará...” resta saber quando. Ou melhor, é bom
nem saber quando...
Fica
então o consolo de saber que assim como os bons momentos passam, os maus também
passarão. Também um dia se tornarão apenas uma vaga lembrança em um resquício de
memória...
Então o
que fazer enquanto a despedida final não vem? Difícil responder...
Mas que
tal aproveitar os momentos presentes. Dar e receber aquele abraço carinhoso? Retribuir
aquele sorriso singelo? Dizer eu te amo para as pessoas amadas? Fazer o bem até
para quem achamos que não merece? Utópico? Claro que sim. Mas como um dia talvez
nem tenhamos chance de dizer “adeus!”, as birras de hoje serão apenas um
detalhe de um passado que nem deveria acontecer.
Claro
que “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você
parar pra pensar, na verdade não há”. Pois, depois do adeus definitivo, os
versos de Raul Seixas – “tente outra vez” – Não terão mais a menor chance de
aplicabilidade. Então... Carpe Diem... Se tudo passará, deixemos para o
futuro pelo menos nossos bons exemplos.
sexta-feira, 20 de setembro de 2024
7 - JOÃO MOHANA
Ainda imbuído no propósito de homenagear autores maranhenses, hoje trazemos o padre, professor, escritor e médico João Mohana, autor de livro como "Maria da Tempestade" e "O Outro Caminho", dois excelentes romances de nossa literatura.
quarta-feira, 18 de setembro de 2024
segunda-feira, 16 de setembro de 2024
ELAS INVADEM MINHA MENTE
Novos artigos de segunda #03
ELAS INVADEM MINHA MENTE
José Neres
Não sei se acontece com vocês, mas comigo é muito comum.
Às vezes eu estou quietinho no meu canto procurando um pouco de paz ou executando alguma tarefa cotidiana, quando, de repente, algumas delas saltam do passado e invadem minha mente. Quase sempre fico atônito, sem ter o que fazer. Quase sempre me rendo a elas. Dou uma pausa no que estou fazendo e obedeço as ordens que vêm não sei de onde.
Tudo que sei é que elas quase nunca fazem parte do meu presente. Geralmente vêm de um passado distante do qual nem eu mesmo me lembrava. Mas como são belas! Mas como são boas companhias!
Mas quem são elas. Antigas namoradas que ainda povoam meus pensamentos? Dívidas a pagar? Dúvidas não sanadas? Nada disso… são algumas músicas que não respeitam hora nem lugar e teimam em tocar nos pontos mais recônditos de meu cérebro.
Um dia desses, mal acordei e uma delas veio implorar por um pouco de atenção. Era “Too late for goodbye”, que fez muito sucesso na bela voz de Julian Lennon. Confesso que me senti agradecido por ela ter se lembrado de me visitar. Uma delícia de composição! Se você ainda não a conhece, vale a pena fazer uma busca em um desses aplicativos de música.
Outra que vez ou outra dá as caras é “What a wonderful Word”, imortalizada na voz rouca de Louis Armstrong. Um verdadeiro bálsamo no meio deste mundo caótico.
“Rua Ramalhete”, de Tavito, quase todos os dias aparece em minha mente e fica a me provocar. O interessante é que, quando ela chega, não quer mais sair. Fica dando voltas e mais voltas em meu já cansado cérebro. Quando ela decide partir, deixa um ramalhete de saudades em meu coração, e jura que voltará no dia seguinte. E cumpre a promessa.
Quando meus filhotes eram crianças, eu os colocava para dormir ao som de “Carinhoso”, de Pixinguinha e Braguinha, um verdadeiro hino dedicado ao amor incondicional. Não sei se eles se lembram. Mas não consigo ouvir essa música sem rever a imagem daqueles dois anjinhos sob meu olhar de pai. Imagem sagrada!
Por falar em pai, como não tive a sorte e a graça de conviver com os meus (tive a honra de ter um pai biológico e um de criação - e amo os dois com grande intensidade), sempre recebo a emocionante visita de “Naquela Mesa”, de Sérgio Bittencourt, um clássico na voz de Nelson Gonçalves. Impossível não se emocionar com essa visita.
Um dia desses, assistindo a um telejornal pelo qual desfilavam problemas sociais, exemplos de corrupção, crimes de todos os tipos e uma série de infelicidades, minha mente foi praticamente invadida pelos inteligentes versos de “A cara do Brasil”, divinamente interpretado pelo magistral Ney Matogrosso. E não é que logo que essa música se despediu, recebi a visita de “ Alvorada Voraz”, estrondoso sucesso do conjunto RPM, capitaneado pela voz de Paulo Ricardo…. Pareceu algo combinado para me mostrar nossa conturbada sociedade contemporânea… mas acho que foi apenas coincidência…
Uma noite dessas, exausto depois de um dia intenso de trabalho, tudo o que eu queria era um pouco de descanso. Eis, que, sem a menor cerimônia, os arranjos de “Capitão de indústria”, dos Paralamas do Sucesso, na voz de Herbert Viana, invadiram minha mente, para fazer com que eu não me esquecesse da minha condição de proletário. Entendi o recado…
E assim, diariamente, essas e outras músicas aparecem para dar um pouco de alento ou para me lembrar de minha finitude humana. Elas são ruidosas companhias das quais não abro mão. E você, caro (e raro) leitor ou leitora, também de vez em quando também tem sua mente invadida por alguns acordes que fazem você perceber que a vida vale a pena?
Tomara que sim!
sábado, 14 de setembro de 2024
6 - CELSO MAGALHÃES
Mais uma vez estamos aqui em homenagem a um escritor maranhense que nem sempre é lembrado. Desta vez, trazemos Celso Magalhães, esse paladino da justiça que enfrentou os poderosos e levou Ana Rosa Ribeiro às barras dia tribunais
Celso Magalhães foi também um grande pesquisador do folclore brasileiro e deixou, diversos textos em prosa e em versos.
CELSO MAGALHÃES
(Para Fátima Travassos)
Dia e noite, lutava por justiça.
Apaixonado por literatura,
Fez da cultura sua irmã postiça
E da palavra uma eterna armadura.
Sua vida foi curta e muito dura.
Antes das três décadas completadas
Cruzou caminho de vil criatura
Que matava inocentes a garfadas.
Patrono do Público Ministério
De sua província tão bem querida
Onde lutou contra cruel império,
Onde teve sua honra tão ferida,
Onde já recebeu tanto impropério,
Onde sua obra é tão esquecida…
terça-feira, 10 de setembro de 2024
5 - MARIANA LUZ
MARIANA LUZ
Dando continuidade ao projeto de homenagear os autores maranhense que acabaram caindo no esquecimento, deixamos aqui o texto relativo à escritora itapecuruense Mariana Luz, autora do livro Murmúrios.
Imagem retirada da Internet
MARIANA LUZ
José Neres
(Para Jucey Santana)
Ela se chama Mariana Luz,
Escritora de brilho grandioso,
De estilo bem límpido, poderoso
Que muito encanta, sempre nos seduz.
Foi mestra de fibra, mulher de garra.
Na vida, a pobreza foi sua cruz,
Mas tinha no peito um nome - Jesus…
Virou dona Professora-Cigarra…
Dizem que sua obra nem foi tão vasta,
Mas, pra ser poeta, um bom verso basta,
Desde que tenha a força do mercúrio,
Que seja suave como um Murmúrio,
Que seja uma pedra que só se engasta
Onde tênue fresta de luz se arrasta.
domingo, 8 de setembro de 2024
O NOVO LIVRO DE BENEDITO BUZAR
NOVOS ARTIGOS DE SEGUNDA #02
O NOVO LIVRO DE BENEDITO BUZAR
José Neres
Na noite de 05 de setembro de 2024, na
sede de Academia Maranhense de Letras, diante de mais de uma centena de pessoas,
o jornalista e escritor Benedito Bogéa Buzar apresentou ao público seu novo
livro, intitulado Roda Viva – 1972, dividido em dois volumes (o primeiro
com 373 e o segundo com 426 páginas, perfazendo um total de 799 páginas), no qual
faz um mergulho nos movimentos sociais, políticos e culturais daquele ano e
traz de volta aos olhos do público, mais de meio século depois, algumas
notícias que frequentaram as páginas dos jornais maranhenses.
Muitas das
pessoas presentes na plateia viveram a época retratada no livro e possivelmente
leram as notícias e observações que eram publicadas em uma das mais importantes
colunas políticas da história do jornalismo maranhense. Outras, porém, nem eram
nascidas quando aquelas linhas foram escritas divulgadas. De qualquer modo, agora,
com a publicação desses textos no formato de livro, torna-se possível um breve
retorno no tempo para que todos possam (re)ler e analisar – sem as paixões, temores
e tremores da época – alguns detalhes que talvez não tenham chamado tanto a atenção
no momento em que frequentaram as páginas dos jornais.
O estilo
elegante e escorreito de Benedito Buzar chama a atenção do leitor desde as primeiras
linhas do livro. As frases são breves e refletem exatamente aquilo que o escritor
“quis dizer” em determinada situação. Ao passar os olhos pelas notas, artigos e
observações que compõem o material recolhido, temos a impressão de entrar em um
túnel do tempo e reviver algumas passagens e acordos que foram decisivos para a
compreensão de diversos pontos das conjunturas políticas atuais. Interessante que,
quando nos deparamos com livros dessa natureza, percebemos a quantidade de acontecimentos
que passam por nós de modo aparentemente imperceptível, mas que impactam
diretamente na vida de cada um de nós.
O editor
e organizador da obra – o historiador Claunísio Amorim – foi muito feliz em
dividir a obra em dois volumes, em não censurar passagens que hoje poderiam
parecer comprometedoras e em organizar o texto dia a dia. Com isso, o leitor
tanto pode ir direto a determinada data de interesse, como pode também seguir a
linha cronológica e mergulhar nos altos e baixos da vida social-cultural-política
daquele início de década de 1970, época de profundas transformações em todas as
esferas da vida pública do Maranhão e do Brasil como um todo.
Provavelmente,
durante a leitura de Roda Viva – 1972, alguns leitores poderão
considerar uma ou outra passagem desnecessária e/ou supérflua. Mas é importante
notar que, quando foi publicado em jornais, aqueles textos faziam parte de um
painel prismático que trazia em seu bojo diversos interesses. Desse modo, ao
serem lidas, mais de cinquenta anos depois, cada uma dessas notinhas pode
despertar emoções e interesses também distintos, podendo todo mundo sentir-se
contemplado em alguma página. Assim, quem tiver interessado nas mudanças
paisagísticas da cidade poderá encontrar algumas preciosas observações; quem
tiver como foco de pesquisa a educação poderá se deparar com o tom crítico, e
até certo ponto desesperançoso, de Buzar com relação aos aspectos educacionais do
período descrito. Da mesma forma, o livro pode atingir pessoas interessadas em
política, economia, sociedade em geral, literatura, picuinhas e articulações
eleitoreiras, personalidades, querelas jurídicas etc. Tudo isso e muito mais
tem presença garantida nas quase oito centenas de páginas que compõem a obra.
A parte ruim do livro é que ele desperta no leitor o desejo de saber como se desenrolaram algumas questões que tiveram início naquele ano, mas que devem ter se arrastado por meses a fio. Fica então duas soluções para equacionar esse problema: 1) frequentar a hemeroteca da Biblioteca Pública Benedito Leite para ler a coluna nos jornais dos anos seguintes; ou 2) torcer para que os demais volumes não demorem muito a chegar em nossas mãos. Certamente eles serão recebidos com o mesmo entusiasmo e com os aplausos que iluminaram o são nobre da Academia Maranhense de Letras. Parabéns ao escritor e jornalista Benedito Bogéa Buzar, por deixar esses registros para a posteridade!
CLIQUE AQUI e leia o artigo anterior
sexta-feira, 6 de setembro de 2024
4 - ADELINO FONTOURA
Continuando no projeto de homenagear alguns escritores maranhenses que acabaram caindo no esquecimento, trazemos hoje o poeta, ator e jornalista Adelino Fontoura, que apesar de haver vivido apenas 25 anos, deixou-nos alguns poemas interessantes
ADELINO
(Para José Ewerton Neto)
É Filho ilustre da bela Axixá,
Foi jornalista, poeta e ator,
Perseguido por pensar e falar,
Usou ironia como arma e motor
Nos palcos contra forte opositor,
Cuja esposa gostava de matar
Crianças com garfos, ódio e terror,
Como forma do espírito acalmar.
Mesmo esquecido quase por inteiro,
Da ABL é patrono primeiro.
“Antes de partir”, fez celestes versos
Que por aí continuam dispersos.
São sonetos e trioletos certeiros
Desse esquecido vate brasileiro.
segunda-feira, 2 de setembro de 2024
O PRÓPRIO NOME PRÓPRIO
NOVOS ARTIGOS DE SEGUNDA #01
O PRÓPRIO NOME PRÓPRIO
José Neres
Não
consigo parar de admirar quem, mesmo diante das adversidades, não deixa de se
preocupar com seu próprio nome. Não falo aqui do nome como sequência de letras
e sílabas, nem como forma regimental de apresentação ou de preenchimento de
fichas e documentos. Falo do nome como algo que vai além das palavras, que vai
até mesmo além da própria pessoa representada por aquela complexa cadeia
fonêmica. Falo do nome como fonte de história e de orgulho de ser aquilo que tanto
lutamos para ser.
Em
muitos momentos de nossa conturbada vida, tudo o que temos para nos proteger das
intempéries sociais é o nosso próprio nome. A certeza de que ele é limpo e
capaz de nos elevar à condição de semideuses, mesmo que nossos bolsos e bolsas
estejam vazios e sem perspectiva de receberem algum centavo nos próximos dias. A
sensação de dormir bem, sem a preocupação de ser acordado às seis da manhã sob
a ameaça de um mandado de busca e apreensão ou sob acusações difamatórias, faz
a pele ficar mais suave e rejuvenesce até mesmo um corpo cansado das lides
diárias em busca da sobrevivência.
Há
quem, talvez movido por questões estéticas, não goste do próprio nome. Mas é
sempre bom lembrar que nosso nome foi um presente carinhosamente oferecido por
nossos pais ou por alguém que nos amava de verdade e que, naquele momento,
achou aquele nome bonito, sonoro e perfeito para oferecer para uma criança que
acabava de chegar ao mundo. A nosso nome, bonito ou feio, estão as marcas de
uma história que, si-len-ci-o-sa-men-te, se repete cada vez que somos chamados.
Você
ainda se lembra do frio na espinha quando nossa mãe nos chamava pelo nome
completo? Geralmente, ela o pronunciava pausadamente, sílaba por sílaba. Uma coisa
era certa: Havíamos aprontado alguma coisa. E – pior! – ela havia descoberto algum
de nossos deslizes. Garanto... Se você já não pode ter esses entes queridos a
seu lado... como seria bom tê-los novamente pronunciando aquele nome e dando
aquela bronca caprichada. Mas... nem sempre isso é possível. Infelizmente...
Nomes
são perigosos. Na escola, entre os meninos principalmente, quando o nome da mãe
de um deles era descoberto, tinha início uma série de brincadeiras (quase todas
de mau gosto) que na época eram tidas como algo grave, mas que hoje talvez
arranque belas gargalhadas quando aqueles colegas de escola se encontram já com
cabelos brancos ou, quem sabe, já sem cabelos a ostentar.
Por
falar em escola, nem sempre nos lembrávamos do nome dos professores na hora de
preencher o cabeçalho das provas. Ali não havia João, Maria, Juarez, Paula,
Francisco... Todos eram nominados como o professor de Matemática, a professora
de Português, o professor de Inglês... e assim por diante. Por outro lado, em
muitas escolas, a chamada era feita por número. Número 01 – presente; Número 02
– Número 03 – faltou; Número 04... Dessa forma, quando um professor ou
professora nos chamava pelo nome, isso poderia indicar a glória: - “Ele sabe
quem eu sou!!!” Ou o fim de uma carreira de bagunça: -“Meu Deus, ele já sabe
meu nome, estou frito!!!”
De
alguma forma, tudo começava com um nome. Com um nome que precisa ser preservado
das más influências e dos usos inadequados. Fizeram bem em, na hora da eleição,
deixar apenas um número frio e opaco. Porém, digitado o número, antes da
confirmação, o que temos ali na tela é uma imagem e um nome. Às vezes dá
vontade de chorar: Por trás de um nome tão pomposo se esconde tanta sujeira!
Será que você se lembrará daquele nome daqui a dois, quatro ou seis anos? Talvez
sim, talvez não. Será que nas próximas eleições o seu nome, hipotético (a)leitor
ou (e)leitora, ainda continuará puro e limpo? Ou ele estará contribuindo para
sujar ainda mais nossa cidade ao ser impresso e distribuído em forma de abjetos
“santinhos”, que de santo nada tem.
Não consigo parar de admirar quem, mesmo diante de adversidades, sabe que seu nome não pode ser arrastado pela lama da perdição, da corrupção ou de um mau uso. Nosso nome é parte de nossa história. Falo de nosso nome, um tesouro que não pode ser corrompido.
domingo, 1 de setembro de 2024
3 - Odylo Costa, filho
Continuando no intuito de homenagear escritores maranhenses hoje esquecidos, apresentamos abaixo o jornalista, poeta e pesquisador Odylo Costa, filho. Escritor muito festejado que fez parte da Academia Brasileira de Letras
ODYLO
(Para Dino Cavalcante)
Vírgula em nome é coisa de estranhar,
Mas estranho mesmo, em terra de cultura,
É ver um órgão que tinha estrutura
Viver abandonado ao Deus-dará.
O talentoso Odylo Costa, filho,
Jornalista, poeta, prosador,
Dedicou a Nazaré, seu grande amor,
Mil poemas de superior brilho.
De estilo leve, claro, encantador,
Uma faca e um rio eternizou,
Bem como bichos que moram no céu…
Grande Centro Cultural se tornou:
Homenagem que ficou no papel
Pois o Centro, há tempos, vive ao léu.
25 - FERREIRA GULLAR
Fim de ano e também fim de projeto. Ao longo de vários meses, homenageamos duas dezenas e meia de escritores maranhenses. Tudo começou qua...
-
Todo professor tem que conviver com as inevitáveis despedidas. Cada fim de ano marca o final de uma convivência que nem sempre foi amistos...
-
NOVOS ARTIGOS DE SEGUNDA #05 O texto de hoje é uma singela homenagem ao 140⁰ ano do nascimento da escritora Laura Rosa. Ela nasceu no dia 1...
-
Faz um bom tempo que conheço a professora e escritora Arlete Nogueira da Cruz e tenho muita admiração por ela como pessoa e como intelectual...